Para você que é professor, todo o conteúdo programático é interessante, certo? Mas você também já deve ter percebido que ele fica sem graça para seus alunos e maçante para você quando não há uma preocupação em embalá-lo de maneiras diferentes a cada nova aula.

Então, solte a criatividade e comece a pensar em quantos jeitos divertidos existem de ensinar. Talvez, na sua escola, não existam muitos recursos e nenhum professor possa tirar seus alunos da instituição, nem mesmo da sala de aula. Veja, contudo, essa realidade como um desafio para a sua imaginação e ponha a mão na massa.

Reconhecimento

Observe o ambiente. Um teto, quatro paredes, carteiras, giz e quadro-negro. Isso lhe permite entrar na classe de mansinho enquanto todo mundo conversa e anda pela sala, mas também deixa que você use a ludicidade. A sala de uma casa também tem quatro paredes, uma porta e, possivelmente, um quadro na parede.

Feche a porta e inicie o contato com um “toc, toc, toc”. Alguém abrirá. Peça licença e entre, como em uma casa. Transforme seu olhar. Se essa sala fosse de uma casa, a disposição dos móveis lhe faria crer que ela é confortável? Talvez seja interessante mudar a disposição das carteiras. Junte todas, como em um sofá de canto, com uma poltrona ao lado. Melhor! Faça com que as carteiras formem uma meia-lua. Para quebrar o gelo, comece e termine suas aulas com descontração e brincadeiras – todas pedagógicas, se você preferir. É uma maneira de unir a turma, acalmar os ânimos, focalizar energia e tornar tudo mais leve. Além disso, os momentos lúdicos ajudam os alunos a se aproximarem de você e desenvolverem características como a liderança e a expressão oral, que ficariam em segundo plano se você só apostasse em aulas expositivas.

Sendo assim, lance desafios informais, sem aquela neces­sidade de apresentação para toda a turma lá na frente, como se eles fossem professores também. Como fazer isso? A resposta é: brincando. Nada mais natural. As crianças aprendem a engatinhar, andar e falar dessa maneira. Não custa muito trazer um pouquinho da necessidade que elas sentem de se divertir para dentro da sala de aula.
Dúvida? Aí vão algumas dicas para servirem de inspiração. A partir delas, você será capaz de ter várias outras idéias. E pode ser que o toque dado para uma disciplina diferente da sua possa ser usado também por você. Por que não?

Matemática

Uma maneira de ajudar seus alunos a entrarem no clima da aula é, logo na chegada deles na sala, distribuir papéis contendo números e sinais de cálculos. Por exemplo: a Sabrina ganhou o número dois, o Marcelo tem o número cinco e a Alice é o número sete. Coloque os três diante da turma e peça para os demais fazerem contas com esses números. Quando pelos menos quatro soluções diferentes forem dadas, deixe-os sentar.

Geografia

Faça uma cópia grande – bem grande – de uma paisagem. Pode ser uma foto dos Alpes suíços. Agora, rasgue-a em 16 pedaços, misture tudo e cole cada pedaço em uma parte do quadro, como se fosse um quebra-cabeça. Peça a seus alunos para montarem. Arrume tudo e, quando o quadro estiver pronto, conte aos estudantes o nome daquela imagem. Diga quais são as fronteiras do país daquela região e quem vive nela.

História

Dê a seus alunos um quadro anti­go e famoso (ou nem tão famoso assim) e, no quadro-negro, escreva uma frase com todas as letras misturadas. Por exemplo: afresco de Michelangelo pintado no teto da Capela Sistina no século XV. Recorte palavras que possam ser usadas nessa frase e jogue num pacote. Peça para um aluno ir tirando os papéis do pacote e ditan­do para você. Ao final, peça-lhes para formarem a frase e descobrirem de quem é a tela.

Inglês

Trava-línguas existem em todos os idiomas. Sendo assim, selecione dez que se adaptem ao que seus alunos estejam aprendendo e inicie a brincadeira. Divida a turma em lado A e lado B. Aquele grupo que errar menos, vence. Vá aumentando o grau de dificuldade do jogo conforme seus alunos forem sentindo mais facilidade em dizer os primeiros. De tempos em tempos, volte para os mais fáceis para eles perceberem o quanto já aprenderam sem notar.

Português

Escolha duas letras: M e C, por exemplo. Peça para seus alunos formarem frases e falarem utilizando somente essas no início de cada palavra. O M deve, neces­sariamente, ser seguido pelo C, e o C precisa ser seguido pelo M. Qualquer coisa que precise ser dita deve obedecer a essa regra durante os primeiros cinco minutos da aula. Depois, dispense-os para falarem normal­mente. Na próxima aula, adicione outras duas ou três palavras e faça o mesmo jogo.

Educação Física

Entregue duas bolas de malabarismo para um de seus alunos. Enquanto ele tenta não derrubar nada, outro estudante deve ler um conto em voz alta. Ao final da narrativa, o que estava com as bolas de malabarismo deve ler para outro colega, que estará brincando com o material. E o jogo deve continuar até que todos tenham participado. Depois de finalizada a brincadeira, solicite que lhe contem o que ouviram e pergunte aos colegas que contaram os contos se faltou algum ponto.

Ciências

Charadas são maneiras muito divertidas de se chegar a uma resposta, seja qual for a pergunta. Assim, se você estiver abordando o tema seres marinhos com seus alunos, comece com afirmações do tipo “Vivo no mar, mas não sou peixe. Tenho corpo, mas não ossos. Defendo-me, mas não mordo. Um xará meu pode ser muito útil na sua cozinha. Quem sou?”. Quando toda a turma responder “Espooonja!”, daquele jeito empolgado que você já conhece, inicie a aula.

Fechamento

Para ter cada vez mais novidades nas aulas e conseguir que seus alunos se interessem por essa forma de aprender, converse com eles, peça que tragam idéias, charadas e imagens interessantes. Assim, para ajudá-lo, muitos deles estudarão em casa, farão pesquisas, conversarão com irmãos mais velhos e pais a respeito das diferentes formas de aprendizagem e estarão mais abertos para tudo que você trouxer.
Aproveite o interesse deles e indique CDs, DVDs, sites, livros, enciclopédias, bibliotecas e demais lugares onde eles possam descobrir o que ainda não sabem. Sempre que você tirar uma imagem ou charada de algum lugar, passe a fonte para eles e conte que lá existem muito mais informações legais que eles podem encontrar.



Obs.: Matéria extraída da Revista Profissão Mestre.
Colaboração: Kelly Roncato
Ilustração: Luiz Cláudio de Oliveira