Novos ambientes de aprendizagem

Entenda como a tecnologia aliada à vivência do aluno pode potencializar o ensino em diferentes espaços de estudos


Quando falamos em educação abre-se um mundo de possibilidades diante dos atores envolvidos, sejam eles escola, professor, aluno ou família. E dentro desse contexto os ambientes inovadores na educação despontam com seus pilares tecnológicos impulsionando o aluno a cada vez mais atuar como protagonista desse processo de aprendizagem. Seja de forma personalizada ou não, mas respeitando na medida do possível o tempo, as vivências, as competências e habilidades de cada indivíduo. Toda essa remodelação ou transformação, como queiram chamar, aumenta a valorização do potencial de construção desses novos ambientes de aprendizagens, não ficando restritos apenas às tecnologias e indo bem além, conforme explica a pedagoga Rosangela Bastos. 

“Esses novos ambientes são riquíssimos na troca de aprendizagens, de saberes, e eles não estão baseados apenas nas tecnologias, nos aplicativos, nas redes sociais, nas plataformas, que são importantíssimas, por fazerem parte da vivência dessa geração. Contudo, essa construção de novos lugares precisa estar alicerçada na correlação de vários atores – como o ambiente em que o aluno vive, suas experiências e visão de mundo – para o centro dessa narrativa, de forma a fazer sentido concreto para a vivência e saberes dos estudantes”, argumenta a pedagoga. 

Qual é o papel do professor e do aluno dentro dessa nova abordagem?

 Ao falar do papel do professor e do aluno nessa nova visão de aprendizagem baseada em ações diferentes da sala de aula tradicional – em que o professor ditava o conteúdo e os educandos apenas escreviam, numa demonstração de total ou parcial submissão ao pensar crítico –, é notório que as novas metodologias e os novos ambientes deram autonomia ao professor para que deixasse de ser um transmissor de informação e passasse a ser um mediador dos conhecimentos transitados em sala.  

“Enquanto educadora percebo o quanto os novos ambientes de aprendizagens ampliaram as possibilidades de ensino, seja de forma virtual, através das muitas tecnologias, ou através de uma aula de campo, num parque, num museu ou percorrendo as ruas e conhecendo a história do bairro”, declara Rosangela lembrando que a reformulação ocasionada com o Novo Ensino Médio reforçou a relevância do uso desses novos ambientes de aprendizagem cooperando na formação dos alunos para uma construção mais realista de seus projetos de vida. 

Aplicação e valorização dos novos ambientes de aprendizagens

 Que os ambientes educativos inovadores são espaços que auxiliam o desenvolvimento das aprendizagens ativas, não há dúvidas. Mas a forma como ele se realiza ou concretiza nas escolas ainda é um tema que merece bastante atenção. É o que pontua Rosangela Bastos ao afirmar que toda essa concretude começa sobretudo no conhecer bem o aluno, por ser um ponto dentre muitos que faz toda a diferença na troca de saberes e de experiências entre estudante e professor. 

“Aliado a esse ‘conhecer o outro’, a utilização dos espaços educativos multiusos ou de multifunções ainda é uma realidade distante da maioria dos alunos, sobretudo das redes públicas. Mesmo sem todo um aparato digital, hoje já avançamos bastante nessa direção com laboratórios de informática em quase todas as escolas. Todavia, essa interatividade se realiza através das conversações, dos projetos e, principalmente, por meio das metodologias ativas, do fazer, do realizar, do pesquisar, do criar, do pensar e resolver soluções”, ressalta a pedagoga. 

Já a professora Flávia argumenta que, quando se trata de ambientes inovadores, é quase impossível desassociar esses espaços das novas tecnologias digitais voltadas para o aperfeiçoamento e desenvolvimento da aprendizagem. “A presença tecnológica se tornou elemento contribuidor na aplicação e na valorização desses novos ambientes de aprendizagens, por sua gama de mecanismos e equipamentos que funcionam como recursos complementares no ensino e na aprendizagem”, avalia a docente, ressaltando que hoje se tornou um ponto fora da curva não fazer uso dessas tecnologias como contribuição na qualidade e na excelência do aprendizado”, afirma.

Ensino remoto no cenário de novos ambientes de aprendizagens

Por um longo tempo a pandemia ainda será um tema recorrente em nossas vidas. Haja vista que a doença trouxe a todos um novo olhar de quem somos. E na educação não foi diferente. Alunos e professores vivenciaram a aceleração e, simultaneamente, a adoção de novos processos educacionais, que até então não eram considerados em sala de aula. Passaram pela experiência de aprender a reaprender, tudo isso com a vida em pleno movimento. 

 De um dia para o outro as aulas ganharam um novo mediador: sai o educador presencial e entra a tecnologia. Porém, o que todos não se deram conta naquele momento é que a orientação dos conteúdos continuou a ser feita pelos professores baseados nos princípios do ensino presencial. Essa ruptura trouxe para a educação um novo horizonte, se melhor ou pior, essa não é a questão, pois só o tempo trará as respostas. Mas de acordo com especialistas, a prática de aprendizagem on-line veio para ficar. “Mas precisamos entender que o ensino remoto não substitui o presencial. Ele é mais uma ferramenta, um sistema, que veio, ganhou força e que tem potencial para auxiliar os educandos a alcançarem um patamar de excelência na aquisição do conhecimento”, esclarece Rosangela. 

