A beleza dos tons

Alunos descobrem novas paletas de cores e valorizam suas imagens


Para cada cor uma infinidade de variação de tons. Seja no arco-íris, nos mosaicos degradés, nas caixas de lápis de cores ou nas escalas gráficas e industriais. Mas quando se trata da cor da pele de cada indivíduo essa variação tende a ficar mais limitada, sobretudo para as crianças que nessa fase costumam ser mais literais acerca dos fatos.  

E pensando em mostrar a importância e o valor de cada cor, de cada tom, a professora Kelly Madaleny, regente do 4° ano, juntamente com a docente Carla Barros, de Artes Cênicas, idealizaram com os alunos do Fundamental I, da Escola Municipal Dalva Lazaroni, localizada em Cosmos, Zona Oeste do Rio de Janeiro, o projeto Lápis da cor da pele. Durante o desenrolar das atividades os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar e aprender que não existe apenas uma cor de pele, e que, independente da nuance ou variação, todas têm seu padrão de beleza. 

O despertar da valorização

A professora relembra que em algumas aulas, quando uma criança pedia um lápis cor de pele, ela propositadamente entregava um marrom. “Diante do espanto dela, eu pedia para que colocasse o objeto próximo a sua pele e me dissesse qual dos lápis contemplaria a sua cor, em caso de um autorretrato”. A ideia, segundo Kelly Madaleny, era levar de uma forma lúdica e prazerosa os pequenos a uma reflexão sobre o despertar da valorização do tom de sua pele.  

Para ampliar essa conscientização entre as crianças, as professoras apresentaram o vídeo “Dudu e o lápis cor de pele”, a fim de que tivessem um momento de conversa mais descontraída sobre o tema.  Em meio a esse bate-papo, foi apresentada aos alunos, que até então desconheciam, caixa com lápis de cores com vários tons de pele. Animados com a receptividade trazida pela novidade, estudantes e a professora decidiram escrever aos fabricantes solicitando doações de alguns exemplares. 

Caixas de amor

Todavia, a resposta não foi positiva. “Não tive sucesso! Então, fiz uma campanha nas redes sociais e em menos de 24 horas consegui a doação, em quantidade suficiente para contemplar a todos”. Durante a entrega as professoras realizaram uma dinâmica em que ao abrir a caixa a criança se deparava com um espelho. “Nós estávamos juntas neste dia, e realizamos a atividade no teatro da escola, um espaço lúdico e encantado. Após receberem seus lápis, as crianças ficaram à vontade pelo chão produzindo seus autorretratos e usando a novidade que haviam acabado de receber”, explicam as docentes.  Dentre outras mensagens que havia nas caixas, relembram as professoras, os alunos se depararam com um espelho, cuja ideia era a de que eles pudessem se enxergar como são. 

Ao final, com o apoio da coordenação pedagógica e da direção escolar, todos os trabalhos foram expostos. “Também realizamos um ensaio fotográfico com as crianças e, no dia da entrega dos lápis, as fotos passaram no telão do teatro da escola”, comemora.   

Para que todo o processo realizado não ficasse restrito apenas aos alunos, as docentes Kelly e Carla criaram um jornal que circulou por toda a escola, descrevendo todas as etapas do trabalho. Até porque o professor, relatam as docentes, é um multiplicador, um criativo na troca dos saberes e, sendo assim, por que não criar algo que também servisse como inspiração para os demais colegas de classe? “Essa experiência dinamizadora nos impulsiona, sobretudo quando percebemos os novos frutos florescendo”, argumentam as docentes. 

Multiplicadores de saberes

O trabalho desenvolvido entre a turma do Fundamental I na E. M. Dalva Lazaroni já começou a dar novos resultados, é o que garantem as idealizadoras do projeto, lembrando que neste semestre a professora de Inglês Flávia Miguel, que também leciona para o 4° ano, aderiu à atividade. Mas, de acordo com a equipe pedagógica, a troca de saberes é contínua, e nesse semestre está sendo inspirado pela obra “Escrevivência”, de Conceição Evaristo. “Inclusive, no mês de novembro, os estudantes apresentarão a peça ‘Ceição Menina’. Mas essa é uma outra história”, finaliza a regente do 4º ano, dando um spoiler de que, diferente do que muitos acreditam, as crianças amam compartilhar e aprender novos conhecimentos.   


Por Antônia Lúcia
Escola Municipal Dalva Lazaroni
Rua das Castanhas, 117 – Cosmos – Rio de Janeiro/RJ 
CEP: 23066-220
Tel.: (21) 2168-8241
Diretor: Rogério Pires   
Diretora Adjunta: Elaine Gasparelli    
Fotos cedidas pela escola 


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