Ensinar é bom, mas potencializar centenas de milhares é inspirador

Nesta edição, conheça alguns educadores e seus projetos que estão fazendo a diferença no Brasil e qual a visão que seus alunos têm sobre seus educadores


Eles são os responsáveis em grande parte pela formação dos inúmeros outros profissionais que atuam em nossa sociedade. E através de suas experiências e sabedorias, os professores estão cada vez mais engajados no relacionamento com os alunos para alavancar com qualidade a nova cultura de aprendizagem.

Muita coisa boa tem acontecido nas salas de aula através das iniciativas de educadores profissionais altamente criativos, que encaram as dificuldades e as transformam em aprendizado dos alunos acima de tudo. Das certezas que temos acerca da Educação no nosso país, algumas são preocupantes. Sabemos, por exemplo, que a qualidade do ensino básico é instável e que transfigurar esse quadro é um trabalho duro, mas não impossível. O que temos visto também é que incansavelmente o professor age em várias frentes, com firmeza e eficiência, para dar continuidade a essas ações.

Existem quatro elementos fundamentais para o ato de ensinar: o processo, a matéria, o aluno e o professor, sendo esse último o fator decisivo na aprendizagem, levando em conta a influência que exerce sobre a classe para ministrar as aulas.

O docente que está sempre aberto às novas experiências e aos sentimentos de seus alunos está mais propício a levá-los à autorrealização. Em todos os cantos do país, professores criam soluções que aprimoram o processo de ensino e estimulam nos estudantes o gosto pelo aprender.

Um professor de alma solidária

E certamente é este professor que tem marcado a vida de seus inúmeros alunos como Dona Domingas. Maria Domingas é aluna de Silvério Morón, aquele professor que dá aula gratuita numa praça de Botafogo. Lembra? Moradora da Tijuca, ela conheceu o professor assistindo televisão. Encantada com o projeto voluntário, resolveu tirar um tempinho no seu dia a dia para aprimorar seus conhecimentos nas disciplinas. Meio tímida, chegou de mansinho e agora está mais engajada do que nunca nas aulas. “Confesso que não sabia nada de matemática, tampouco de física”, conta a aluna aos risos.

Durante duas vezes na semana, Domingas vai à Praça Compositor Mauro Duarte para aprender com muita dedicação o que Silvério tem para apresentar e tirar dúvidas. “O nosso professor é excelente, ele tem muita paciência para explicar, é bastante didático”, revela a aluna acrescentando que este fato é o propulsor do sucesso do projeto.

Dona Domingas também destaca ainda que aulas particulares costumam ser caras e não tão eficazes, mas que com Silvério Morón, além de não gastar um centavo, em toda aula sai com algum aprendizado novo. Para ela, o projeto “Adote um aluno” é uma grande iniciativa solidária que está mudando a sua vida e de muita gente que tem dificuldade. E a repercussão tem ido além, já que professores de outras disciplinas têm se voluntariado em outros locais também. “Sou muito grata, já estou quase craque nas exatas!”, conta eufórica.

Uma nova arquitetura no ensino

Já Leonardo Pereira é aluno de um professor que ensina através do método sem paredes. Quando um educador se propõe a quebrar modelos instaurados nas instituições de ensino, das duas uma: é taxado como inovador ou os próprios pares da academia o rejeitam. Márcio Gonçalves prefere acreditar em novas possibilidades. Em suas turmas, o aluno é o produtor do conteúdo e o professor se torna mediador e facilitador, mais do que o detentor do saber.

Leonardo já teve disciplinas de Design Thinking e Metodologia Científica e recentemente fez um curso on-line com Márcio através do método sem paredes. E numa entrevista exclusiva, o jovem de 24 anos, estudante de jornalismo, revela sua relação com o professor e sua metodologia inovadora.

