A aluna Priscila Maia e outros colegas da Escola Municipal Rose Klabin, localizada em Guadalupe, nunca imaginaram que, algum dia, suas histórias e idéias pudessem ser transformadas em fotonovela. A revelação desses artistas só foi possível graças ao projeto Fotos da Vida, realizado pela professora de Sala de Leitura, Solange Motta, com alunos da 5.ª e 8.ª séries e de duas classes especiais de jovens e adultos.
Ao final do projeto, as turmas produziram cinco fotonovelas: Aluno, leitor, atleta e vencedor; Rock´n patty – sem preconceito: o importante é ser você mesmo; Esporte e educação: uma parceira que dá certo; A África é aqui?; e Vencendo o preconceito.
Ao planejar o trabalho, a professora Solange pensou em um projeto que utilizasse diferentes mídias, já que o mesmo seria apresentado na Bienal do Livro, no estande da Secretaria Municipal de Educação. No caso da fotonovela, eles utilizaram Internet, fotografia e revistas. Segundo a professora, a proposta era desenvolver o conteúdo dos textos, usando como base os temas do projeto político-pedagógico da escola – esporte como instrumento de inclusão e identidade brasileira.
“Nosso objetivo era proporcionar uma reflexão quanto à relação interpessoal, que levasse o aluno e o leitor a perceber e valorizar a diferença. O Fotos da Vida foi desenvolvido com o objetivo de incentivar a leitura e a produção textual, ampliando o olhar para tal tipo de literatura e percebendo-a como uma forma de arte”, explica a educadora, que contou com a parceria de outros professores: Márcia Braga, de Inglês; Noêmia dos Santos e Saionara Bicalho, de Português; e Kátia Leite, da Sala de Leitura.
No primeiro momento, os alunos foram levados à discussão sobre os temas propostos e escolheram os argumentos que desejariam desenvolver. A seguir, as classes deram início à produção dos textos, sob a supervisão de suas respectivas professoras, com o apoio da Sala de Leitura.


O passo seguinte foi a produção das fotos e a montagem dos slides, agregando a produção textual às respectivas imagens. Os próprios estudantes foram os roteiristas, fotógrafos e também atores. Os textos foram desenvolvidos em parceria entre alunos e professores, baseados em debates sobre opiniões e vivências, pesquisa e produção de textos. Segundo a professora responsável, todas as histórias são fictícias, porém, inspiradas em suas próprias vivências. A equipe docente também entrou em cena para ajudar na parte técnica e na montagem da fotonovela no programa de computador.
Durante o desenvolvimento do trabalho, muitos jovens mostraram talentos para a elaboração dos textos, para a dramatização e para a fotografia. Foi o caso da aluna Lorrana Martins Xavier, que produziu uma storyboard para auxiliar o trabalho durante as fotografias da fotonovela de sua turma. Ela utilizou os conhecimentos que obteve junto à equipe da MultiRio durante os encontros em que as turmas participaram da elaboração do vídeo Um final feliz para a vendedora de fósforo. Já a aluna Paola de Souza começou a repensar seus conceitos e mudou seu estilo de vida: “Gostei muito do projeto porque abordamos um tema muito comum no nosso dia-a -dia. Às vezes, discriminamos as pessoas só porque são diferentes de nós. Mas, não é só a nossa maneira de pensar que é a certa”, concluiu a jovem.
Um dos momentos mais marcantes, segundo Solange, foi quando os alunos contemplaram o produto final. “Além de sensibilizá-los, o projeto levantou a auto-estima da turma, despertando os estudantes para a importância da prática esportiva e da inclusão de portadores de necessidades especiais. Sendo a escola uma instituição cujo objetivo principal é o de formar cidadãos plenos e críticos, procuramos levar o educando a construir o olhar sobre a mídia, transformando informação em dados e levando-o a ser sujeito ativo na construção de seu próprio conhecimento”.