 Especialistas em educação defendem a tese de que ouvir histórias é importante na formação de qualquer criança. Segundo eles, escutar narrativas é o início da aprendizagem para tornar-se um leitor e ser leitor é enveredar por um caminho de descobertas e de compreensão do mundo. Um estudo desenvolvido por pesquisadores da USP vem demonstrando que os contos desenvolvem a individualidade da criança, tornando-a mais flexível para resolver problemas e aceitar diferenças.
Esse entendimento também é compartilhado pela contadora de histórias Daniela Fossaluza que, a partir de uma parceria de trabalho com o artista francês Tarak Hammam, idealizou o projeto Costurando Histórias. Formada em artes cênicas e concluindo especialização em Educação Infantil e Desenvolvimento, Daniela explica que o projeto foi inspirado na idéia da educadora francesa Clotilde Hammam, que transforma histórias em tecidos, ou melhor, livros em tapetes tridimensionais que são criados para servirem de suporte às belas narrações de contos e histórias da literatura infanto-juvenil mundial. “É a união artística, literária e teatral utilizada para encantar, instigar e acalentar corações e mentes. Contar histórias é revelar segredos, é seduzir o ouvinte e convidá-lo a se apaixonar pelo livro, pela história e pela leitura”, completa.
O projeto Costurando Histórias desenvolve uma série de atividades como a criação de tapetes, a contação de histórias e a capacitação de outras pessoas. A equipe é formada por dez profissionais com formações variadas: são atores, artesãos, pedagogos e músicos que visitam instituições de ensino, projetos sociais e espaços de arte e cultura, levando e produzindo conhecimento.
 “O despertar da criatividade e da consciência e, principalmente, a interação acompanham cada encontro. Sentadas em roda, envolvidas pelos tapetes, as crianças vão muito além da leitura. Depois de ouvirem as histórias, através da manipulação, elas podem reviver e recriar os enredos, traçar tramas, entrar nos cenários, dramatizando os contextos e os personagens, além de compartilhar risos e surpresas com os amigos”, afirma Daniela.
Ela destaca, ainda, a influência da música nas narrativas. “A musicalidade é um complemento no processo de aprendizagem que, além de divertir e emocionar, atua terapeuticamente, acalmando as crianças e atraindo a atenção delas”.
O grupo também promove oficinas de capacitação de professores para a arte de contar histórias e de criar tapetes. As histórias e a abordagem são definidas de acordo com a faixa etária do público-alvo. Conteúdos de Língua Portuguesa, Ciências, Geografia e até de Matemática podem ser explorados de forma criativa, esclarece Daniela, acrescentando que a contação de histórias alcança objetivos pedagógicos de acordo com as metas preestabelecidas.
“Há, por exemplo, histórias que são um problema de Matemática apresentado aos alunos. Esse desafio, lançado de forma lúdica, desperta o interesse e estimula o raciocínio lógico. Há histórias que falam das transformações da natureza, outras que abordam a questão do respeito às diferenças, tão importante nos dias atuais. Cabe ao contador tornar a dinâmica desses conteúdos envolvente e divertida. Os professores, em sala  de aula, podem aproveitar a contação da história como gancho para aprofundar o tema abordado”, orienta a professora.
Para Daniela, a contação de histórias com tapetes é uma técnica que gera a pluralidade e a integração. De acordo com a contadora, o tapete é um objeto artístico-pedagógico que possibilita uma interação diferente com a história. “Depois que a criança ouve a história, ela vai manipular os personagens e reviver o enredo. Esse é o grande diferencial dessa técnica. Tenho relatos de pais que apontam que, após ouvirem as histórias, os filhos tiveram seu interesse pela leitura aguçado. O nosso projeto atua em cima desse conceito de unir histórias, culturas e pessoas. O ponto principal da contação com tapetes é a interação, ou seja, o olho no olho, a troca – ingredientes fundamentais para qualquer coisa na vida e, principalmente, para o aprendizado”, conclui a educadora.
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