A cultura digital é pra você!

Entenda por que a escola e o professor devem apostar nessa tendência mundial


A geração que “vai dormir e levanta com um celular” pode usá-lo como ferramenta para aprender? Claro que sim! E a Appai mostra pra você como e por que trazer essa realidade para dentro da sala de aula. Atualmente, os alunos consomem e produzem muito conteúdo através da internet. Por isso, não há como chegar na escola e encontrar um ensino totalmente engessado. O mundo mudou e vem mudando, e a escola precisa acompanhar essa transformação digital.

Para criar o projeto Facilitadores em Cultura Digital na Escola, a EAD Appai foi a fundo nas pesquisas para saber o que o educador precisava para desenvolver com êxito o seu trabalho em sala de aula. Foi assim que chegaram a uma pesquisa realizada pelo Porvir, instituição voltada para inovações na educação, que ouviu jovens com idades entre 13 e 21 anos e mostrou que grande parte deles deseja ter mais voz ativa no processo de aprendizagem. Segundo o estudo, 25% dos entrevistados gostariam de escolher todas as disciplinas que vão estudar, enquanto 21% disseram que queriam ter a chance de eleger ao menos algumas delas. Já 51% afirmaram acreditar que a tecnologia não deve se restringir ao laboratório de informática.

Não é tão simples como parece!

A EAD Appai sabe que a transformação digital na escola não é uma tarefa simples. Para isso, é preciso capacitar o docente para essa realidade, e ninguém melhor do que ele próprio (depois de capacitado) para ser um multiplicador dentro da escola, entre alunos e colegas de trabalho.

A consultora da Unesco para Educação Aberta e diretora executiva do Instituto Educadigital (organização que desenvolve projetos para o uso pedagógico de tecnologias), Priscila Gonsales, ressalta que o educador só poderá ser um multiplicador se receber a capacitação para tal. “Fazer isso sem um plano de uso, uma metodologia, não tem sentido”. Ela diz que há interesse dos professores, mas eles não sabem como fazer: “Não acho que seja resistência. A jornada do profissional é pesada, e o tempo para capacitação e atualização nem sempre existe”, garante.

Priscila afirma ainda que o professor se acostumou a saber de tudo primeiro, mas, quando o assunto é tecnologia, o aluno domina tanto quanto ou até mais. “Por isso, é preciso buscar saídas mais colaborativas, trazer os jovens para construírem o conhecimento de forma conjunta”, explica.

A Appai capacitando o educador

interação utilizando o computador

Estamos passando por um processo de grandes mudanças na educação: entrada de novos recursos tecnológicos, reavaliação de currículos, aprimoramento de processos de mensuração da performance do estudante e, claro, novas metodologias de ensino. A Appai compreende essa necessidade da escola e do professor em saber lidar com tantas novidades, e por isso decidiu investir na capacitação de docentes do Ensino Básico, objetivando a aplicação prática do que será aprendido com o curso de extensão profissional livre, a fim de que ele possa ser um facilitador da cultura digital, in loco, na escola.

O intuito é fazer com que professores dos ensinos Fundamental I, II e Médio possam promover práticas inovadoras na educação, dentro da escola em que atuam, para se tornarem facilitadores aplicando a cultura digital na sala de aula. O curso híbrido é realizado com uma carga horária de 32 horas e inclui etapas através do ambiente virtual EAD Appai e encontros presenciais.

A consultora da EAD Appai, Andréa Schoch, explica que o projeto foi iniciado utilizando-se a estratégia da Sala de Aula Invertida. “Primeiro os professores acessaram o Ambiente Virtual da EAD Appai e estudaram, com o professor Marcio Gonçalves, conteúdos em vídeos e quizzes sobre Cultura Digital na Sala de Aula. Depois o grupo se encontrou presencialmente, para que todos juntos ‘colocassem a mão na massa’. Nesses encontros Marcio começou aplicando a técnica do Design Thinking, com muito trabalho em grupo e acesso aos professores de muitas ferramentas, aplicativos e conteúdos inovadores”, exemplifica.

aluno interagindo com outro utilizando o computador

Andréa afirma ainda que o trabalho foi intenso, mas muito empolgante, passando pelas seguintes etapas: entender e observar a necessidade dos alunos, usando a empatia; definir o desafio ou problema a ser resolvido, nascido das necessidades dos estudantes; criar ideias que possam resolver a questão proposta; concretizá-las por meio de um protótipo e, por fim, testar o que foi criado para solucionar o problema. “Todas as etapas foram seguidas à risca e, após concluírem o curso, os professores participantes foram convidados a aplicar em sala de aula, com seus alunos, aquilo que aprenderam e registrar por meio de relatos das suas próprias experiências”, garante a consultora.

Numa parceria na Appai entre as áreas de Comunicação e EAD, os relatos e resultados dessas experiências estão sendo explorados e socializados com mais de 500 mil professores, leitores da Revista Appai Educar. “Como educadora me sinto muito realizada podendo ver os docentes associados da Appai recebendo educação continuada com aplicação prática, uma formação capaz de motivar professores e alunos e que chega lá na escola para gerar transformação”, afirma Andréa.

