O tempo não passa

Uma das árvores mais antigas da floresta da Tijuca


Durante o Império no Brasil, a Floresta da Tijuca foi desmatada para dar lugar, principalmente, a plantações de café, produto cada vez mais lucrativo naquela época. A derrubada das árvores, somada ao aumento da população, ao clima seco em alguns anos e à falta de infraestrutura na cidade do Rio de Janeiro, acabou deixando a capital imperial sem abastecimento de água por diversas vezes.

A consequência foi o surgimento de um mercado paralelo de venda desse recurso, a disseminação de doenças e, alguns anos depois, o replantio de mais de 100 mil árvores, no que acabou sendo o maior esforço de reflorestamento em ambiente tropical do mundo, até então.

Já em 1861, a Floresta da Tijuca foi declarada por D. Pedro II como “Floresta Protetora”, tendo em vista sua valiosa função natural para a região. A partir daí teve início um processo de desapropriação de chácaras e fazendas, com o objetivo de promover o reflorestamento e permitir a regeneração natural da vegetação. Ainda hoje é possível identificar pés de café, construções e ruínas das antigas fazendas, como Solidão, Mocke e Midosi, entre outras.

Entre os exemplares surgidos a partir do replantio está um dos vegetais mais imponentes da floresta. Batizado de “O tempo não passa”, em 1997, após uma revitalização do local pela artista visual Lia do Rio, o eucalipto tem mais de 15 metros de altura. Diz a lenda que quem abraça essa árvore tem uma velhice regada de saúde.

O patrimônio natural é sem dúvida o mais conhecido e consagrado no Parque, mas sua ocupação ao longo de quatro séculos gerou uma valiosa herança histórico-cultural, que hoje se constitui em um importante acervo a ser preservado. Inclusive, a Appai oferece o contato com essa atração natural em um dos seus roteiros do Benefício Passeio Cultural, que é realizado a bordo de um jipe até o local. O passeio permite bastante caminhada ao ar livre pela Floresta da Tijuca.


Por Richard Günter
Foto: Richard Günter


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