“Sem sombra de dúvidas, as aulas do Márcio nos libertam do conservadorismo e da tradição. O aluno tem a possibilidade de questionar, criticar e criar mantendo o conteúdo. Eu fiz metodologia científica com ele e, pensa comigo: não chega a dar arrepios quando se fala nisso? Mas com ele é tudo diferente. Realizar um trabalho de conclusão de um curso se torna prazeroso, porque não há limites de imaginação, desde que se siga o que se propõe. Levei pra vida essa metodologia. Pra mim agora pode ser tudo sem paredes”, conta Leonardo aos risos.

Para Márcio, a proposta desta metodologia é derrubar as paredes presentes no fluxo de informações, unir pessoas e ideias e espalhar conhecimento pelos espaços, como se fosse água, de forma fluida e abrangente, para que se vá além da sala de aula. É utilizar a internet como ferramenta de ajuda, não como obstáculo ao ensino. “Na prática, o professor deve fazer uso do celular como um facilitador da produção de conteúdo. As redes sociais podem funcionar como mediadoras do acesso à informação. A interação professor-aluno deve ultrapassar a sala de aula por meio de uma convivência social saudável em ambiente digital. Também é possível usar os memes da internet para ensinar e divertir. O uso consciente de lives (ao vivo) nas mídias sociais pode ensinar quanto às técnicas de audiovisual, oratória, semiótica, postura corporal e, acima de tudo, popularização do acesso a conteúdo de valor na internet. Uma nova arquitetura escolar é imaginável com a ideia de aula sem paredes”, propõe Mário Gonçalves.

Quando o videogame é o astro da escola

O projeto, que envolve toda a comunidade escolar e acadêmica, chama a atenção por sua genialidade na criatividade

Em Mato Grosso do Sul, a robótica se tornou referência no ensino da Escola Municipal Irmã Catarina Jardim Miranda. Os alunos do professor Greiton Toledo têm muito o que dizer, já que Camila dos Santos, de 13 anos, se engajou nos games após ter aula com a disciplina de matemática voltada para a criação de jogos digitais.

O Mattics, nome de batismo do projeto, foi idealizado não somente para satisfazer o gosto dos estudantes pelos jogos digitais ou para prepará-los a seguir uma carreira profissional como programadores, mas para incentivá-los, por meio das tecnologias e das atividades colaborativas, a pensar e a expressar suas ideias matemáticas de forma crítica. Assim, a atividade nasceu de uma necessidade de atender os estudantes que apresentavam dificuldade na disciplina e também para incentivar aqueles que demonstravam bom rendimento.

De acordo com Greiton, os alunos estranharam inicialmente, mas com o tempo as coisas começaram a dar certo e os alunos a se empolgar com o projeto. Logo as aulas de Matemática passaram das mais odiadas às mais queridas e disputadas.

Para a estudante Camila, o projeto não é só construir jogos, é aprender Matemática de uma maneira diferente. “Eu não gostava muito da matéria. Mas, com o Mattics, eu descobri que construir jogos vai além da conta, a gente usa variáveis, números negativos e positivos”, conta a aluna acrescentando que o projeto veio reforçar seu engajamento pela disciplina e ajudar a interligar e melhorar o desempenho nas outras. “O Mattics me ajudou também a desenvolver o português, porque a gente precisa escrever a história e falas dos jogos”, revela.

Historiando pela internet

Atualmente, todo mundo usa as redes sociais e troca experiências e conhecimentos por lá. O melhor de tudo é quando encontramos quem realmente entende do assunto disposto a ajudar e ensinar. Esse é o caso do professor Rodrigo Basílio, que oferece aulas de História gratuitas através do seu canal no Youtube, o Historiando. Não importa o local, a garagem de casa, o quarto, tudo improvisado e gravado com o celular, ele ensina História e humanidades.

