Fidget toys: o maior sucesso entre a criançada!

Entenda para que serve o brinquedo e se ele pode ajudar os pequenos na hora da aprendizagem ou até em casos de TDAH e Transtorno de Ansiedade


Tenho certeza que você já viu um desses nas vitrines de lojas de shopping e mercado popular ou seu filho já mostrou em vídeos do Youtube, pedindo pra ganhar um de presente! Acertei? Mais conhecidos como fidget toys, esses brinquedos antiestresse têm feito o maior sucesso entre a criançada, ativando um lado sensorial que promete causar um relaxamento e ajudar no foco e na concentração de quem brinca. A Revista Appai Educar conversou com uma especialista para entender os seus reais benefícios e se ele pode ajudar crianças em situações como TDAH ou Transtorno de Ansiedade. Confira!

O brinquedo feito de silicone possui bolhas que fazem um som de estouro a cada vez que a pessoa o pressiona. Quando um lado acaba é só virar e fazer tudo de novo, ou seja, é quase um plástico-bolha infinito. No Google, a pesquisa pelo termo aumentou consideravelmente no Brasil a partir de maio de 2021. Já nos sites de compra, ele está entre os campeões de venda. No Mercado Livre, por exemplo, o desempenho da categoria de diversões antiestresse no primeiro semestre cresceu 590% em valor e 500% em volume em relação ao segundo semestre de 2020. Nas buscas da categoria brinquedos e hobbies, os fidget toys subiram de 3º lugar em março para 1º em maio e junho.

 

Quais os benefícios desse brinquedo?

Um dos principais pontos positivos da brincadeira é justamente a cognição, ou seja, a capacidade de ganhar conhecimentos, muito importante principalmente nessa fase de aprendizagem. Por isso, é essencial que haja estímulo dessa habilidade nas crianças desde cedo. Além disso, os fidget toys também são responsáveis por desenvolver a coordenação motora e a noção de perspectiva.

O movimento das mãos também é importante e pode canalizar as energias das crianças fazendo com que elas aprendam mais. Para professores de pedagogia, esse tipo de brinquedo ajuda até na questão do relaxamento. Então a família inteira pode brincar, para aliviar o estresse do dia a dia!

 

O brinquedo pode ajudar crianças com TDAH ou Transtorno de Ansiedade?

A Revista Appai Educar conversou com a Mestra em Psicanálise, Saúde e Sociedade Cristiane Guedes. Ela afirma que entender que o jogo, seja ele qual for, favorecerá o indivíduo acometido pelo transtorno, sem um diagnóstico, seria algo muito preocupante! “É certo que vários brinquedos são elaborados para que esses estímulos sejam uma ferramenta para os diversos sintomas que são ‘impeditórios’ para a qualidade de vida”, explica.

Cristiane ressalta ainda que os jogos sensoriais são muito bem-vindos, mas não devem produzir uma função que não lhe é pertinente, que seria a do diagnóstico e tratamento sem o auxílio de um profissional da área habilitado para tal. “São inúmeras as possibilidades através do lúdico, que aliado à criatividade permita, enquanto canal de autoconhecimento, elaborar o trato com as dificuldades que se apresentam no transtorno identificado. Qualquer diagnóstico deve ser multidisciplinar, com o acompanhamento de profissionais habilitados”, afirma.

A especialista explica que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno de Ansiedade têm, enquanto especificidade de sintoma, a falta de foco e de atenção, que são quadros clínicos característicos. “Estão diretamente relacionados à ineficiência na interação social. Causam perdas específicas na qualidade de vida e devem ser acompanhados de imediato por profissionais habilitados para o diagnóstico para que esses efeitos sejam minimizados”, garante Cristiane.

De acordo com a psicopedagoga, existem muitas ferramentas no mercado que de certa forma promovem um alívio momentâneo. Mas devemos ter ciência de que o acompanhamento clínico é o específico e indicado para qualquer temática que envolva saúde mental para a qualidade de vida. O jogo propriamente dito pode ser uma ferramenta terapêutica. “A utilização do jogo como terapia é uma ferramenta riquíssima no atendimento clínico”, explica.

 

Alívio do estresse?

A especialista afirma que, quando relacionamos especificamente o jogo como algo que atua no sentido de atenuar o estresse, podemos articular como uma possibilidade apenas momentânea de alívio. “Combinado com caminhadas, exercícios de respiração, música, exercícios físicos e bons hábitos. Assim, podem ajudar na redução dos sintomas diagnosticados. Temos uma variedade de jogos no mercado que, somados ao diagnóstico e ao processo terapêutico, podem auxiliar na concentração e na dispersão do sintoma, mas nada que substitua a avaliação de um profissional”, explica Cristiane.

Segundo ela, os brinquedos sensoriais são ótimos aliados para o trabalho terapêutico, já que estão relacionados a lidar com habilidades e competências inatas. “O sensorial é muito significativo para o ser humano, pois integra as partes do sistema nervoso. Portanto, são como os receptores capazes de identificar e transmitir os estímulos. Por isso, a inserção dos jogos enquanto ferramenta de trabalho terapêutico é de grande importância, pois lidam diretamente com as impressões sensoriais trazendo para o sujeito ‘aprendente’ possibilidades integrativas e de trato com suas resistências”, garante.

 

Existe algum malefício?

A especialista explica que qualquer jogo, e especificamente os jogos sensoriais, não são contraindicados. Muito pelo contrário! O que devemos sempre manter em mente é que nada substitui o diagnóstico específico para qualquer transtorno. “O importante é que as famílias estejam atentas não só para as crianças, mas também para os adultos. Muitos entendem o jogo como forma de lidar com o estresse do dia a dia, por vezes se detendo após o trabalho ou alguma atividade cansativa por muitas horas nos jogos ao ponto de se esquecer de aspectos relevantes, como a interação em família, por exemplo”, alerta Cristiane.

Ainda de acordo com ela, é uma situação complicada e que muito acomete as famílias. Por isso, é fundamental que não se entenda o jogo, seja ele de qualquer natureza, como uma válvula de escape, pois isso pode acarretar a perda na qualidade de vida dentro de casa. “Um problema a ser enfrentado no pós-pandemia, como uma variante do uso excessivo de tecnologias”, relata a psicopedagoga.

 

E por falar em brincadeira, que tal resgatar algumas do passado?

Fizemos um post com dicas de atividades simples que desenvolvem a criatividade dos pequenos e não precisam de materiais muito elaborados. Clique aqui para ter acesso, junte a família e boa diversão!


Por Jéssica Almeida
Cristiane Guedes
é Mestra em Psicanálise, Saúde e Sociedade, com especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional e em Dificuldade de Aprendizagem: Prevenção e Reeducação. Ela também é especialista em Orientação Profissional/Vocacional e em Neuropsicologia. Além de palestrante para pais, educadores e professores. Para entrar em contato com ela, procure por @criguedes no Instagram.
Fotos: Banco de imagens gratuitas do Freepik.
Fontes: Isto É e Pais e Filhos.

 


Podemos ajudar?