Cerca de 300 alunos dos Ensinos Fundamental e Médio do Colégio Estadual Euclides da Cunha, em Teresópolis, preparam suas meias, shorts e chuteiras, às sextas-feiras, para entrar em campo e participar das oficinas do projeto Futebol na CBF, no Centro de Treinamento Heleno Nunes, Granja Comary, concentração da Seleção Brasileira de Futebol.
O pontapé inicial do projeto foi dado pelos professores Marcelo Rufino e Carlos Elias Pimentel (ex-presidente da Comissão de Arbitragem da Federação de Futebol do Rio de Janeiro) que, juntos, resolveram transformar uma das modalidades esportivas aplicadas normalmente nas aulas de Educação Física em projeto pedagógico. A escolha da modalidade – futebol – ocorreu devido à popularidade do esporte no Brasil e ao bom relacionamento do ex-árbitro, Mestre Carlos Elias Pimentel, com a CBF, que, gentilmente, cedeu o espaço para a realização do projeto.
Na avaliação de Marcelo, a Educação Física contribui como elemento de grande importância na formação de cidadãos críticos, participativos e responsáveis. “Eu não considero que a Educação Física se resuma somente às práticas esportivas dentro da escola, aquela em que há um professor especialista para cada disciplina. Educar é, além de tudo, um ato político. É preciso deslocar-se, conhecer o mundo, vivenciar os fatos e acontecimentos atuais”, diz Rufino.
Para a equipe docente, a aplicação da metodologia dinâmica e lúdica do futebol usada nas atividades realizadas entre os jovens tem sido uma “jogada de craque”, uma vez que, além do aspecto físico, os aprendizes desenvolvem habilidades como: autodomínio, concentração, coordenação motora, solidariedade, cooperação e respeito ao próximo diante de situações adversas.
Segundo os organizadores, hoje, apesar do pouco reconhecimento, se comparado à modalidade masculina, o futebol feminino já conseguiu driblar alguns entraves e marcar o seu gol, mesmo que ainda não tenha sido o de placa. Além dos ensinamentos que levam as participantes a entender melhor a sua participação social e política dentro da sociedade, as meninas agregam a isso aulas práticas de Futebol e Futsal Feminino, nas oficinas.
“Estou gostando muito de participar das oficinas, e ao mesmo tempo, ter o privilégio de estar em contato com a natureza”, diz a aluna Érika Dantas Mendes, 17 anos, da turma 3003, que não deixou de falar sobre a sensação de liberdade da Granja Comary.
De acordo com os coordenadores, as oficinas de futebol de campo e futsal são divididas em duas etapas: a oficina de Futsal e Futebol, para iniciantes (masculino); e a para praticantes assíduos (masculino), além da preparação das equipes Sub 15 e Sub 17. “Durante a competição, aqueles alunos que apresentam maior destaque são encaminhados aos clubes para a realização de testes experimentais visando a explorar a aptidão e torná-los futuros atletas profissionais”, esclarece Marcelo.
Uma das regras do projeto é que o aluno esteja matriculado em uma escola e freqüentando as aulas, até porque a oficina de futebol acontece sempre após o encerramento das aulas, garante Marcelo, explicando que essa prática vai ao encontro de um dos objetivos do projeto, que é valorizar o esporte no âmbito moral, filosófico, lúdico e, principalmente, social.
“O futebol deixou de ser apenas mais um esporte, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Hoje, com o grande marketing esportivo, a profissionalização, a maturidade técnica e tática, além da paixão dos torcedores, este esporte é um dos mais aclamados pelo público. Teresópolis tornou-se a casa da Seleção pentacampeã do mundo e nossos alunos não poderiam ficar de fora desse processo”, afirma Marcelo Rufino.
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