Mesmo com a rotina pesada de aulas em Mogi, São Paulo e Guarulhos, ele não deixa de produzir os vídeos semanalmente. A ideia é que o acesso à informação seja igualitário para todas as classes. “Eu dou aula em vários lugares. Escolas privadas, públicas, cursinho popular, e aí eu acabo gravando vídeo no tempo que me sobra. Eu procuro pelo menos uma vez por semana produzir uma aula, enfim, para ter uma periodicidade e também atender um pouco da demanda. O projeto tem cerca de um ano e meio, focando em conteúdo de vestibular, aula sobre a história do Brasil, história geral, aulas temáticas também”, explica Rodrigo.

Democratizando a educação com cursinho gratuito

Saindo do ambiente virtual e indo para a sala de aula, o professor de Geografia Renan de Castro também faz a sua parte! O projeto “Cursinho Popular Maio de 68” foi criado por ele junto com os professores de Filosofia, Matheus Machado, e o de Artes, Thiago Kadu Capistrano, que ministram aulas gratuitas para alunos da rede pública sem condições. O intuito da ação é facilitar o acesso desses estudantes à universidade por meio da preparação gratuita para os principais vestibulares do país.

Atualmente, o projeto conta com duas unidades sediadas em escolas parceiras, a Estadual Cid Boucault e a FATEC, ambas localizadas em Mogi das Cruzes, São Paulo. E também com um timaço de professores voluntários e de extensa trajetória na docência, os quais buscam contribuir com o acesso ao ensino superior público. “A gente teve várias experiências de alunos que ingressaram em universidades públicas, ou seja, gratuitas, e também através do ProUni, Fies, inclusive concursos públicos. E a gente fica muito contente”, explica Renan.

Cada um tem sua forma de aprender!

A professora de Artes Visuais Geane Senra também é um desses exemplos de educadores que não se contentam em fazer apenas o básico! Além de trazer assuntos atuais e de extrema importância para dentro da sala de aula, ela tem a sensibilidade de entender que nem todos os alunos aprendem da mesma forma, que cada um tem sua peculiaridade e forma de expressar suas emoções. Tudo começou com uma simples frase, mas cheia de significado: “Lugar de mulher é onde ela quiser!”. O assunto acabou sendo levado à sala de aula na Escola Municipal Mozart Lago, localizada em Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, com as turmas do 7º e do 9º anos, depois que a própria educadora foi abordada de forma desrespeitosa a caminho da unidade.

Durante os debates, o grupo de estudantes surpreendeu com a participação e o empoderamento sobre o tema, mas um aluno inquieto chamou atenção da professora. Allan Fernando da Silva, transferido de outra unidade, não prestava tanta atenção por conta das rimas que gostava de fazer. Para atrair e inserir o estudante no assunto, Geane o desafiou a criar um funk no improviso sobre o feminismo. O MC 2 LL, como também é conhecido na escola, fez os versos na hora e chamou atenção da docente e dos colegas. A mensagem cantada, que falava que homem que bate em mulher precisa ser denunciado, foi gravada despretensiosamente pela professora. O vídeo, publicado em uma rede social, passou de meio milhão de visualizações, inúmeros compartilhamentos e muitos elogios.

Os alunos posam fazendo o gesto de campanha trabalhista feminina, pós-Segunda Guerra Mundial, que se popularizou nos Estados Unidos

“O sucesso do vídeo foi o que a gente precisava para fortalecer ainda mais o projeto com toda a escola. Os alunos viram o quanto é importante a mulher lutar por respeito, igualdade e ter a sua opinião levada em consideração nas decisões” explicou a professora. Para Kamilla Victória Rabelo, de 14 anos, a atitude da professora de reunir os alunos para discutir temas considerados tabus foi inédita. “Ninguém falava sobre isso na escola. Todos merecem respeito, independente de ser menino ou menina”, ressalta a estudante.

Os debates também transformaram o conceito dos alunos. É o caso de Leandro das Mercedes, de 16 anos. “O assédio era algo muito comum no nosso dia a dia. Mas basta a gente se colocar no lugar delas para ver que não é legal. Agora o nosso objetivo é abrir mais a mente das gerações dos nossos pais e avós”, relata.

