Uma narrativa entre números


Professores unem português e matemática e mostram como elas podem se complementar

O principal desafio para os professores é estimular os seus alunos. É preciso despertar na criança a criatividade e a curiosidade. Foi isso que os professores Gêrlan Cardoso da Silva, de português, e Kaique Lima, de matemática, fizeram. Uniram as disciplinas e provaram que uma pode complementar a outra com exemplos do cotidiano. Desenvolvendo assim a capacidade de interpretar, analisar e descrever tudo aquilo que sente e observa.

Tudo começou em 2015, quando a coordenadora do Proesp/Uneal (Programa Especial para Formação de Servidores Públicos do Estado de Alagoas, ofertado pela Universidade Estadual de Alagoas) propôs um desafio para ministrar uma oficina no Seminário de Literatura. Foi aí que os professores se reuniram e desenvolveram o projeto Poesia dos Números, cujo objetivo era refletir sobre as possibilidades de interação entre as duas disciplinas.

Para melhor execução do trabalho, ele foi dividido em três momentos. No primeiro, os professores buscaram “quebrar o gelo”, ouvindo a opinião dos participantes – que nesse seminário eram alunos dos cursos de Letras e Matemática, alguns já professores da rede pública do 1º ao 5º anos e dos cursos de graduação regular da IES – sobre as possibilidades de interação entre as duas disciplinas. “Foi surpreendente ver a reação deles em perceber a sincronia existente. Observamos também uma visão limitada, na qual muitos não sabiam como, mas diziam que estavam dispostos a aprender”, garantem.

No segundo momento, os educadores fizeram referências às duas áreas mostrando e refletindo que a interdisciplinaridade entre elas já vem sendo defendida por muitos. “Nesse momento percebemos que as barreiras começaram a se quebrar, pois muitos já podem enxergar que essa diferença está no campo da estrutura e não no conhecimento. Afinal, para que o aluno apreenda o conhecimento da matemática é necessário usar a língua portuguesa, como acontece em casos como os das interpretações dos enunciados, os dados dos gráficos, tabelas, entre outros”, explicam Gêrlan e Kaique. Eles lembram também que para entendermos sobre determinados assuntos na língua portuguesa usamos referências da matemática, entre elas os numerais, datas, idade, localização, peso e altura.

Já no terceiro momento, os professores mostraram a importância da matemática na composição estrutural de uma poesia e ensinaram conteúdos como a metrificação e a escansão. “Foi uma aula diferente das tradicionais, algo bem prático e com exemplos do cotidiano. Trabalhamos com músicas e poesias conhecidas, entre elas “Pais e Filhos”, do Legião Urbana, e “Soneto de Fidelidade”, de Vinicius de Moraes. Após apresentação, nossos participantes tiveram que separar metricamente e classificar em monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos. Os resultados foram excelentes!”, relatam.

Franciane da Silva Santos, professora do curso de Letras, ficou bastante satisfeita com o projeto. “Minha turma mostra-se muito motivada e participativa. Pedagogicamente, avalio a experiência como muito rica e sugiro que seja realizada mais vezes. Essa oficina teve grande valor educacional, e o conteúdo foi muito bem explorado e contextualizado. Vocês deram uma nova visão e aplicabilidade, o que prova que podemos trabalhar de forma multidisciplinar e com inovação em conteúdos que muitas vezes são apresentados de maneira enfadonha em sala de aula”, afirma Franciane.

A oficina deu continuidade a uma outra, que os docentes denominaram de “Matemática e Gêneros Textuais”, onde esses e outros alunos/professores puderam participar e ajudar no processo de debate sobre as possibilidades de aproximar mais essas duas disciplinas, vistas como distintas, mas tão necessárias uma para outra. “Podemos afirmar que foi muito proveitoso esse desafio. Afinal, a partir dele é que estamos trabalhando e desenvolvendo outros projetos e cursos de extensão nessa percepção”, finalizam os educadores.


Por Jéssica Almeida
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Fotos cedidas pelos professores

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