Considerada doença crônica relacionada ao acúmulo excessivo de gordura corporal e entendida, hoje, como epidemia de proporções globais, a obesidade está entre os principais males que mais fazem vítimas fatais em todo o mundo, perdendo apenas para o câncer e patologias cardiológicas de maneira geral.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que haja mais de 1,6 bilhões de adultos acima de 15 anos, no mundo, com excesso de peso, dos quais ao menos 400 milhões apresentam um quadro de obesidade clínica. Com base nessa estimativa, calcula-se que, no ano de 2015, 2,3 bilhões de adultos estejam acima do peso e destes, 700 milhões sejam considerados obesos.

De acordo com especialistas, existem diversas razões para que o quadro clínico de obesidade se desenvolva, dentre eles: distúrbios endó­crinos, como o hipotireoidismo, gravidez, menopausa, andropausa, puberdade, ovários policísticos etc.

Segundo o endocrinologista Nilmo Sabino, o hipotireoidismo é uma disfunção da glândula tireóide causada pela baixa da quantidade dos hormônios tireoidianos, T3 e T4 produzidos, que leva a uma queda do metabolismo. É mais freqüentemente encontrado em mulheres do que em homens, chegando à proporção de 6 por 1. Entre os sintomas mais comuns, estão: sonolência, cansaço, constipação, falta de vontade de fazer as coisas, baixa da libido sexual, queda de cabelo e ganho de peso, que pode levar à obesidade se não diagnosticado em tempo.

Na opinião do médico, o mais difícil é o hipotireóidico – pessoa portadora de hipotireoidismo – enxergar a possibilidade de estar desenvolvendo a doença, já que seus sinais são freqüente­mente confundidos com outras doenças. Essa semelhança tem levado muitos pacientes a retardar o início do tratamento, já que o ganho de peso inicial é pequeno.

Além das disfunções apresentadas, o aumento de peso também pode estar associado a causas hereditárias e/ou genéticas como, por exemplo, a deficiência de leptina – proteína encarregada de ajudar o hipotálamo a interpretar que o organismo está satisfeito. Outro fator que também deve ser levado em consideração, por contribuir para o acúmulo exagerado de gordura no organismo, é a utilização de determinados medicamentos, como corticóides, psicotrópicos, antidepressivos, anti-histamínicos e anticonceptivos. Entretanto, na opinião de especialistas do portal de psiquiatria PsiqWeb, a alimentação excessiva, atrelada ao sedentarismo, continua sendo responsável por mais de 95% dos casos de obesidade.

Vale salientar que, no que concerne à alimentação excessiva, cada vez mais se apresentam estudos psiquiátricos que comprovam que grande parte dessas pessoas, aproximadamente 75%, sofre de Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP), de fundo emocional, sociocultural ou psicológico, levando algumas delas ao consumo desenfreado de alimentos com alta densidade de gordura. No entanto, episódios de compulsão alimentar (ECA) não ocorrem apenas em obesos, não podendo, portanto, ser considerados a única causa da obesidade.

Vários estudos científicos já comprovaram que a obesidade contribui para o desenvolvimento de outras doenças, acarretando, portanto, sérios riscos à saúde. Dentre elas, destacam-se:

