As muitas artes de aprender

Professores criam sala de percepção visual como meio de aprendizagem


Após um longo período longe da sala de aula, o retorno das crianças de 2 a 4 anos da Creche Municipalizada Urias, localizada em Parque Maitá, distrito de Piabetá, em Magé, foi marcado por um ambiente em que a arte de brincar, acolher, colorir e sorrir as aguardavam de braços abertos.

Com o objetivo de criar um espaço acolhedor onde as crianças pudessem retornar às aulas de forma que encontrassem um ambiente seguro, caloroso, mas favorável ao desenvolvimento das práticas pedagógicas, a equipe docente da creche, juntamente com a direção, recriou a sala de artes de forma lúdica.

De acordo com a gestora escolar Fabrícia Rocha Corrêa Berto, no início do ano letivo, antes mesmo dos alunos iniciarem as aulas, foi proposto aos 14 professores da instituição a criação de um ambiente motivador para o retorno às aulas. “Pensamos exatamente no lugar onde a creche está inserida, sem acesso a teatro, cinema ou museu, onde não existe a cultura e prática das artes. Então começamos a imaginar um ambiente lúdico, prazeroso e que também fosse favorável ao desenvolvimento de habilidades motoras e visuais”, relembra Fabrícia.

 

Mãos à obra!

Até aquele momento o que a escola tinha era apenas uma sala de brinquedos que precisava passar por uma reorganização. Não satisfeita, toda a equipe começou um grande movimento de transformação abraçando a ideia. Então cada professor estimulado foi trazendo peças para montar a sala de artes, conta Fabrícia. “A ideia é que tivéssemos um ambiente em que fosse possível o desenvolvimento de atividades gestuais, verbais, onde o aluno estivesse voltado totalmente para as práticas das artes visuais”, ressalta.

Como todo bom brasileiro que não desiste nunca, a falta de recursos disponíveis não foi suficiente para desanimar ou desmotivar os professores, conta uma das docentes emocionada com o resultado dessa iniciativa. Tudo pronto, faltava uma maneira simbólica de identificar aquele novo espaço tão cheio de afeto e esperança. “A sala recebeu com muito carinho o nome de um antigo aluno falecido, que está sendo preservado a pedido de sua mãe. No final, a sala de artes estava completa. A ideia cresceu e resolvemos também fazer em outro ambiente um cantinho destinado à leitura”, destaca Fabrícia.

A paixão pelo que se faz, aliada à competência do corpo docente, somada à alegria e disposição dos pequenos, motivados por seus familiares, têm sido um dos principais ingredientes na transformação didática e cultural da Creche Urias

 

Um retorno pra ficar marcado nos corações

A fim de que aquele (re)começo fosse prazeroso e significativo, os professores tiveram a preocupação de fazer com que a sala de artes não fosse apenas mais um espaço na creche, mas que ali os alunos, da faixa entre 2 e 4 anos, pudessem vivenciar uma experiência única depois de um longo período em casa em que estiveram distantes do ambiente escolar.

Hoje a sala de artes é usada semanalmente, e as propostas, de acordo com a gestora da creche, vão acontecendo e as atividades sendo desenvolvidas com a interação das professoras. “Neste espaço eles conhecem cores e suas associações, fazem projetos, confeccionam trabalhinhos, utilizam a sala de diversas formas”, afirma uma das tias da creche.

 

A participação dos pais é fundamental em qualquer processo

Um outro ponto destacado pelos docentes foi, e continua sendo, a participação dos pais das crianças que acompanham todas as atividades através das redes sociais. Segundo eles, a participação ocorre por meio da interação nos grupos de whatsapp, através de comentários que refletem a satisfação com os avanços dos filhos, conforme aparece em postagens constantes que são feitas pela creche.

Ao falar sobre o envolvimento dos pais na prática pedagógica, Fabrícia frisa que o principal papel deles e da família como um todo é estimular a criança, acompanhar as atividades e fazer a ponte entre a escola e a casa, levando a informação para o ambiente doméstico. “É o nosso principal objetivo”, enfatiza a professora, sem perder de vista os desafios vencidos e os muitos a vencer.

 

Ensino híbrido para os pequenos: é possível?

Quando o assunto é ensino híbrido entre os pequenos, a gestora escolar diz saber das dificuldades dessa metodologia na Educação Infantil e principalmente na escola pública. Porém, para ela, com esse novo movimento por que o mundo está passando a educação precisou ser reinventada e isso também se deu na esfera infantil. “Sim, é possível educar de forma híbrida, através de ações conjuntas entre família e escola. Estamos nos empenhando para que isso aconteça e aqueles que optaram pelo estudo remoto não estejam em desvantagem”, argumenta.

 

Os desafios existem para que os problemas sejam solucionados

Segundo o corpo docente, o desafio é diário, sobretudo, na questão da segurança para manter a cada dia todos os protocolos de segurança e principalmente motivar a criançada. “Neste momento tão delicado, cuidar dos procedimentos sanitários na educação infantil é muito desafiador, ainda mais quando se trata de crianças de dois a quatro anos de idade tendo que ficar distantes um dos outros e ainda utilizando máscaras no ambiente escolar. Com o empenho de todos, família e escola, temos conseguido conscientizar sobre a importância desses protocolos para a segurança de todos nós e a permanência das escolas abertas”, acentua a Gestora.

Um outro aspecto bastante presente no convívio escolar tem sido as perdas familiares, por conta da pandemia, realça Fabrícia. “Muitas vezes nos deparamos com as famílias enlutadas e nesse momento precisamos dar força e incentivá-las a permanecer com suas crianças no ambiente escolar com disposição de aprender”.

No dia a dia da creche é uníssona a busca pela confiança diária na vida dos educadores e educandos. “A cada dia, para nós professores e também a mim como gestora, ter nossos pequenos de volta nos traz esperança de dias melhores. O sorriso de um aluno por trás de uma máscara é algo que precisávamos sentir e vivenciar”, finaliza Fabrícia, destacando que, mesmo em meio às adversidades, o que mais emociona o professor ainda é a capacidade de trazer a felicidade para os seus alunos e de vê-los tendo a possibilidade de aprender.


Por Antônia Lúcia
Creche Municipalizada Urias
Rua F, nº 35, Parque Maitá – Piabetá – Magé/RJ
CEP: 25915-000
Tel.: (21) 3661-6231
Gestora escolar: Fabrícia Rocha Corrêa Berto


Podemos ajudar?