Maus hábitos linguísticos que podemos (e devemos) evitar

Sandro Gomes*


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Vamos falar sobre os Vícios de Linguagem? Alguns usos linguísticos que praticamos no dia a dia acabam ficando comuns e populares, mas muitas vezes não estão conforme a norma culta da língua. Em geral, não se trata exatamente de “erros” gramaticais, mas de empregos, digamos, menos adequados que devemos evitar em nome da boa prática linguística. Vamos acompanhar alguns desses casos.

Ambiguidade

Acontece quando se produz um enunciado que pode ser compreendido de maneira diferente daquela que constituiu a intenção de quem falou. Veja o exemplo.

A testemunha viu o assalto do restaurante.

Nesse caso alguém presenciou um assalto enquanto estava em um restaurante ou ele ocorreu no próprio restaurante e foi presenciado pela testemunha? Como se vê, a frase, apesar de não estar incorreta do ponto de vista gramatical, peca por permitir uma dupla interpretação do enunciado. A função comunicativa fica, assim, comprometida.

Colisão

Sabe aqueles trava-línguas que se costuma propor a alguém como brincadeira? Algo do tipo: “O mafagafo guinfa uns cinco mafagafinhos”? São exemplos de colisão, isto é, uma repetição de sons consonantais difíceis ou incômodos de pronunciar. Os trava-línguas são criados propositadamente para oferecer essa dificuldade, mas há outras ocasiões cotidianas em que praticamos (e devemos evitar) colisão. Observe o exemplo.

Sabia que sua saia se sujou?

Cacofonia

Acontece quando formamos uma sonoridade pejorativa ou desarmoniosa ao juntarmos duas palavras, normalmente o final de uma com o início da outra.

Da boca dela não sairá mais frases como essa.

O time nunca ganha.

Pleonasmo vicioso

Nesse vício de linguagem, repete-se uma ideia que já está representada na sentença. Essa repetição é indesejável quando falamos de norma culta da língua. Acompanhe.

O rapaz entrou dentro da casa do amigo.

Uma construção que temos visto com muita frequência, inclusive (infelizmente!) nos meios de comunicação. Entrar já traz em si a ideia de estar dentro de alguma coisa ou lugar. Logo, o uso da preposição dentro é desnecessário, ferindo, assim, o uso adequado do idioma.

Há pleonasmos (não viciosos) onde, apesar de haver a repetição de ideias, isso acontece como uma expressão criativa, voltada para dar um maior brilhantismo à sentença. Nesse caso, o pleonasmo não é um vício de linguagem e pode ser usado sem problema. Veja o exemplo.

Palavra de rei não volta atrás.

Apesar de voltar já significar ir para trás, e portanto haver um pleonasmo, a frase cumpre bem o seu papel comunicativo, a ponto de se tornar um sucesso de fraseologia, como são os provérbios e ditos populares.

Amigos, sobre vícios de linguagem é isso. A coluna agradece por mais um ano em que vocês, leitores, nos brindaram com seu prestígio. Que um novo período de muita alegria e prosperidade esteja a caminho!


*Graduado em Língua Portuguesa e Literaturas Brasileira e Portuguesa, Revisor da Revista Appai Educar, colunista da Appai, Escritor e Mestre em Literatura Brasileira.


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