Elogie seu aluno!

Estudo mostra que estudantes elogiados pelos professores tendem a ter sucesso escolar


No trabalho, em casa ou no dia a dia, um reconhecimento funciona como um grande incentivo para a maior parte das pessoas. E não é diferente com as crianças, afinal quando elas são elogiadas, sentem-se mais confiantes e motivadas para enfrentar novos desafios. É isso que diz um estudo divulgado pela Universidade Brigham Young realizado durante três anos. Foram pesquisadas cerca de 151 turmas em 19 escolas primárias diferentes nos estados norte-americanos do Missouri, Tennessee e Utah, observando a interação dos professores com um total de 2.536 alunos entre 5 e 12 anos, desde o jardim de infância até ao sexto ano.

A pesquisa realizada revela que, quanto mais um educador elogiar seus alunos no ensino primário, maior é a tendência para eles obterem mais sucesso em nível escolar. Enquanto a exaltação das qualidades está ligada ao sucesso escolar de um estudante, palavras de reprovação estão relacionadas à falta de vontade de cumprir as instruções dos professores e ao mau comportamento. Por cada repreensão, um docente deve dar três ou quatro elogios ao seu aluno, indica o estudo.

Paul Caldarella, um dos professores que fez parte da investigação, afirmou, durante uma entrevista concedida ao canal de televisão CNN, que, mesmo nas situações em que existam tanto repreensões como elogios, o bom comportamento dos alunos em tarefas atingiu 60%. No entanto, os educadores que aumentaram a proporção entre elogios e repreensões, para 2 por 1 ou mais, obtiveram melhorias na sala de aula por parte dos estudantes.

Aqui no Brasil, o professor Toru Kumon, criador do método Kumon, sempre foi um grande defensor dos elogios como ferramenta motivacional. Ele destaca, porém, que para adotar esse recurso é preciso ter sensibilidade. Segundo Bruna Duarte Vitorino, especialista na metodologia criada pelo educador, “o elogio que não é verdadeiro ou só é feito para agradar não causa nenhum efeito. É preciso deixar muito claros os motivos pelos quais a criança está sendo elogiada, com base em ações e atitudes concretas”, enfatiza.

As palavras de Bruna fortalecem o sentido em que, de fato, as crianças precisam de expressões positivas como uma forma de recompensa para ajudar na sua motivação com as tarefas escolares, principalmente quando estão alcançando novos objetivos, mas que isso não significa que, para motivar seu aluno, você precisa recompensá-lo cada vez que ele fizer algo de bom. “O mais importante é ter em mente que isso deve fazer parte da rotina escolar, compreendendo os momentos mais oportunos para tal. O objetivo é oferecer oportunidades para que se tornem crianças automotivadas”, ratifica Bruna.

De acordo com a psicopedagoga Luana Flores, de Curitiba, as crianças podem se tornar automotivadas quando sua curiosidade natural é encorajada e apoiada, pois dessa forma tendem a fazer as coisas simplesmente porque gostam de fazê-las. “Muitos alunos perdem a autoconfiança após muitas broncas por não conseguirem boas notas. Sem esse respaldo eles param de acreditar que são capazes de aprender e começam a evitar o contato com aquela matéria”, intensifica Luana.

Para Bruna, elogiar uma criança proporciona a ela a oportunidade de expandir seu potencial e também funciona como incentivo para os estudos. “É algo que deve ser feito de forma verdadeira”, afirma.

Sugestão de olho: Elogiar é algo que deve ser feito de forma verdadeira

Por fim, os especialistas da pesquisa concluíram que, quanto mais palavras positivas os professores direcionavam aos seus alunos, mais melhorias na cooperação e atenção existia da outra parte. Aqueles que mais elogiaram os estudantes viram até 30% mais comportamentos colaborativos da parte deles comparativamente a outros educadores.

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5 dicas fundamentais para você colocar em prática essa poderosa ferramenta com os seus alunos

1. Encontre pontos concretos. Elogie a ação do aluno e não somente traços da sua personalidade.
2. Não deixe para depois. Faça o elogio no momento em que a boa ação acontece.
3. Evite palavras desnecessárias. Para ser bem compreendido não é preciso fazer grandes discursos.
4. Sempre compare o estudante com ele mesmo, e não com outras crianças, para que ele perceba seus próprios avanços.
5. Elogie com amor e cuidado. As crianças percebem quando são reconhecidas verdadeiramente.


Por Richard Günter
Fontes: Universidade Brigham Young | Kumon | Globo Educação
FOTOS: Banco de imagens


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