Figuras que dão expressividade!

Por Sandro Gomes*


No cotidiano da língua falada e escrita usamos figuras que têm a finalidade de dar mais expressividade ao nosso discurso. Em boa parte das vezes não percebemos o emprego desses recursos, pois eles se encontram bem inseridos na nossa condição de falantes. Mas conhecer essas figuras é uma boa maneira de aumentar nosso domínio da língua, porque vai nos permitir dar, de forma intencional, maior brilho a nossas participações como falantes ou escritores. Vamos conhecer algumas dessas formas de exprimir nossas ideias?

 

Figuras de som

São aquelas em que a expressividade decorre da estrutura sonora das palavras.

– Aliteração: repetição ordenada de vários sons consonantais. Observe esse exemplo no belo trecho da poesia de Chico Buarque:

Esperando, parada, pregada na pedra do porto.
Nota-se a abundância dos sons da letra “P” emprestando toda expressividade ao conteúdo.

– Paranomásia: nesse caso, aproximam-se palavras com sons parecidos, mas sem o mesmo significado. Veja:

Sempre que posso, penso e passo adiante.

 

Figuras de construção

Usamos esse tipo de recurso em grande quantidade em nosso cotidiano.

– Elipse: é uma omissão intencional e fácil de identificar de algum termo na frase. Observe:

Em todo o ambiente, não (há) mais que dois clientes.
Suprimiu-se nesse caso o ver “haver”.

– Zeugma: trata-se de omissão, mas de um termo que antes já fora pronunciado na frase. Exemplo:

Ela costumava se exercitar pela manhã; eu, à tarde.

– Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos, ligando partes de orações ou de períodos, com finalidade de realçar a expressividade. Veja:

E a mulher chorava e sorria e se alegrava e se entristecia, tudo ao mesmo tempo.
Repare que o abuso do conectivo “e” chama a atenção para o texto, porque de modo habitual usaríamos vírgulas para separar esses verbos.

– Silepse: é um recurso no qual se concorda com algo que não vem expresso mas está subentendido. Veja esses exemplos.

Vossa Santidade ficou pensativo.
No caso, o pronome de tratamento é feminino, mas usou-se o masculino porque está implícito que a pessoa pertence ao gênero masculino.

Os Lusíadas entrou para o acervo da literatura universal.
O título da obra é no plural, mas, como se sabe que se está falando de um livro, realizou-se a concordância no singular.
Como se trata de um assunto vasto, dada a quantidade de figuras de linguagem adotadas em língua portuguesa, vamos continuar na próxima edição com esse tema, trazendo outras figuras de linguagem. Até a próxima, pessoal!


*Graduado em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, Revisor da Revista Appai Educar, Colunista da Appai, Escritor e Mestre em Literatura Brasileira.


Podemos ajudar?