Quantas línguas cabem dentro da nossa língua?

Por Sandro Gomes*


Pra fechar mais um ano de grandes estudos da Língua Portuguesa promovidos através dessa coluna, vamos reeditar (com algumas atualizações) uma matéria de 2014 que trata dos vários dialetos que se espalham pelo nosso continental território. Um assunto que nos tem sido cobrado pelos nossos leitores. Assim, vamos mergulhar uma vez mais na riqueza linguística dos falares brasileiros. Segundo o consenso entre os gramáticos são 16 os nossos dialetos regionais.  Saiba quais são.

Baiano, Brasiliense, Caipira, Costa Norte, Carioca, Florianopolitano, Fluminense, Gaúcho, Mineiro, Nordestino Central, Nortista, Paulistano, Recifense, Serra Amazônica, Sertanejo, Sulista.

 

Algumas curiosidades sobre esses falares regionais:

– Segundo os historiadores de nosso idioma, a primeira célula de uma língua “brasileira” teria surgido no século XVIII no Ciclo do Ouro das Minas Gerais. Até então se falava no país o português típico do colonizador e a língua-geral, formada por idiomas indígenas, que até essa época era a mais utilizada pela população.

– Não existe no Brasil um dialeto apontado como padrão. Contudo, pela maior expressão midiática e por serem as maiores metrópoles brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, com seus dialetos (respectivamente paulistano e carioca), tendem a exercer influência maior sobre os demais falares.

– Por conta da ação dos bandeirantes a partir do século XVI, a fala típica dos paulistas se espalhou por diversas direções do país. Sua influência chegou até o norte do Rio de Janeiro afetando o falar da capital carioca. Com a chegada da família real à cidade em 1808 (e junto com ela em torno de 14 mil portugueses), a fala dos cariocas foi profundamente alterada, dando origem ao dialeto que é tomado como o padrão do país.

– A língua falada e espalhada pelos bandeirantes hoje compreende o dialeto caipira, um dos mais estudados, atualmente praticado em todo o interior de São Paulo, sul de Goiás, norte do Paraná, partes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro.

– O dialeto nortista é o que se estende pela maior área geográfica. Mas por abranger em grande parte a região da Amazônia, é falado por grupos que se localizam distantes uns dos outros. O resultado é que os estudiosos identificam a existência de subdialetos, ou seja, formas diferenciadas de usar o mesmo dialeto.

Os idiomas, como afirmam os linguistas, são a expressão da vida e da cultura dos seus falantes. E a “língua brasileira” não foge a essa máxima, retratando a imensa diversidade cultural do Brasil.

A coluna deseja um final de ano de paz e harmonia e faz votos de um grande 2022 para todos. Até a próxima, pessoal!


*Graduado em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, Revisor da Revista Appai Educar, Colunista da Appai, Escritor e Mestre em Literatura Brasileira.


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