Após os debates sobre o feminismo e com um grupo de alunos mais fortalecido e maduro, a professora percebeu que estava no caminho certo. Com aulas atrativas, os estudantes ficaram mais motivados e o espaço escolar se tornou mais interessante. Entre a teoria, a prática e as rodas de debates, a docente inseriu outros assuntos importantes como autoestima, diversidade de gênero, racismo e ocupação urbana. Os dois últimos temas foram apresentados em forma de arte. Os alunos foram levados a conhecer as obras do artista Jean Michel Basquiat, grafiteiro, negro e ativista.

“Discutimos muito sobre o preconceito, estudamos as obras de Basquiat e no final os alunos produziram uma arte inspirada no artista norte-americano no portão de entrada da escola”, relembra a professora. A pintura segue conservada, sem ter sofrido nenhum tipo de vandalismo, algo antes incomum no colégio. A participação ativa dos estudantes contagiou toda a escola e extrapolou os muros da unidade. O espaço escolar está mais preservado, os responsáveis estão comparecendo em maior número nas reuniões e a quantidade de matrículas vem aumentando a cada dia. “Temos uma equipe de professores e funcionários unidos e que estão sendo estimulados a inovar sempre que possível. Com autonomia pedagógica e estratégias criativas estamos fundando uma nova era na escola”, conta a diretora Marli Stuart.

É possível buscar motivação quando se fala em desvalorização na educação?

É inegável a existência de diversas estatísticas em relação à diminuição da valorização e pouca qualidade do ensino. Entre elas, uma pesquisa divulgada pela fundação educacional Varkey Gems colocou o Brasil em penúltimo lugar entre 21 países em um ranking de valorização de professores, com base na remuneração de docentes, respeito por parte dos alunos em sala de aula e o interesse pela profissão.

Neste último quesito, uma outra pesquisa, das fundações Victor Civita e Carlos Chagas, deu também indícios desanimadores: apenas 2% dos estudantes de Ensino Médio pesquisados tinham como primeira opção no vestibular carreiras em pedagogia ou licenciatura.

Mas, diante dessa realidade, conversamos com 3 jovens educadores que de alguma forma encontraram motivação para seguir os passos da docência.

Diogo Antunes, de 29 anos, é mestre em Matemática. Começou cedo sua paixão pelas exatas, mas demorou bastante a conceber a hipótese de lecionar. Desde muito pequeno sempre foi destaque na escola durante as olimpíadas da disciplina. E a forma como sua professora Analí conduzia as dinâmicas e a aprendizagem fez com que Diogo enxergasse a Matemática de forma diferente.

Ao terminar o colegial, logo ingressou em licenciatura na USP, pois estava decidido a dar aulas nos ensinos Fundamental e Médio. Ele chegou a realizar algumas aulas práticas, obrigatórias do estágio, mas, ao se formar, apareceu a oportunidade de fazer um curso de mestrado em Juiz de Fora. Por dois anos e meio viveu no campus da Universidade Federal da cidade mineira. Lá, pegou gosto em lecionar para cursos de níveis de graduação. “Eu gostei de trabalhar com os pequenos, mas fiquei muito mais realizado em formar novos matemáticos. É gratificante lecionar uma disciplina que todos nós precisamos para a vida. Eu me espelho muito na professora Analí, incentivo meus alunos a inscreverem seus projetos nos festivais e concursos, para que eles se sintam motivados”, revela Diogo.

Em Porto Alegre, Junior Andrade concluiu a licenciatura em Letras aos 22 anos. Há mais de oito dá aulas no ensino público estadual e se inspira em sua professora da sétima série. “Foi ela quem me despertou o gosto pela língua portuguesa. A didática dela era única, tento me inspirar nas minhas aulas”, conta o jovem professor. Outro ponto mencionado por Junior é o que sempre lhe questionam: “Por que você escolheu dar aula sabendo que o professor ganha pouco e tem precárias condições de serviço? A minha resposta é sempre a mesma. Este é meu dom, e foi uma professora que me despertou. Além disso, eu acredito que a educação pode mudar uma sociedade. Por isso, quero lecionar até o fim da minha vida, seguindo este propósito”, se emociona Junior.