Márcio Gonçalves, que é professor do projeto Facilitadores em Cultura Digital na Escola, promovido pela Appai, ressalta que usar uma metodologia que valoriza o trabalho em equipe e ter a chance da construção coletiva de soluções inovadoras para a educação foi o que uniu o grupo de professores no workshop presencial. “Esse período foi de extrema importância, pois são os profissionais que querem fazer a diferença na educação. Não negamos as dificuldades, mas entendemos que o poder do trabalho coletivo pode ser um diferencial”, completa.

O educador conta ainda que, depois de cursarem o módulo on-line, que abordava a cultura digital na escola, os professores exercitaram a criatividade e pensaram nas transformações pelas quais o ensino e a aprendizagem estão passando. “Muitos voltaram para a sala de aula acreditando e querendo contribuir para um ensino em que alunos, professores, pais e diretoria podem construir juntos”, relata.

Magno Souza, componente da Equipe da EAD, que acompanhou a turma durante todo o processo, garante que Marcio apresentou aos professores uma grande quantidade de ferramentas digitais para que eles pudessem conhecer e explorar, com o objetivo de estimular a criatividade.

Devido ao sucesso do projeto piloto, em breve, a EAD Appai deve abrir novas turmas para que outros educadores participem e se qualifiquem. Acompanhe o nosso site (www.appai.org.br) e saiba de tudo em primeira mão!

Alunos usando tablet.

Colocando a mão na massa

Esse é o caso da professora de Língua Portuguesa Bárbara Fernandes Amorim, que participou do projeto piloto da Appai e já colocou em prática o que aprendeu. Ela trabalhou a importância da linguagem corporal para produção de memes com os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Dr. Ely Combat, localizada em Duque de Caxias. “A ideia é eles perceberem a junção das linguagens verbal e não-verbal, conteúdo que é trabalhado nesse ano de escolaridade, como forma de humor e interação entre eles e o contexto de mundo que têm como experiência”, explica Bárbara.

A educadora notou que o aparelho celular era um algo comum entre quase todos os alunos, e que aqueles que não possuíam sempre pediam para usar o do colega, por isso ela decidiu fazer um trabalho com esse instrumento. “A ideia foi vincular com alguma coisa mais simples em relação à linguagem, sendo então proposto que eles criassem um meme que tivesse obrigatoriamente uma linguagem corporal deles próprios. Uma foto com o rosto que apresentasse ligação direta com uma fala vinculada, própria do estilo produzido pelo meme e, como ponto extra, que eles fizessem também um outro, mas com a foto de um colega que permitisse ser fotografado”, explica. Aos alunos que não tinham celulares foi proposto que pedissem ajuda de um colega, o que foi prontamente aceito.

Memes criados por alunos.

Durante a aula, Bárbara ensinou o que era meme e a sua intenção, pontuando a interação entre o visual e o escrito, o contexto, a intenção do locutor, a coerência entre os itens e, no caso deles, a importância da linguagem corporal, já que tinham que fazer com suas próprias fotos. Para sanar dúvidas que poderiam aparecer foi criado um grupo de WhatsApp da turma com a professora. “Expliquei que o meme só poderia ser enviado para mim, que não podia ser divulgado entre eles em conversas ou no grupo. Expus também a importância de não se divulgar foto sem autorização, para não incorrer em um possível bullying com a fotografia, e a responsabilidade que se tem com algo que é trabalhado no ambiente virtual”, ressalta a professora. Dessa forma, um não tinha acesso ao meme do outro, a menos que vissem no celular do colega. O que foi aceito e respeitado por todos.

A educadora conta que com o projeto houve uma aproximação entre ela e os alunos, e que o comportamento em sala de aula também melhorou bastante. Durante a produção dos memes, Bárbara dava o feedback e uma palavra de incentivo para os estudantes. Houve também uma troca por parte deles, com um dos jovens ensinando aos colegas o programa em que era mais fácil produzir esse tipo de conteúdo, o Meme Generator, inclusive algo que não era conhecido pela professora.

Como boa parte dos alunos não tem acesso à internet na rua, a professora baixou no celular dela e mostrou para eles. Após a entrega dos trabalhos, ela ficou muito satisfeita com o resultado. Não só pelas produções que alcançaram o objetivo proposto, mas também à interação que ocorreu entre eles no processo ao longo das semanas: mostrar ao outro o meme que produziu no próprio celular; pedir ajuda a um colega para ver a foto e se estava entendendo o que queria dizer; solicitar auxílio pra tirar foto; pesquisar memes para dar consistência a sua produção, enfim, “foi uma atividade muito divertida e prazerosa, tanto que se repetirá com outros objetivos e instrumentos para o 4º bimestre”, finaliza.


Por Jéssica Almeida
Escola Municipal Dr. Ely Combat
Rua Rio Grande do Sul, 17 – Xerém – Duque de Caxias/RJ
CEP: 25250-080
Tel.: (21) 3777-1004
E-mail: escola4.elycombat@smeduquedecaxias.rj.gov.br
Fotos cedidas pela professora
Fontes: EAD Appai, Porvir e Estadão.


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