 

O professor e a percepção dos ambientes virtuais de aprendizagens

De acordo com especialistas da área, atualmente o professor precisa muito mais do que conhecer a fundo o conteúdo mediado em sala de aula. Ele necessita saber como, e o que ensinar, a fim de que o aluno possa usar esse conjunto de conceitos, ideias e informações também na sua vivência e na sua prática social, revela Bastos, enfatizando que por essas e outras o docente precisa transitar com excelência tanto no sistema de ensino e aprendizagens virtual como no presencial, mesmo entendendo que os ambientes virtuais ainda são bastantes desafiadores para muitos docentes.  

Rosangela destaca que ainda se faz necessária a adoção de novas ações educativas inclusivas, a fim de se ampliar as aprendizagens dos alunos e aperfeiçoar os conhecimentos digitais e culturais dos professores para que haja uma sintonia harmônica entre o mediador e o mediado. “Nós educadores precisamos estar em constante evolução, a fim de acompanharmos o momento transformador da educação que aponta para a construção do ‘currículo cosmopolita’, como afirma o professor José Morgado, que desenvolve as seguintes propriedades: Pensamento crítico; Competências científicas e pedagógicas; Técnicas de comunicação; Competências linguísticas; Competências colaborativas e Destrezas tecnológicas”, assegura a pedagoga. 

 

Inteligência artificial e as práticas pedagógicas

A inteligência artificial já é um recurso presente e que influencia na vida das pessoas, seja de forma direta – com o assistente virtual do Google ou a Alexa, por exemplo – ou indireta, com as aplicações de machine learning, como o Uber, que verifica o melhor caminho e o motorista mais adequado a cada viagem. “Nós solicitamos o serviço, mas não compreendemos o que está por trás de todo o processo”, é o que explica o Coordenador de TE e profissional Maker no Colégio Santa Marcelina do Rio de Janeiro, Emerson Francisco Santos.  

O especialista ressalta que, dessa forma, compreender, interagir e saber utilizar essa tecnologia, mantendo um olhar crítico e ético sobre ela, trarão uma nova dimensão para o ambiente de aprendizagem onde outras possibilidades de produção, colaboração e contribuição para sociedade serão viáveis. “Ainda gosto de pensar a palavra artificial que vem, etimologicamente, do latim: artifex = ars (arte) + -fex, de facere (fazer). A ‘Arte de Fazer’, sendo uma ferramenta poderosa para termos um mundo melhor”, explica.  

E quando perguntado se o ensino remoto substituirá o tradicional, Emerson afirma que não. Ele acredita que essa modalidade fará parte do processo, pois o ambiente virtual traz facilidades de acesso às mídias relacionadas aos conteúdos trabalhados. 

 

Diversificação dos ambientes de aprendizagem

Somos seres sociais, e a interação física com o outro traz dimensões de aprendizagem que o virtual não oferece. Por isso, o coordenador de TE acredita que possibilitar ambientes onde o estudante tenha acesso a essa diversificação permitirá um aprendizado contextualizado com as tecnologias atuais de mercado e uma formação integral nas dimensões social e emocional tão importantes para a vida saudável da criança e do adolescente. 

E ocupar diferentes espaços durante os momentos de aula, principalmente para motivar e incentivar os alunos a buscarem novos desafios e percepções, é importante para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das aprendizagens, sobretudo nos anos iniciais. “Os espaços diversificados possibilitam novas vivências e interações que estimulam avanços motores, sociais e aquisições significativas, pois alinham-se com os interesses e curiosidades do estudante”, pontua Emerson. 

Ambientes de ensino como, por exemplo, cantos temáticos, espaço verde e espaços de leitura podem potencializar a aprendizagem. O especialista explica que os diversos estímulos fornecidos por esses ambientes permitem à criança desenvolver melhor as habilidades que irão compor a sua identidade e as suas preferências.  

Em contrapartida, manter os alunos sentados nas cadeiras vai na contramão do propósito do fortalecimento de novos ambientes de aprendizagens. Emerson explica que o processo acontece através de mediação e não através do controle. Cada estudante adquire conhecimento de forma diferente. O controle pressupõe que aprendem da mesma forma. O que é preciso é que sejam conhecidos os objetivos da aprendizagem e a partir daí os ambientes devem estar alinhados à proposta de possibilitar que os estudantes desenvolvam suas habilidades”, afirma.  

 

Os professores estão preparados para esses novos ambientes de ensino?

De acordo com Emerson, ainda existem universidades formando professores conteudistas. “Preocupados mais com o ensino do que com a aprendizagem, porém a demanda trazida pelos próprios estudantes tem mostrado que a mudança é necessária na formação do docente”, explica.  

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Por Antônia Figueiredo e Jéssica Almeida


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