O lúdico na dimensão humana


Em nossa sociedade escutamos diariamente a expressão “seja lúdico”, principalmente por aqueles que atuam no campo educacional com professores. Apesar de tal associação, ainda algumas pessoas mencionam o lúdico com referência ao ato de aprender de uma criança em seu percurso escolar. Em uma das palestras que realizei recentemente em São João Del-Rei, em uma instituição privada com a participação de professores, educadores e pais, ouvi deles que lúdico é brincar com a criança. Assim questiono: será que o lúdico exclusivamente marca a infância? Afinal, você, meu colega: o que é lúdico?

No entanto, o lúdico é a essência de qualquer ser humano, sendo este criança, jovem, adulto e até mesmo um idoso. Ele é intrínseco ao homem, já dizia Johan Huizinga, no livro “Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura”, publicado no ano de 1938. Desse modo, chega-se à conclusão de que todos os seres humanos, não importa a sua faixa etária, características físicas, o lugar em que mora, habilidades e competências desenvolvidas, todos são considerados “lúdicos”, seres brincantes. Esta é a marca que nos diferencia dos outros animais, pois brincamos, imaginamos, simbolizamos, raciocinamos, criamos outros mundos, viajamos em nossos pensamentos.

Quando bebê brincamos com os nossos dedos no útero materno, chutamos, nos enrolamos no cordão umbilical. Mais à frente, passando o tempo de gestação e, por fim, saímos do útero materno começamos a conhecer e explorar o mundo brincando com as mãos. O olhar daquele que cuida (mãe, pais, avós, irmãos…) nos evolve com o afeto e aos poucos os movimentos de nossos bracinhos, o movimento de sucção para se alimentar são também maneiras de brincar, explorar o mundo aqui fora, que antes era somente percebido por meio dos ruídos, sons. Viu como somos lúdicos desde criança?!


Jonathan Aguiar é professor, pedagogo, doutorando em educação pela UFRJ e autor dos livros “O lúdico é um saber? Vozes docentes sobre o lúdico na docência do Ensino Superior” (Ed. Multifoco) e “Educação, Lúdico e Favela: quantos tiros são necessários para aprendizagem?” (Ed. Wak).


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