Pintando o sete


A história vivida, ouvida pesquisada e impressa é a base do conteúdo para a produção textual dos alunos

Você sabia que o desenho tem papel fundamental na formação do conhecimento? Ao desenhar, a criança desenvolve a autoexpressão e atua de forma afetiva com a sociedade, opinando, criticando, sugerindo, através da utilização das cores, formas, tamanhos, símbolos, entre outros. Ao valorizar a arte, o professor leva o estudante a se interessar pelas produções que são realizadas por ele mesmo e por seus colegas. O projeto Pintando o Sete da Escola Municipal Professora Leopoldina Machado Barbosa de Barros mergulhou nas tintas e promoveu uma grande pintura do conhecimento pelas paredes da instituição.

Iniciado no período da Copa do Mundo em 2018, a atividade se estendeu ao longo do ano e até hoje continua transformando o ambiente e o espaço escolar. Os alunos passam a ter papéis fundamentais como de pertencimento de sua instituição e de sua comunidade fazendo parte da revitalização da escola e seu entorno, sendo tudo realizado pelos alunos sob a observação e acompanhamento de professores e de toda a equipe de direção.

A proposta inicial foi envolver os alunos do Ensino Fundamental II, promovendo trabalhos relacionados à arte e que inserissem estudantes que tenham aptidões ou interesse no desenho e na pintura, fazendo com que sejam atores principais no projeto em questão, tornando-se autônomos em suas práticas e decisões em participar ou não.

Através das aulas, os estudantes aprenderam técnicas e formas de como trabalhar a pintura e a arte de modo a que se promovesse a transformação do ambiente escolar. De acordo com a orientadora pedagógica da escola, Danielle Viana, é muito importante manter os jovens dentro da instituição, por mais tempo através do contato com atividades culturais diversificadas. “Dessa forma, além de eles saírem da situação de vulnerabilidade a que ficam expostos nas ruas, têm acesso a uma formação mais completa”, enaltece.

Já a professora Renata Mendes Felicio conta que durante as aulas de pintura os alunos tiveram a chance de ampliar seu universo, indo além do cotidiano. “Percebi uma melhora na autoestima dos estudantes, principalmente durante a execução do projeto. Outro aspecto importante é que aproveitamos durante as aulas para trabalhar literatura, geometria, biografias, entre outros conteúdos”, relata.

O maior desafio do trabalho foi mostrar que o lúdico é tão importante quanto os outros conteúdos para a formação completa de um cidadão com senso crítico, sensibilidade apurada e senso estético dentro do contexto em que está inserido. “É muito gratificante perceber que esses jovens se superam a partir de um trabalho que crê que todo educando tem capacidades, e cabe ao educador retirar as barreiras”, diz Renata Felicio.

Para que fosse possível concluir com êxito o projeto, os alunos estudaram geometria, literatura, além do senso crítico. O entusiasmo dos jovens também foi responsável pela renovação dos ambientes da unidade escolar

Uma das principais referências aplicadas neste projeto foram as ideias de Paulo Freire alinhadas ao pensamento teórico de Mikhail Bakhtin, em relação à (re)construção da identidade do homem a partir de sua autopercepção como sujeito de uma voz e do reconhecimento das circunstâncias históricas que permeiam todo o discurso que ele produz e no qual também se produz. Nesse processo de construção de identidade, a palavra – processo e produto da subjetividade humana – foi essencialmente dialógica. Isto é, a própria palavra tecendo a história. Por isso, este projeto teve como objetivo desenvolver a percepção, concentração, coordenação motora e a sensibilidade do estudante através do conhecimento de tendências, dos artistas brasileiros e estrangeiros e da História da Arte, além de motivar e valorizar a sua capacidade de produção.

Não à toa, o projeto Pintando o Sete se tornou um sucesso. Os estudantes colocaram a mão na massa e pintaram diversos ambientes da instituição, além de finalizar com organização e decoração, que foi o caso dos pneus que se tornaram canteiros de jardim. Na época da Copa do Mundo ainda foi produzido um painel com os dizeres “A bola rola no Leopoldina”. A fachada da escola também obteve uma nova identidade com o resultado da atividade.

“Como educadores ficamos muito felizes de ver a escola com as portas abertas, recebendo pessoas, ampliando horizontes, mostrando e fazendo arte com os alunos, ofertando a eles um leque de oportunidades para que talentos sejam descobertos, sendo vista como um local que desperta sonhos, concretiza ações e constrói uma identidade nova, despindo-se dos rótulos”, conclui Renata Felicio.

Vale ressaltar que a realização deste projeto, a metodologia de pesquisa e o projeto de implementação e transformação na reconstrução da Escola Municipal Professora Leopoldina Machado Barbosa de Barros foi apresentada à Secretaria de Educação do Município de Nova Iguaçu (Semed), setor de Pedagogia. Tendo como gestores: Maximiliano Marini Melo, Adriana de Oliveira; Orientadora pedagógica: Danielle Viana e Professora organizadora: Renata Felício.


Por Richard Günter
Escola Municipal Professora Leopoldina Machado Barbosa de Barros
Rua Nilton Tinoco, 355 – Jardim Nova Era – Nova Iguaçu/RJ
CEP: 26265-300
Tel.: (21) 3103-0747
Fotos cedidas pela escola


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