Você tem um novo aluno na escola?

Saiba como transformar essa adaptação em uma etapa mais positiva e satisfatória


Passar a frequentar um ambiente completamente novo deixa qualquer estudante apreensivo. Afinal, iniciar uma nova fase em uma nova escola apresenta seus anseios. “Quem eu vou encontrar? Quais são as regras da escola? Será que eu vou gostar dos professores?” são indagações constantes. A fim de melhorar os aspectos social e acadêmico dos novos alunos, a adaptação deve ser tema recorrente na instituição de ensino. Todavia, essa nem sempre é uma tarefa fácil e requer atenção e cuidados especiais no que diz respeito à gestão escolar. A Revista Appai Educar conversou com Diogo de Souza, diretor do Instituto de Educação General Flores da Cunha, uma das escolas públicas mais importantes de Porto Alegre. Na entrevista, ele deu a dica para tirar de letra essa questão.

Primeiramente, a relação família-escola deve ser estreita. Apesar do grande volume de alunos na instituição, é preciso que os professores e diretores consigam consolidar um diálogo transparente. Diogo incentiva a conversa individual com o responsável do aluno novo. “O intuito desse primeiro contato é trocar informações com os pais a respeito da vida do estudante e explicar sobre o funcionamento da escola e aspectos do projeto político-pedagógico. Isso é fundamental!”, exemplifica o diretor, acrescentando que, para isso, um planejamento cuidadoso é essencial.

De acordo com Diogo, o orientador educacional deve conduzir a reunião em um local que tenha privacidade. Nesse encontro devem ser apresentados materiais que ilustrem o trabalho pedagógico, como apostilas, produções dos alunos dos anos anteriores, livros didáticos e de literatura. “Eu prefiro assumir o tom da conversa informal, mostrar que estamos apenas conversando. Apesar disso, é primordial organizar previamente uma pauta dos assuntos a serem abordados, de acordo com a faixa etária, para que o encontro não entre em assuntos irrelevantes”, pontua o diretor.

Durante todo o encontro é preciso estar disponível para escutar e fazer perguntas que ajudem a apurar a compreensão, sem invadir a privacidade da família. Também é indispensável que o funcionário da escola não faça pré-julgamentos, tenha um olhar de empatia. “Se a família se sentir acolhida e a instituição recolher as informações necessárias para auxiliar o novo aluno, então o trabalho foi bem realizado”, enaltece Diogo.

 

O novo aluno precisa de integração

Imagem: Freepik.com

Apesar de muitos alunos não gostarem, é importante promover apresentações entre alunos e professores. A cada início de ano letivo, os estudantes veteranos chegam à escola já sabendo de sua estrutura, conhecem seus professores e estão habituados aos seus colegas de turma. Porém, os novatos estão desambientados e encaram um novo mundo repleto de rostos desconhecidos.

Uma forma de tornar a escola um ambiente mais acolhedor e agradável para esses estudantes é estimular as apresentações entre a classe e o corpo docente durante as primeiras aulas. Dessa forma, é possível conhecer melhor cada criança, incluindo o que ela espera da nova instituição, além de fazê-la se sentir bem-vinda.

Além das apresentações, outra forma de facilitar a adaptação de novos alunos é proporcionar trabalhos e atividades extracurriculares em grupo. Com isso, os estudantes recém-chegados podem interagir com seus colegas de maneira mais flexível, sendo encorajados a lidar com pessoas diferentes, a se comunicar, a desenvolver suas características sociais e a tomar decisões em grupo enquanto realizam diferentes deveres. Atividades coletivas também promovem a autoconfiança, o respeito mútuo e a prática da tolerância entre visões de mundo e personalidades distintas.

Para Diogo, a adaptação de novos alunos é um processo que não deve se restringir apenas à sala de aula. “A escola deve fornecer um ambiente propício a essa fase, permitindo a interação entre estudantes novatos e veteranos. Inclusive, essa é uma questão bem pontuada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e no projeto político-pedagógico”, analisa o diretor.

De acordo com a Associação Brasileira de Psicopedagogia, tratar a questão com carinho e tolerância é fundamental. Em um estudo publicado no site da instituição, há exemplos de como tornar essa transição mais saudável:

– Procure saber se houve alguma alteração na vida familiar da criança.
– Escute suas queixas e procure entender suas emoções, tentando identificar o que a criança quer comunicar com seu comportamento e em que e como é possível alcançá-lo. Os pequenos desejam ser escutados e receber atenção em um momento delicado.
– Informe à criança, com firmeza e segurança, que tudo feito no espaço da escola tem a intenção de lhe oferecer um ambiente confortável e confiável.
– Note se a criança se sente incompetente diante da realização de algum pedido. Para não se sentir diminuída, talvez ela esteja evitando as situações.
– Reforce que você, professor, estará sempre disponível para ajudá-la no que precisar.

Como você pôde perceber, é possível transformar a adaptação de novos alunos em uma etapa mais positiva e satisfatória tanto para os estudantes quanto para a instituição de ensino. Para isso, é necessário preparar o ambiente escolar tanto em nível estrutural quanto profissional para acolhê-los e fazê-los se sentir bem-vindos.


Por Richard Günter
Fontes: ABPP | Canal do Ensino | Seduc RS
Fotos: Banco de Imagens


Podemos ajudar?