Já Francine Pazzo se formou recentemente em pedagogia na UFRJ e seu maior desejo é trabalhar com Educação Infantil. “As crianças são o nosso futuro, e eu como educadora sei que tenho uma grande missão em inseri-los na alfabetização e no letramento. Lembro de uma professora que tinha toda a paciência do mundo comigo. Ela pegava na minha mão para escrever e me presenteou com um caderno de caligrafia, onde pude melhorar minha letra”, declara Francine acrescentando que hoje recebe muitos elogios dos pais de seus alunos por sua dedicação para com os pequenos estudantes.

O que os alunos dizem sobre a escolha do melhor professor?

PESQUISA

Com base em pesquisas educacionais nacionais e internacionais, foram apontadas as principais características dos docentes do século XXI que servem como ponto de partida para uma reflexão sobre as boas relações entre aluno e professor, que muito tem a ver na forma de lecionar.

A tecnologia e as novas formas de organização da sociedade trouxeram mudanças para muitas profissões. Assim, atualmente se repensam as formas de lidar na sala de aula. Para ensinar uma geração conectada e que vive em constante transformação, o professor também busca constante atualização.

Saber explicar bem os conteúdos: de acordo com os estudantes ouvidos nesta pesquisa, a didática é uma das características mais valorizadas em um educador. Para 54% dos 18.844 mil jovens ouvidos, um bom professor deve saber explicar bem os conteúdos.

Propor diferentes atividades nas aulas: ainda segundo a pesquisa, os jovens reconhecem um professor que consegue ir além do tradicional. Na avaliação de 31% deles, é importante propor atividades diversificadas, ou seja, ir além da aula expositiva.

Conviver, respeitar o aluno e cuidar da sua individualidade: além de saber ensinar, os alunos também valorizam docentes que sabem estabelecer um diálogo harmonioso. Numa pesquisa realizada pelo Ministério da Educação em 2018, junto com a Organização dos Estados Interamericanos e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, eles evidenciam que o professor é fator decisivo contra a evasão escolar. Ele deve conviver, respeitar o estudante e cuidar da sua individualidade.

Acompanhar alunos com dificuldade de aprendizagem: segundo a pesquisa divulgada pela Fundação Lemann, que observou 70 professores que alcançaram bons resultados de aprendizagem, o acompanhamento dos alunos com dificuldade de aprendizagem está entre as cinco principais estratégias adotadas por eles. O estudo ainda aponta outras estratégias, como a facilitação do diálogo entre os estudantes, resolução coletiva de situações-problema, leituras frequentes e experimentos em ciências.

Ser um mentor para os alunos descobrirem seus interesses e talentos: com o crescente acesso à internet, o relatório do New Media Consortium aponta que o professor deixa de ser a fonte primária de conhecimento e se torna fundamental no papel de orientação e mediação. Na mesma linha, a pesquisa School in 2030, do WISE (Word Summit for Education), mostra que 73% dos entrevistados acreditam que o professor terá como função orientar os alunos ao longo de suas trajetórias de aprendizagem autônoma.

Dominar o conteúdo, usar tecnologia e saber se comunicar: uma pesquisa que ouviu alunos, educadores e pais de instituições parceiras do grupo Unità Educacional apontou que no campo das competências técnicas é fundamental que o professor tenha domínio do conteúdo, atualização tecnológica e capacidade de comunicação.

Estimular a participação dos estudantes: conforme aponta uma pesquisa desenvolvida pelo movimento Todos pela Educação, em parceria com o Instituto Inspirare e o Instituto Unibanco, os educadores que não conhecem e nem consideram as características e demandas dos estudantes têm dificuldade de oferecer oportunidades educativas conectadas com o seu potencial, suas limitações, seus interesses e suas necessidades.

