Seu aluno não liga a câmera durante a aula on-line?

Confira algumas estratégias para incentivá-lo a participar mais ativamente das aulas remotas


Quando o assunto é “ativar a câmera” da plataforma de ensino remoto, muitos alunos sentem vergonha de aparecer e os professores não podem forçá-los a isso, de acordo com o conselho de educação e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O pedido precisa ser algo bastante natural, da mesma forma que a instituição de ensino não pode obrigar o estudante a comparecer nos módulos presenciais.

Seja por insegurança ou até mesmo desmotivação, a maioria dos estudantes prefere permanecer com a câmera desativada. Essa ação não apenas diminui o aproveitamento das aulas como também proporciona uma experiência ruim para ambos os lados.

Mas é nessa hora que a relação aluno-professor deve estar fortalecida. Uma vez que o estudante confia no educador e sente que é bem-vindo por ele, as barreiras que causam desconforto em deixar a câmera on-line podem ser rompidas. De acordo com a pedagoga Juliana dos Santos, de Gravataí/RS, para compreender melhor o que os discentes estão sentindo, é preciso em primeiro lugar fazer uma pesquisa anônima com as turmas, que pode ser realizada gratuitamente pelo Google Forms. Assim, as ações posteriores podem ser propostas para solucionar os impasses de maneira mais efetiva.

É preciso enfatizar também que é primordial ter um olhar amplo para o ambiente da sala de aula virtual. A incomodidade do estudante pode ter como causa inúmeros fatores, como: dificuldades com a matéria, falta de motivação, problemas em casa, cyberbullying, dentre outros motivos. Por isso, é preciso ter sensibilidade para assimilar o que os alunos estão sentindo nesse momento.

Sem sombra de dúvidas, outra proposta interessante é o diálogo aberto com as famílias sobre a importância de ligar a câmera durante as aulas. Esse assunto não pode ser deixado de fora das reuniões de pais, especialmente porque ainda não se sabe até quando o ensino remoto deverá permanecer. E o desempenho dos estudantes está muito ligado às interações que ele faz com o docente. Nesse aspecto, a direção pode ser bem firme com as famílias para mostrar que o processo de aprendizagem não depende apenas dos educadores, que do outro lado da tela os alunos também precisam se envolver com as atividades propostas. Ainda que o ambiente seja dividido com os irmãos ou até mesmo com os pais em home office, o microfone do aluno pode ou não ficar ligado.

Com prática e persistência, no entanto, você pode chegar a estratégias que funcionam.  Os alunos precisam de alternativas, incentivo ou confiança para ligar as câmeras, e é provável que haja uma solução adequada para sua turma. E, como estamos aqui para ajudar você, professor, nessa importante missão, seguem abaixo 10 estratégias sugeridas à Revista Appai Educar, pela pedagoga Juliana dos Santos, que podem ser usadas com os estudantes.

– Substitua a ordem pela sugestão: palavras de ordem não costumam funcionar muito bem com as crianças pedagogicamente. Assim como os adultos, elas não gostam de ser mandadas e a ordem acaba gerando uma sensação de medo, como um tipo de ameaça. Por exemplo, em vez de falar “eu quero”, impondo aos alunos algo ou sugerindo que eles agradem o professor fazendo o que ele quer, utilizar “eu espero” mostra uma sugestão. Assim, eles se sentirão mais livres para tomar as próprias decisões.

– Utilize jogos: os alunos ficam muito mais animados quando o assunto é jogar on-line e, nesse caso, podem se sentir mais motivados a mostrar o rosto. Existem vários tipos de games que podem ser utilizados através do Zoom, como Pictionary, Monopólio, Xadrez, Caça ao Tesouro e assim por diante. Essa é uma ótima estratégia, que tem grandes chances de funcionar.

– Permita gravação de vídeo: vai passar uma tarefa na qual os alunos precisam mostrar o rosto? Você pode sugerir aos mais tímidos para gravarem um vídeo e enviarem no privado. Dessa forma, eles aparecem, mas não precisam se expor para a turma inteira. É bem provável que essa estratégia o ajude a perder a timidez com o passar do tempo.

– Use momentos para quebrar gelo: experimente atividades de construção de comunidade que incentivem o uso da câmera. Por exemplo, peça aos alunos que “encontrem a maior coisa amarela em sua casa que você possa trazer com segurança para a câmera”. Como uma variação, é possível criar uma lista de itens de materiais escolares e pedir para quem tem à mão mostrar na câmera.

– Vote ou compartilhe o entendimento: peça aos alunos que votem com o polegar para cima ou para baixo em um tópico ou faça uma votação para a turma em que eles utilizem de um a cinco dedos da mão, um sistema simples que pode envolver os mais relutantes e construir consenso dentro de um grupo.

– Incentive os alunos mais extrovertidos a usar suas câmeras: os melhores exemplos de comportamento provavelmente já estão em sua sala de aula. Considere usar um formulário on-line para pedir aos alunos que indiquem três colegas com quem eles gostariam de estar em uma sala virtual simultânea ou com quem adorariam trabalhar em um projeto em grupo. Os estudantes com mais pedidos são provavelmente aqueles com mais capital social, o que faz com que possam ser modelos positivos para atividades que demandam a câmera ligada. Você também pode considerar o uso de um sociograma (ferramenta para mapear as relações de amizade) para identificar quem são os principais exemplos de comportamento quando se trata do uso da câmera.

– Envie uma mensagem privada no chat: use o recurso de bate-papo para dar as boas-vindas ao aluno, conversar com ele e incentivá-lo a ligar a câmera.

– Incentive a adoção de fundos virtuais: pode ser que um aluno resista ao uso de sua câmera por causa do ambiente doméstico, então ensine-o a usar fundos virtuais do Zoom ou apresente-o ao Unscreen (site que remove fundo da imagem).

– Informe os alunos quando as câmeras podem ser opcionais: faça um debate com sua classe sobre quando é bom desligar a câmera e quando é melhor ligá-la. Discutir regras opcionais e ter rotinas com o equipamento ligado são ações que fornecem aos alunos previsibilidade e autonomia.

– Peça aos estudantes que sugiram mais alternativas: seus alunos podem ter sugestões sobre outras maneiras de participar e difundir seu aprendizado visualmente. Muitos educadores descobriram que é comum compartilharem vídeos em redes como TikTok, Vimeo, em canais privados do YouTube ou contas do Instagram, por exemplo!

Agora que você já tem diversas dicas de como engajar seus alunos a participarem mais ativamente das aulas com a câmera ativada, aplique alguma dessas estratégias e depois nos conte se surtiu efeito. Queremos saber o resultado com a sua turma. E-mail: redacao@appai.org.br


Por Richard Günter
Fontes: Planeta Educação | OAB | MEC
Fotos: Banco de imagem


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