1. Diabetes Mellitus tipo II (90% dos portadores são obesos);

2. Diminuição do bom colesterol (HDL), levando à hipertensão arterial e a doenças cardiovasculares;

3. Doenças relacionadas à vascularização cerebral;

4. Osteoartrite e artroses em articulações inferiores e na coluna, ocasionadas pelo excesso de peso suportado;

5. Fungos e infecções na pele;

6. Problemas respiratórios;

7. Distúrbios menstruais;

8. Câncer hormônio-dependente e do intestino.

Inicialmente considerada epidemia apenas nos países desenvolvidos, a obesidade mostra-se, hoje, epidêmica também em países subdesenvolvidos e, sobretudo, em regiões urbanas. Na população brasileira, no ano de 2005, 8% dos homens e 18% das mulhe­res encontravam-se com algum grau de obesidade. Mas o problema não acaba por aí. É sabido que crianças com excesso de peso tendem a tornar-se adultos “gordinhos” e que 5 milhões de crianças abaixo de 5 anos, no mundo, encontravam-se nessa situação no ano de 2005. As taxas, inclusive no Brasil, não param de crescer, principalmente devido ao sedentarismo. A melhor maneira de reduzir esses índices é os pais começarem a tomar alguns cuidados com a alimentação das crianças ainda na primeira infância, ensinando, por exemplo, que o consumo de açúcar deve ser feito em pequenas quantidades e, se possível, somente após as refeições.

Tratamentos:

A obesidade é tratada como doença multidisciplinar e, portanto, para que o quadro de aquisição de peso reverta-se, é necessário que o paciente tenha um acompanhamento de profissionais de diferentes áreas como: Psicologia; Nutrição; Educação Física (caso não haja contra-indicações) e Endocrinologia.

Na opinião da nutricionista Cleise Peixoto Souza, o melhor “remédio” para combater a obesidade é a reeducação alimentar, que, segundo ela, deve ser feita lentamente e acompanhada de um processo de conscientização para que a pessoa mude seus hábitos de forma gradual e passe a compreender, por exemplo, que tomar um suco é muito mais saudável para o seu organismo do que beber um refrigerante. Ela recomenda também que a introdução de alimentos saudáveis que não constem no cardápio diário da pessoa seja feita paulatinamente, misturando-os à comida para que o indivíduo possa se adaptar ao novo sabor.

De acordo com especialistas, cabe ao psicólogo investigar, em conjunto com o paciente, o tipo de vínculo que ele estabelece com a comida e que sentimentos estão ligados à sua ingestão, a fim de refrear esse consumo, mostrando os ganhos emocionais que o indivíduo terá com a redução da quantidade de alimentos. Já o acompanhamento de profissionais de Educação Física, faz-se necessário para a introdução e o acompanhamento de atividades físicas que auxiliarão o paciente na perda de peso, retirando-o do sedentarismo e introduzindo o hábito de se exercitar com regularidade.

Em situações mais extremas, como é o caso da obesidade grau II ou III – sendo a última conhecida como mórbida – os médicos, de manei­ra geral, costumam indicar um proce­dimento mais drástico e de riscos consideráveis: a cirurgia de redução estomacal, através da qual partes do estômago são fechadas, a fim de torná-lo menor, levando o obeso a comer menos e, conseqüentemente, perder peso. Apesar de o procedimento cirúrgico parecer a saída mais cômoda e fácil, é importante ressaltar que a redução de estômago requer um tratamento pós-operatório intensivo, sobretudo no tocante à dieta e à terapia.

Para saber se uma pessoa está, ou não, dentro do peso considerado saudável para sua estatura, basta utilizar a tabela do Índice de Massa Corpórea (IMC), recomenda pela Organização Mundial de Saúde. Para calcular o IMC, divida o peso (em quilos) pela altura ao quadrado (em metros).



Colaboradores:
• Nathalia Teixeira da Costa
• Dr. Nilmo Sabino – endocrinologista formado pela UNIRIO, pós-graduado em Endocrinologia pela mesma Universidade e Especialista em Medicina do Esporte pela PUC-Rio.
• Dr.ª Cleise Peixoto Souza – nutricionista formada pela Universidade Santa Úrsula, com pós-graduação em Vigilância Sanitária.


Fontes:

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Insaciáveis.
Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
http://www.oms.org/
http://www.abeso.org.br/
http://www.diabetes.org.br/
http://pt.wikipedia.org/
http://www.abcdasaude.com.br/
http://www.cirurgiadaobesidademorbida.com.br/
http://virtualpsy.locaweb.com.br/
http://www.obesidadesantamaria.com.br