Saiba o que vai mudar com as implementações da BNCC 2021 para os anos finais escolares

Com a mudança repentina do ensino escolar, que teve de se adaptar para atuar a distância, por conta do isolamento social, o Novo Ensino Médio, que já vinha sendo discutido, acabou se deparando com outros assuntos urgentes, como o planejamento do ensino remoto. Neste ano, a implementação voltou com força total e alguns estados já estão aptos a aderir ao novo modelo que transforma essa fase escolar.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), divulgada pelo Ministério da Educação, o aprendizado foi organizado por áreas do conhecimento, o que gera necessidade de olhar para o ensino de uma maneira menos fragmentada, abrindo oportunidades para uma integração curricular efetiva.

Entre as propostas está a promessa de mudar as relações da escola perante o aluno, de modo que ela se conecte à realidade dos estudantes, que devem assumir um maior protagonismo, segundo o que é proposto pela pasta. Alguns estados pretendem adotar o projeto de vida como componente curricular, mas é essencial que, independente da opção realizada, ele seja apresentado de forma transversal no dia a dia, trazendo assim uma mudança estrutural para a escola com foco em criar, para além dela, uma nova trajetória para os jovens.

Outro ponto crucial, que já é altamente discutido nas rodas educacionais, é o incentivo ao protagonismo do aluno, deixando a escola como mediadora de sua formação. Este ponto tem causado bastante entusiasmo entre os docentes, já que eles poderão inserir questões socioemocionais, permitindo que se trabalhe os sonhos dos estudantes.

A professora Carla Cabrero já lidou com essa experiência que em breve vai estar presente em todas as escolas. Nas duas instituições estaduais em que leciona, a Chico Anysio e a Gilson Amado, no Rio de Janeiro, embora já se trabalhe com as competências gerais da BNCC, ainda haverá adequações como o chamado itinerário formativo. “Esse ano vai servir de ‘intensivão’ para abordarmos todo esse conjunto de mudanças (trazidas pela reforma e pela Base), ainda mais quando retornarmos para o presencial, no estado”, ratifica Carla.

Atualmente, o Rio de Janeiro está em processo de consulta pública para efetivar o Novo Ensino Médio de acordo com a BNCC 2021. No modelo atual, o aluno não tem caminhos optativos para sua aprendizagem. Todos os estudantes estudam os mesmos componentes curriculares ao longo de toda a etapa de ensino. Com a nova proposta, eles devem cumprir um currículo mínimo comum de todas as áreas do conhecimento e ainda terão uma parte flexível, os “itinerários formativos”. Eles poderão seguir um dos três modelos propostos, de acordo com o documento:

■ Modelo A: o aluno opta por um itinerário com conteúdo predefinido pela escola ou rede. Ele pode escolher Língua Portuguesa e abordar componentes pertencentes a esta trilha curricular. Além de ser um modelo mais fechado, o estudante não tem tanta flexibilidade, apesar de poder migrar para outro itinerário ao longo do ano letivo.

■ Modelo B: o estudante tem que escolher um itinerário mais predefinido e, durante este percurso, escolher unidades eletivas. Esse modelo dá autonomia ao aluno, que pode combinar as disciplinas de acordo com seu interesse, promovendo sua formação pessoal e profissional.

■ Modelo C: o discente percorre uma trajetória livre, escolhendo um itinerário e as unidades que vão compor este caminho.

Mas a escola pode escolher um modelo diferente daquele que a rede selecionou? Quem determina esse modelo é o sistema de ensino, o conselho do território. Ou seja, uma escola estadual não pode adotar o modelo A se sua rede optou pelo modelo C, por exemplo.

Apesar das grandes expectativas em torno do Novo Ensino Médio, que pode transformar uma nova geração, é preciso que a gestão escolar esteja atenta a esse assunto, pois a BNCC traz o que é essencial, desafiando o professor a tornar o ensino atrativo.

Para ter acesso ao documento completo, acesse: basenacionalcomum.mec.gov.br/

Por Richard Günter
Fonte: MEC
Fotos: banco de imagem