De repente… Professor!

Reinaldo Miguel de Andrade Júnior


Para início de conversa, quero relembrar a minha trajetória como estudante de escola pública, tanto no Ensino Fundamental quanto no Médio. É interessante destacar que, nos anos iniciais, tive muita dificuldade com o universo das letras, o que me fez ficar reprovado logo no primeiro ano na escola. Depois dessa situação, busquei mergulhar nesse plano com as primeiras leituras. Meu pai, como fonte de inspiração, ajudou-me com o seu incentivo, mesmo sendo um homem que não possuía formação escolar completa, mas que trazia uma fonte de conhecimento inexplicável. Sempre tive apoio dele, na medida do possível.

Com o passar do tempo, simpatizava com leituras impostas pelas professoras e, se não as tivesse feito, parecia que me faltava alguma parte. Realizava-as na curiosidade e na intenção de explorar essas narrativas. Nessa proposta, aperfeiçoava o vocabulário, conhecia novas histórias, a escrita tornava-se coerente e coesa.

No meu processo de formação escolar, sempre tive uma quedinha por Língua Portuguesa e esse gosto começou a incorporar a partir do sexto ano do Ensino Fundamental. A paixão por essa disciplina estourou mesmo na oitava série com uma professora que tinha uma didática dinâmica, prazerosa e de fácil entendimento.

Depois, no Ensino Médio, tive aula de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira separadamente. Nessas, tive um desvio dentro da minha área por simpatizar mais por Literatura, já que a professora demonstrava domínio da disciplina e proporcionava reflexões pertinentes às obras literárias, de acordo com as épocas. Nesse contexto, não deixei de gostar de Língua Portuguesa, apenas percebi que ambas faziam parte do meu currículo escolar e que havia descoberto uma disciplina, cujo nome não era falada na outra modalidade de ensino.

Ao longo do tempo, prestei vestibular e fui aprovado para Bacharelado em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por cotas, acesso de escola pública e renda inferior a meio salário mínimo. Com essa escolha, acabei não sendo aprovado na homologação de documentos, pois o somatório da minha renda e da minha mãe ultrapassaram. Obviamente, essa circunstância deixou-me desmotivado, porque era o meu grande sonho ingressar num curso de minha escolha numa instituição pública. Sem saída, no ano em que saiu o resultado do vestibular — meados de 2015 — prestei para Licenciatura em Letras-Português, na UniRitter Campus Fapa, já que a instituição tinha aberto o curso na modalidade presencial. Lembro-me de ter ficado esperançoso com esta escolha, visto como um subterfúgio para apaziguar a situação constrangedora que ocorrera na outra universidade.

Atualmente, estou me formando pela UniRitter, como futuro professor de Língua Portuguesa e essa escolha ocorreu por motivação dos estágios obrigatórios, nos quais tive a oportunidade de lecionar juntamente com as docentes que me deram aula, nas duas escolas.

Para entender realmente a minha pretensão no curso, no início não queria lecionar, mas trabalhar com pesquisa ou até mesmo com revisão de textos. O que me trouxe para a realidade de dentro da sala de aula foi a inspiração dessas professoras, que tive a oportunidade de encontrar nas minhas práticas obrigatórias no contexto escolar.


Reinaldo Miguel de Andrade Júnior é formando em Licenciatura em Letras – Português e Bolsista do Programa Residência Pedagógica, promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), na Escola Municipal de Educação Infantil Valneri Antunes.


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