Escola revitaliza espaço ocioso e transforma-o em um ambiente pedagógico

Os alunos de 5.ª e 6.ª séries estão atuando em todas as etapas do projeto de construção e revitalização do jardim escolar, registrando as transformações ocorridas no espaço e fazendo com que se sintam participantes do processo

O projeto vem transformando um espaço ocioso da escola em mais um ambiente pedagógico, no qual os alunos participam de atividades práticas de Ciências e desenvolvem trabalhos ligados à educação ambiental

Por Tony Carvalho

Desde 2005, os alunos da Escola Municipal Fernando de Azevedo, em Santa Cruz, vêm transformando uma área de 120m2 em um belo jardim, utilizando técnicas de paisagismo e jardinagem, com o objetivo de utilizar o espaço para aulas de Ciências e até Matemática. A professora de Técnicas Agrícolas, Marilúcia Galvão Ferreira da Silva, é a responsável pela implantação do projeto na escola.

“A existência de espaços destinados a jardins, em muitas unidades escolares, leva a crer que os engenheiros e arquitetos que as construíram sabiam da importância da presença de plantas no ambiente escolar. Porém, muitos desses espaços não são utilizados com o objetivo inicial. Por isso, resolvemos, juntamente com os alunos, repensar o nosso jardim”, justifica a professora.

O projeto, desenvolvido em parceria com professores de Ciências e Informática, motivou os alunos de 5.ª e 6.ª séries a atuar em todas as etapas, registrando as transformações ocorridas no espaço e fazendo com que eles sintam-se participantes do processo de construção da vida.

Entre os objetivos específicos do projeto, Marilúcia destaca a transformação de um espaço ocioso em mais um ambiente pedagógico, onde os alunos possam participar de atividades práticas de Ciências e desenvolver trabalhos ligados à educação ambiental. Além de analisar a utilização de instrumentos e técnicas de reciclagem, os alunos também passaram a compre­ender os fatores que interferem no padrão de um jardim harmô­nico, como o porte da planta e a exigência de cada espécie em luminosidade, água e tipo de solo.

A construção do jardim escolar foi dividida em cinco etapas: na primeira, a proposta foi melhorar a estrutura e a quantidade de matéria orgânica do solo, aproveitando os restos de vegetais – como cascas de legumes, recolhidos da cozinha da escola – para a produção de composto orgânico. A segunda etapa foi a produção de mudas, utilizando, como recipiente, caixas de leite consumido na merenda escolar. Foram produ­zidas 230 mudas, sendo 50 de Hibisco, 50 de Sanquésia, 30 de Schefflera, 80 de Acalifa e 20 de Leia.

Na terceira etapa, seguindo critérios técnicos de luminosidade e umidade, foram introduzidas, no jardim, algumas espécies com o objetivo de deixá-lo colorido. Na fase seguin­te, algumas espécies foram transplantadas para vasos que foram colocados em diversos locais da escola. Na última etapa, os alunos da oficina de jardins receberam instruções para manu­tenção e preservação ambiental.

Para Talys Cardoso, aluno da 5.ª série, o projeto do jardim escolar permitiu que ele aprendesse a cuidar de plantas e a ter um maior contato com a natureza. Seu colega de turma, Lucas Guerra, afirma que, graças às aulas de jardinagem, aprendeu a plantar, colher e valorizar os trabalhos ligados à terra. Daniele Cristina, da 6.ª série, garante que, além de prazeroso, o projeto fez com que ela passasse a entender de composição paisagística. Jonatha Tavares Costa, aluno da 7.ª série, participa, há dois anos, do projeto e diz se sentir um privilegiado em poder participar da construção de um novo jardim. “Todos nós vamos passar pela escola, mas outros alunos virão e poderão usufruir desse espaço que ajudei a criar”, completa.

Os alunos da Oficina de Informática também participaram do projeto, produzindo site, jornal e CD-ROM. Na avaliação da profes­sora Ana Beatriz, a construção do novo jardim mobilizou toda a escola e fez com que os alunos se sentissem integrados no proces­so de transformação de um espaço ocioso. Já as professoras de Ciências, Mariana Chaves Sanches de Assunção e Regina Machado de Almeida Ferreira, conseguiram canalizar parte do conteúdo programático para o novo espaço pedagógico da escola.

“Ao abordarmos os seres vivos, podemos trabalhar com os alunos a seleção e a competição entre as plantas. Essa vivência faz com que os alunos valorizem o aprendizado”, afirma Mariana. A professora Cristina concorda e complementa: “O estudo dos vegetais encaixa como uma luva no projeto, porque é possível fazer a complementação das atividades nas aulas de jardinagem. Essa experimentação facilita o aprendizado dos alunos, deixando-os tão empolgados que eles ainda pedem para fazer um trabalho complementar para a Feira de Ciências da escola”.

A professora Marilúcia constata que o jardim, de fato, tornou-se um local mais luminoso, colorido e agradável – mudança esta que se faz notar na opinião de toda a comunidade esco­lar. Além das espécies plantadas, foi aberta uma pequena trilha para que alunos e visitantes possam percorrer o jardim e admirar toda a sua beleza. Também foram instalados bancos em meio ao verde – um convite irrecusável para sentar, admirar a natureza e até ler um bom livro.

“Os alunos que sequer notavam o espaço, hoje, não só gostam do que vêem como querem, cada vez mais, participar da manutenção do jardim. O projeto foi um desafio, porém sua realização trouxe a todos a possibilidade de vivenciar mudanças positivas no comportamento dos alunos e concre­tizar um sonho coletivo”, finaliza Marilúcia.


Escola Municipal Fernando de Azevedo
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Diretora do Pólo: Brígida Nunes Machado
Fotos cedidas pela escola.