CARTAS PELO MUNDO: UM OLHAR FOTOGRÁFICO

Através da produção textual e fotografia, alunos desenvolvem suas habilidades e conhecem a cultura de outros países.


Vocês sabem como escrever uma carta? Para quem podemos escrever? Por que escrever? A partir desses questionamentos surgiu a ideia de criar um projeto para proporcionar aos alunos da Escola Municipal Marechal Mascarenhas de Moraes, localizada em Nova Iguaçu, uma aprendizagem com condições reais de interação ao mundo letrado e novos conhecimentos a partir da fotografia e do gênero carta. Além de promover um discurso entre pares, o saber ouvir, falar e refletir através do pensamento crítico.

O Cartas pelo Mundo: um olhar fotográfico surgiu em 2019 a partir de um projeto bimestral planejado pela escola, que foi adotado por todas as turmas e onde cada uma, em comum acordo com a equipe pedagógica, teria de trabalhar uma questão abordada no livro. O tema sugerido para as classes de 3º ano foi “olhar fotográfico”. Segundo a professora regente Cristiane Pralon, os alunos já estavam trabalhando uma sequência didática a partir dos gêneros textuais.

“Havíamos focado em registros, como bilhetes e receitas, e, ao analisar as atividades, não quis limitar apenas ao livro. Então uma inquietação me ocorreu. Como dar continuidade ao que já se consolidava como novo projeto? O envolvimento e o entusiasmo dos alunos me trouxeram a reflexão de por que não unir o tema ao que já está em andamento”, lembra.

A educadora conta que iniciou o projeto com a turma do 3º ano do Ensino Fundamental, composta por 24 alunos sendo 3 deles incluídos, dois com laudo de espectro autista e um com transtorno opositivo desafiador. “Observei que, apesar de estudarem juntas desde a Educação Infantil, as crianças apresentavam uma certa resistência na integração com os alunos especiais”, conta Cristiane. Foi aí que ela iniciou atividades coletivas, como jogos cooperativos, contação de histórias e dinâmicas em grupos.

Conversando com os estudantes, a professora contou que tinha um casal de amigos com dois filhos que decidiram morar em Portugal e uma amiga que vivia em Cabo Verde. E questionou se eles gostariam de escrever uma carta perguntando sobre a cultura de cada país, enviando uma foto da turma para apresentação. “Foi uma euforia! Iniciamos coletivamente o diálogo sobre a escrita do que seria enviado. Decidimos também que, mesmo sendo apenas uma carta coletiva, poderíamos cada um fazer um desenho, escrever algo que gostaríamos de falar e que não tenha sido citado ainda. Trouxe para a turma um exemplo de bilhete e uma carta retirada de um livro, para indagar aos alunos o que eles viam de diferenças na escrita daqueles textos. Quais elementos se faziam importantes para ambos”, explica a professora.

 

 

Os pequenos aprenderam sobre diversos países e também conheceram alguns fatos históricos

Dessa forma, Cristiane apresentou o gênero carta lembrando aos estudantes que o rei de Portugal conheceu algumas características do nosso país através da primeira missiva escrita por Pero Vaz de Caminha. Essas informações geraram um diálogo com a turma, com os alunos também conhecendo alguns fatos históricos e o entusiasmo ficando cada vez mais evidente. Os estudantes foram observando questões de parágrafo, pontuação, como iniciariam a carta, ou seja, cada etapa dos elementos importantes que esse tipo de texto exige.

Para auxiliar a aprendizagem dos alunos com dificuldades na leitura e escrita, a professora promoveu o reconhecimento do nome dos países que estavam enviando as cartas, tudo a partir de recorte e colagem das letras em jornais e revistas. “Lista de novas palavras com a letra inicial, contagem das letras e das sílabas, formação de frases. Além disso trabalhei, por exemplo, com sons do ch e do x na palavra Chile, jogos de palavras, montagem das bandeiras desses países, suas cores e formas geométricas. O processo de mediação e respeito às dificuldades de cada um, bem como a troca entre os alunos, colaboraram para desenvolvimento de todos”, exemplifica a educadora.

 

Para finalizar o projeto, eles realizaram uma Feira Cultural com diversas atividades e apresentação das atividades em grupos

Para finalizar o projeto, realizaram uma Feira Cultural, organizaram atividades sobre o que haviam aprendido e promoveram a apresentação das atividades em grupos. “Um deles falou sobre plantas medicinais e o outro sobre os animais a partir de um trabalho com argila. Foi uma tarde maravilhosa e muito significativa para todos! Uma ação contínua, contextualizada com a proposta curricular da escola visando observação, diagnose e registro descritivo, de forma a atender a todos os alunos ao longo do seu processo de desenvolvimento, incluindo o plano de educação individual aos estudantes inclusos”, finaliza Cristiane.


Por Jéssica Almeida
Escola Municipal Marechal Mascarenhas de Moraes
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CEP: 26285-620
Tel.: (21) 99922-2017
E-mail: em.mascarenhasdemoraes@novaiguacu.rj.gov.br
Fotos cedidas pela professora


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