Como gamificar sem tecnologia?

Descubra como aplicar a metodologia em sala de aula


Quando falamos de gamificação, muitas pessoas associam a tecnologia a altos investimentos financeiros, o que nem sempre é possível, ainda mais se tratando da realidade de muitos educadores e escolas espalhadas por diversas regiões do Brasil. A aprendizagem baseada em jogos pode ser viabilizada a partir do uso da tecnologia, mas essa não é a única maneira de aplicar a metodologia.

Os professores e escolas que conseguem desenvolver jogos – mesmo os que não exigem o uso de tecnologias de alto custo – podem ter em mãos uma ótima ferramenta de aprendizagem, já que é capaz de unir na mesma atividade e de forma simples o lúdico, o colaborativo e o conteúdo curricular.

Como qualquer metodologia educacional, a aprendizagem baseada em jogos não tem um modelo pronto, mas existem alguns passos que podem ser seguidos para começar a aplicá-la. O professor de história Rodrigo Araújo, vencedor do Prêmio Educadores Inovadores, da Microsoft, com um projeto de gamificação desenvolvido em Sorocaba, acredita no protagonismo do estudante para a criação do jogo e no uso das redes sociais para divulgação e organização do trabalho produzido.

A primeira dica que o especialista dá para tornar essa realidade possível – mesmo quando uma escola não tem recursos – é conhecer a comunidade e, a partir dela, trazer histórias próximas e mais comuns aos alunos para serem utilizadas como temas dos games. “A partir daí, por exemplo, pode-se desenvolver tabuleiros gigantes, onde as próprias crianças são as peças. O resultado será um enorme exercício de tecnologia social para a educação”, afirma.

Os especialistas do Education Dive e do Mind Shift sugeriram 6 passos para começar a gamificar na escola. Confira!

alunos jogando

1. Defina os resultados esperados

Antes de tudo, o docente precisa determinar onde quer chegar com a aplicação do jogo. Vale fazer uma lista para definir se o objetivo é adquirir habilidades (intelectuais, cognitivas e motoras) ou inspirar novas atitudes por parte dos alunos.

2. Escolha o tema

Pode ser um desafio, ideia ou tema, desde que seja amplo o suficiente para ser usado até o final do processo de ensino. O intuito é fazer com que os alunos desenvolvam todos os requisitos de aprendizagem escolhidos no decorrer do jogo. Assim, ele será capaz de realizar todas as etapas.

 

3. Crie a estrutura do jogo

Entenda como o jogo vai funcionar, desde o seu princípio até as atividades práticas. Determine onde e quais serão os desafios que os alunos vão encontrar em cada uma das etapas.

Um exemplo citado pelo professor Rodrigo é recolher informações sobre um museu e depois cada equipe produzir um tabuleiro com casas e jogando dados desenvolvidos por eles próprios. Ao cair em uma dessas casas (que terá informações sobre o museu pesquisado), cada aluno deve cumprir a tarefa proposta, como responder a uma pergunta, voltar três casas ou desafiar outro membro.

Nas revoltas regenciais, por exemplo, o educador dividiu os alunos em quatro grupos, cada um responsável por um evento: Sabinada, Balaiada, Cabanagem e Farroupilha. Depois de criarem os tabuleiros, que se pareciam com os do jogo Detetive, eles produziram as cartas com soldados, personagens históricos e fictícios e começaram a investigação.

 

4. Faça um projeto das atividades

Estabeleça conexões com o conteúdo da disciplina, determinando onde será necessário recordar determinados assuntos, questionar os alunos e oferecer feedback sobre o aprendizado.

 

5. Monte os times

Há um estímulo ao aprendizado quando as equipes criam desafios umas às outras. Divididos em times, os alunos são obrigados a lidar com a competitividade e com as relações de igualdade e ética que o ato de jogar impõe.

diversão na sala de aula

 

6. Aplique os jogos

Na hora de jogar, é importante lembrar que, em meio a tantos desafios e novos aprendizados, os estudantes precisam ter liberdade para fazer suas escolhas e se divertir. Bom jogo!

O educador ressalta que os alunos têm total liberdade, por exemplo, para escolher os personagens e o enredo do jogo, mas tudo depende desse tema. Se o game desenvolvido for ambientado no período da colonização, o personagem não pode usar um automóvel. No máximo um carro de boi. “O papel do professor é acompanhar para fazer os ajustes necessários para manter o caráter didático. A criatividade se desenvolve com exercícios de inovação mas, antes de mais nada, o docente precisa trazer referências com outros games, desenhos animados, fotografias e boas histórias para ampliar a imaginação dos alunos”, finaliza.


Por Jéssica Almeida
Fontes: Porvir, Edudemic e Mind Shift.


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