Saber mediar trabalhos em grupo: o livro “Planejando o Trabalho em Grupo – Estratégias para Salas de Aula Heterogêneas”, escrito pelas pesquisadoras Elizabeth Cohen (1932-2005) e Rachel A. Lotan, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, traz estratégias para a preparação de atividades colaborativas que impactam no aprendizado, característica considerada fundamental para um bom professor.

Ser paciente e se aproximar do aluno: de acordo com a Pesquisa Global sobre Efetividade do Professor (Global Survey of Teacher Effectiveness), produzido pelo grupo editorial britânico Pearson, os estudantes brasileiros consideram a paciência e o bom relacionamento como uma das principais qualidades de um bom professor.

Uma relação extremamente importante para qualquer estudante, independentemente da sua idade ou do seu grau de formação, é aquela que se estabelece com o educador. Quando os professores e os alunos mantêm um bom relacionamento em sala de aula, o aprendizado se torna mais eficiente e passa a existir um maior engajamento de ambas as partes.

Durante o momento de aprendizagem, todos os envolvidos trocam experiências, informações e conhecimentos. Sendo assim, a dinâmica flui melhor quando predomina uma relação positiva, o que também contribui para se manter a motivação em sala.

Filmes para inspirar!

Quer se inspirar em outras histórias e utilizá-las em sala de aula para um bate-papo com os alunos? Se liga nessa seleção de filmes que retratam como a escola e o aprendizado podem mudar vidas:

Sociedade dos Poetas Mortos

Filme de 1990, conta a história de um novo professor de Inglês John Keating, que é introduzido em uma escola preparatória de meninos, conhecida por suas antigas tradições e alto padrão. Ele usa métodos pouco ortodoxos para atingir seus alunos, que enfrentam enormes pressões de seus pais e da escola. Com a ajuda de Keating, os estudantes Neil Perry, Todd Anderson e outros aprendem como não serem tão tímidos, seguir seus sonhos e aproveitar cada dia.

Matilda

Lançado em 1996, o filme conta a história da garotinha cheia de habilidades e que era incompreendida pelos pais, além de enfrentar problemas na escola. Porém, na sala de aula, ela encontrou a professora Jennifer Honey, que logo notou o potencial de Matilda, conhecendo melhor como era sua vida, rotina, família, desejos e anseios. Nesse filme, a professora nos dá uma aula de afeto e preocupação, que nos faz repensar a importância do professor em não apenas ensinar o conteúdo, mas em ser participante ativo da vida e das decisões dos alunos.

Preciosa – Uma História de Esperança

Lançado em 2009, o filme conta a história de Claireece Preciosa Jones, uma jovem com 16 anos que é alvo de discriminação na escola e na rua por ser negra, obesa e por ter engravidado na adolescência. A trama em si toca em temas polêmicos como abuso sexual dentro de casa, preconceito, violência e falta de oportunidade para os mais pobres. O papel do professor está presente no filme quando Preciosa encontra a Mrs. Rains em uma instituição educacional em que a jovem é enviada após ser expulsa da escola. Lá a professora incentiva os estudantes a pensarem, escreverem e expressarem seus sentimentos como forma de aprendizado e libertação. E também mostra a importância dos professores quando o assunto é ir além dos conteúdos e entender o contexto em que o aluno vive, suas experiências e vivências de mundo.

Entre os Muros da Escola

Lançado em 2008, o filme conta a história de François Marin, que trabalha como professor de língua francesa em uma escola, localizada na periferia de Paris. Ele e seus colegas de ensino buscam apoio mútuo na difícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam algo ao longo do ano letivo. Marin tem na escola jovens problemáticos, violência, tensões étnicas entre os alunos, o que testa sua paciência e, mais importante, sua determinação como um educador.


Por Jéssica Almeida e Richard Günter
Fontes: Ministério da Educação, Secretaria Municipal de
Educação, Porvir, Victor Civita, Fundação Lemann


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