Coadjuvantes, mas não tanto: conhecendo os adjuntos adnominais

Por Sandro Gomes


Conhecendo um pouco mais os adjetivos e suas facetas

Nosso tema agora será o adjunto adnominal, esse termo que desempenha função discreta na frase, mas é fundamental para a riqueza da informação presente em cada oração ou enunciado. É aquele termo da frase que está sempre próximo de um nome, indicando características e atributos. Vamos ver um exemplo.

O pessoal do evento desistiu.

Quem comete a ação de “desistir” é o “pessoal”. Por isso, assessorado pelo artigo “o” e pela locução adjetiva “do evento”, ele é o sujeito da oração. “Pessoal” é, assim, fundamental para a compreensão do enunciado, enquanto os outros dois termos desempenham função acessória, informando atributos. O “o” informa sobre gênero e número, enquanto “do evento” aponta que não se trata de um “pessoal” qualquer, mas do “pessoal do evento”. Esses termos acessórios são os adjuntos adnominais. Vamos ver alguns exemplos.

Esse professor não perdoa alunos relapsos.

Nesse enunciado, o núcleo da ação, “professor”, é qualificado por um pronome que desempenha função adjetiva. Não é qualquer professor, mas “esse” professor. Qualifica o termo mais importante do sujeito, atuando assim como pronome adjetivo.

As águas dos oceanos fazem bem à saúde.

Quem fazem bem são as “águas”. Quem indica que não são as águas de um modo geral, mas uma em especial, é o termo “dos oceanos”. Como se trata de duas palavras indicando uma só ideia (“dos oceanos” poderia por exemplo ser substituído pelo adjetivo “marítimas”), temos uma locução adjetiva, outro modo em que os adjuntos podem aparecer.

O primeiro candidato foi o agraciado com o prêmio.

Primeiro” serve de qualificativo ao núcleo do sujeito, “candidato”. Repare que, apesar de uma função secundária, se não houvesse o numeral com função adjetiva, teríamos uma mensagem bem diferente. E essa é uma importante característica dos adjuntos: são coadjuvantes e ao mesmo tempo relevantes para o conteúdo de um texto.

Adjunto adnominal x Complemento nominal

É comum que esses dois termos sejam confundidos quando se faz uma análise sintática. No entanto, trata-se de duas figuras bem diferentes.

O adjunto não é essencial em uma oração, já que é acessório a um nome, enquanto o complemento nominal aparece como necessário em determinada estrutura de frase. Veja:

Ele está muito distante do porto.
Isso que ela demonstra é amor de mãe.

No primeiro exemplo, de complemento nominal, “do porto” é um termo que obrigatoriamente precisa completar a oração, caso contrário ficaria um vácuo na informação. Perguntaríamos: “Ele está distante de quê?”. A própria estrutura da oração solicita o complemento. Outra diferença é que obrigatoriamente o complemento deverá ser precedido de preposição, enquanto nem sempre isso ocorrerá com o adjunto. No segundo exemplo, “de mãe” é um termo acessório, que qualifica o substantivo “amor”. Se não estivesse ali, mesmo assim a informação do enunciado seria compreendida, apesar de não tão completa.

Amigos, sobre adjuntos adnominais é isso. Em breve estaremos aqui abordando mais um ponto desse nosso tão fantástico idioma. Até a próxima, pessoal!


Por Sandro Gomes
*Graduado em Língua Portuguesa e Literaturas Brasileira e Portuguesa, Revisor da Revista Appai Educar, colunista da Appai, Escritor e Mestre em Literatura Brasileira.


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