Lembra-se das brincadeiras que fazia quando criança? Estava brincando de Tarzan numa floresta da África e, dez minutos depois, poderia ser um astronauta chegando a Marte. Você perguntava, questionava, experimen­tava. Sua criatividade era imensa. Não havia limites para a sua imaginação. Até que você entrou na escola e começaram a ensinar “a maneira certa de fazer as coisas”. E você foi treinado para encontrar apenas uma resposta certa para cada problema.
— Qual é a metade de 8?
— Quatro. Era a resposta esperada.
Alguém lhe disse que existem 7 outras respostas corretas?
As provas passaram a ser testes para marcar cruzinha em apenas uma alternativa. Às vezes, até em provas sobre um livro, você tinha de responder com cruzinhas. A memorização de datas, fatos, nomes e regras passou a ser exigida. Continuamos a apreender mais coisas sobre o passado do que sobre o futuro.

Desbloqueio mental

Ensinaram você a pensar, produzir alternativas, ver as coisas de uma maneira nova, enxergar lá na frente, ter novos ângulos de visão?
Faça o seguinte exercício. Imagine que dez palitos compõem a equação em algarismos romanos. Seu desafio é corrigir esta equação sem tocar em nenhum dos dez palitos.

XI + I = X

Certamente, não será uma solução óbvia como estamos acostumados a ver. Para solu­cionar, basta que você esteja treinado a questionar, a pensar criativamente: de que maneiras posso solucionar esse problema? Como posso corrigir essa equação sem tocar nos palitos? Que outros fatos ou elementos posso considerar?
Você pode resolver esse problema. Caso não consiga, fique calmo! Você não perdeu seu potencial criativo. Apenas não está acostumado a utilizá-lo em sua plenitude.
A esta altura, você deve estar pensando: mas como fazer diferente? Por que desenvolver a criativi­dade? A resposta é simples: porque ninguém vive só de informações. Então, vale até perguntar: “qual é o objetivo da educação?”
Na minha opinião, como estudante permanente e pai, é ajudar cada pessoa a desenvolver seu potencial mental e cultural o mais intensamente possível. É educar para permitir que se possa viver eficientemente num mundo de constantes e rápidas mudanças.

Desenvolvimento do potencial criativo

O jovem pré-vestibulando ainda escolhe uma carreira dentre um cardá­pio que lhe é oferecido. Ao optar por uma profissão, ele deve estar preparado para questionar qual o futuro, quais as tendências para aquela profissão. Ninguém considera que o adolescente entrará no mercado de trabalho cinco ou seis anos depois de ter ingressado na faculdade. Até lá, tudo pode ter mudado. Afinal, a profissão escolhida hoje poderá estar obsoleta antes mesmo de ele concluir o curso.
As escolas devem preparar os alunos, desde a infância, para terem visão de futuro, para enxergar o que está por trás da parede. Recentemente, li um estudo de um dos órgãos da ONU prevendo que, num futuro breve, a maioria das profissões terá entre seis e oito anos de vida por causa das mudanças e obsoletismos que ocorrem em alta velocidade.
Considerando isso, entendo que as escolas devem, sem exceção, esti­mular a criatividade, não apenas priorizar a memorização. A escola tem de ser uma chave para abrir o potencial criativo de cada aluno, esteja ele no maternal ou na faculdade.
Muitos professores parecem tímidos no que se refere à criatividade. Será porque não percebem a importância da criatividade na vida das pessoas? Ou porque acreditam que basta transmitir as informações que receberam no passado? Ou se instalaram em uma zona de conforto e repetem as mesmas coisas ano após ano?
É preciso ensinar as novas gerações a usar as informações de novas maneiras. A educação criativa proporciona auto-segurança, desembaraço, iniciativa e confiança, preparando o aluno para conviver vitoriosamente com problemas e oportunidades que a vida apresenta. O mestre deve ter o desejo e a satisfação de fazer florescer, nos seus alunos, a criatividade. Essa característica os diferenciará de uma maneira muito positiva.

Criatividade: o diferencial no mercado

O desenvolvimento de fontes como tecnologias, equipamentos, ciência e informática é muito mais rápido do que o desenvolvimento da fonte mais importante: o ser humano. Fontes materiais não usadas não estão necessariamente perdidas. No entanto, o desuso do capital intelectual, sim. Isso gera frustrações, desmotivação, estresse, revolta, problemas psicológicos, depressão e até somatização de doenças. Por isso, há urgência em desenvolver nas pessoas a habilidade para conviver com constantes e rápidas mudanças nesta sociedade tão dinâmica.
Estamos vivendo a transformação da era industrial para a era do conhe­cimento e da criatividade. Para enfrentar esses desafios e aproveitar as oportunidades que se criam, o mundo está necessitando de pessoas que pensam criativamente. Pessoas que saibam utilizar as informações recebidas na escola, porém sob novos pontos de vista.
O fato de uma coisa estar sendo feita sempre do mesmo modo não garante que esteja sendo feita da melhor maneira. Pense Diferente!



Obs.: Matéria cedida pela Revista Profissão Mestre
Colaboração: Antônio Carlos Teixeira da Silva
Ilustração: Luiz Cláudio de Oliveira