Futebol marca golaço fora das 4 linhas

Projeto estimula a valorização da cultura corporal e do pertencimento através do patrimônio regional


Em ano de copa do mundo, cresce o interesse da população por um dos esportes mais populares do mundo, o futebol. Mesmo não se sabendo ao certo a sua real origem, ele abrange mais de 3,5 bilhões de torcedores e 300 mil clubes espalhados pelo planeta.

Trazido para o Brasil por Charles Miller, em 1894, o desporto conquistou o título de paixão nacional, e até hoje continua sendo o principal esporte na opinião dos brasileiros. Esse amor ultrapassou há muito os estádios, os campos de várzeas e as quadras, chegando às salas de aulas através da disciplina de Educação Física e dos projetos interdisciplinares. É o que estão vivenciando os alunos e professores da escola Professor Washington Manoel de Souza, localizada em Queimados, através do projeto Queimados Futebol Clube 100 anos.

 

100 anos de história

De acordo com a professora e Mestre em Educação Denise Guerra, idealizadora do projeto, juntamente com a Maria de Fátima Muniz, docente de História aposentada da rede de Queimados, um dos principais objetivos do projeto é oferecer práticas socioesportivas e da cultura corporal brasileira, a fim de promover experiências em diferenciados momentos e grupos sociais, que cultivem o não preconceito, bem como a paz e a tolerância.

Iniciado no primeiro bimestre do ano letivo, o projeto está sendo desenvolvido com seis turmas do Fundamental II. “Planejamos as etapas teóricas com uma proposta de pesquisa, e a partir daí demos início à fase prática, com o estudo da história geral e dos símbolos do Queimados Futebol Clube (escudo, mascote, uniforme, bandeira). Também fizemos uma visita à sede da agremiação, um dia antes do seu aniversário, a fim de saber ainda mais sobre ele e também homenageá-lo”, afirma a professora Denise.

   Alunos e professores em aula passeio, a fim de agregar conteúdo para a culminância do tema 

Futebol e o fenômeno sociocultural

Em sala de aula, o projeto também ultrapassou as quatro linhas com aulas práticas que buscavam explorar as diversas possibilidades de pensar o fenômeno sociocultural Futebol – Futebol de botão, Futebol de lençol, Futebol indígena cabeçobol, Futmesa, Futebol de 5 para cegos, Futsal, Futebol de campo –, com as variadas modalidades que o esporte oferece aos seus participantes. Para o aluno Júlio César (turma 701), a realização do projeto pelos 100 anos do clube é algo histórico. “O QFC é um dos times mais antigos da Baixada Fluminense e está de parabéns pelo centenário!

O trabalho de pesquisa não apenas serviu como base para a disseminação do conhecimento, mas, sobretudo, para o fortalecimento da cultura local entre os educandos

Ainda durante as aulas, os alunos receberam a visita de pelo menos um jogador do Queimados Futebol Clube para um café da manhã e uma roda de conversas, com direito a perguntas sobre o dia a dia dos jogadores, seus sonhos, conquistas e perspectivas futuras. Para o aluno Luiz Guilherme, da turma 601, esse bate-papo só aumentou ainda mais o sonho de um dia fazer parte dessa grande equipe. “Eu sonho em jogar aí”, admitiu Luiz Guilherme emocionado. Esse mesmo sentimento foi demonstrado por Lorrane Rodrigues, da turma 802. “Fico imaginando as pessoas que criaram o QFC e os jogadores que já passaram por aqui. Que orgulho desse patrimônio esportivo que representa a nossa cidade ter chegado no seu centenário! Parabéns, QFC!”, enalteceu a aluna.

 

Vivências prática e teórica do projeto

Outros momentos que complementaram a vivência prática e teórica do projeto deram-se durante as saídas pedagógicas para práticas de futsal e/ou futebol de campo no Queimados Futebol clube e Vila Olímpica de Queimados, que gerou muitos elogios, como este do aluno Gabriel Souza, da turma 902. “A quadra do QFC é muito boa para se jogar, inclusive eu já treinei lá. Feliz aniversário, Queimadão, sucesso para mais cem anos! ”, felicita Gabriel.

As aulas práticas complementaram a vivência e o estímulo às diferenças

Um passeio ao Engenhão – Estádio Nilton Santos, Museu Olímpico e Paralímpico –, também colaborou para acrescentar conteúdos à pesquisa sobre o tema, além de complementar a exposição dos vários trabalhos feitos pelos alunos durante o ano letivo e da realização de um campeonato amistoso de futsal entre as diversas turmas que movimentou a comunidade escolar.

 

A importância dos esportes na escola

Ao falar sobre o papel do esporte na vida escolar, ensino e aprendizagem do aluno, a professora Denise ratificou a sua importância na escola como democratização de acesso às habilidades motoras, atenção à saúde física e mental, autoconhecimento, autoestima e a socialização.

“Entendemos que, de uma forma geral, o esporte na escola é voltado a objetivos educativos e recreativos, podendo levar o aluno ao conhecimento do âmbito competitivo e a um despertar potencial para a prática esportiva. São trabalhados de forma contundente aspectos do desenvolvimento psicomotor, social, afetivo e cognitivo. Nossos objetivos se iniciam com a democratização do acesso, pois todos e todas, independente de qualquer condição, têm direito de participar e se beneficiar das aulas de educação física, pois o princípio da inclusão é inegociável. Com a expansão das habilidades motoras, atenção à saúde física e mental, autoconhecimento, autoestima, e a socialização, ocorre o desenvolvimento do espírito de equipe no qual os alunos aprendem a lidar com as vitórias e as derrotas”, pontua Guerra.

Além do estímulo ao respeito e às diferenças, de acordo com a equipe pedagógica, com a implementação do projeto houve uma significativa melhora no comportamento, na concentração e nas atividades escolares em geral junto aos alunos. “Trabalhamos com a conscientização de que as atividades físicas são muito importantes para a saúde e o combate ao sedentarismo. O esporte, enquanto fenômeno sociocultural de múltiplas possibilidades, pode contribuir para o processo formativo integral dos discentes”, confirma a mestre em Educação.

 

Integrando vidas

Segundo Denise, o esporte na vida contemporânea, enquanto fenômeno sociocultural, tem se apresentado como grande estimulador e agregador de comunidades e povos diferenciados. Observa-se na realidade das escolas da educação básica brasileira o grande interesse dos alunos pelas aulas de educação física, bem como pelas diversas práticas que esta disciplina oferece.

Através do esporte muitos conteúdos puderam ser vistos de maneira interdisciplinar

 

Para ela, deste modo, a utilização do esporte e dos eventos esportivos (como as olimpíadas, copas do mundo, jogos amistosos etc.) para integração de grupos sociais, difusão de ideias e valores e como incentivador de práticas benéficas à humanidade tem sido uma constante com resultados positivos, já que com frequência os esportistas levam ao campo/quadra protestos, campanhas sociais, contra ou a favor de alguma pauta importante para a sociedade.

“Posto que vivemos numa sociedade multiétnica e enquanto comunidade escolar atuante e integrada aos movimentos socioeducacionais da atualidade, faz-se importante destacar a necessidade de se construir, também a partir do esporte, ações afirmativas para fomentar o reconhecimento e valorização da identidade nacional/regional, da cultura corporal, da cultura brasileira em geral e do pertencimento histórico-cultural e patrimonial dos estudantes da educação básica”, finaliza Denise Guerra.


Por Antônia Lúcia
E. M. Prof. Washington Manoel de Souza
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