Juri Simulado


O intuito do projeto é desenvolver o senso crítico dos alunos sobre os temas abordados

Um dos grandes desafios em sala de aula é encontrar estratégias que motivem os alunos a participarem mais. Muitos deles têm receio de falar em público e de expor suas opiniões. Por isso, é muito importante que pratiquem essa habilidade. Afinal, o debate estimula a capacidade de reflexão e de argumentação sobre determinado assunto. Sabendo disso, o professor de Biologia Everaldo de Santana criou o projeto Júri Simulado, cujo objetivo é o crescimento dos alunos, promovendo uma troca constante entre eles e levando ao amadurecimento de novas ideias, valores e crenças.

Criado em 2015, a temática é oferecida e posta em julgamento pelo corpo docente do colégio, abordando assuntos de relevância atual, com cunho na discussão e fomento crítico social, usados como tema delineador dentro de cada disciplina. Nos anos anteriores, foram abordados temas como “Uso de animais em experiências científicas”, “Legalização do aborto”, “União homoafetiva” e “Legalização da maconha”. Para esse ano, as temáticas escolhidas foram: sistema de cotas e eutanásia.

A estudante da turma 2.011, Anna Lívia Ribeiro de Oliveira, garante que a eutanásia é um tema muito peculiar sobre o qual todos têm diversas opiniões, mas sem o real conhecimento. “Assim como qualquer outro assunto, temos apenas vagas especulações. O projeto do Júri Simulado nos levou a uma densa pesquisa sobre diversas perspectivas e olhares sobre a questão. Além disso, ainda houve o desafio de falar em público, prática a que não estamos muitos habituados, fazendo com que fôssemos motivados a construir argumentações e ao mesmo tempo idealizar opiniões contrárias no momento do júri. Foi um trabalho muito desafiador e cansativo, mas que promoveu um ambiente de debate saudável”, afirma.

A professora de Sociologia e Filosofia Flávia Regina Cruz concorda que a dinâmica ajuda os alunos a debaterem temas polêmicos, levando os envolvidos a tomarem um posicionamento, exercitarem raciocínio, expressão, além de desenvolverem o senso crítico. “É através da forma argumentária da simulação de um tribunal judiciário que os alunos nos impressionam com postura ética, fundamentação legislativa e teórica sobre os temas abordados”, explica.

O idealizador do projeto explica que a série escolhida foi o segundo ano do Ensino Médio, por se tratar de uma turma que está justamente no meio do caminho desse período escolar. “Entendemos que é o melhor momento para consolidar o senso crítico, preparando os estudantes para o desafio do processo de seleção do vestibular. Neste contexto, possuímos duas turmas, 2.011 e 2.012, ambas no mesmo turno e com a equipe docente 90% semelhante”, garante Everaldo.

Com temáticas e classes selecionadas, a turma foi dividida em dois grupos: “contra” e “a favor”, onde cada lado teria três advogados e três testemunhas. O restante da turma, dentro de cada lado, ficaria responsável em pesquisar, organizar e debater com os atuantes os argumentos e estratégias de atuação.

Com a separação e atribuições das funções, os professores envolvidos atribuíram parte do tempo de suas aulas para debater com os estudantes, dentro de cada disciplina, a sua contribuição, mantendo-se imparcial. Paralelamente, os docentes contribuíram com envio de documentos (reportagens, artigos e outros documentos) para agregar conhecimento e subsídios à atividade.

Além disso, foram realizadas reuniões mensais em sala de aula, entre o professor responsável e os alunos, para estabelecer metas e acompanhar o desenvolvimento do processo. Nestas reuniões foi decidido como seria conduzido o processo, assim como a determinação da dinâmica e condução do dia do evento, tempo dado a cada uma das partes e o que poderia ser usado ou não. Ocorreram também sessões de vídeos com filmes que remetam a tribunais e julgamento para aperfeiçoamento da prática.

No dia da culminância, o júri foi composto por todos os professores envolvidos na dinâmica. Além deles, também participaram integrantes da direção, da parte administrativa e um convidado. Todos recebem um formulário para pontuar os seguintes quesitos: obediência do tempo e dinâmica, figurino, argumentos, clareza e postura. Segundo o educador, esses critérios serviram para compor a nota do trabalho, e o grupo vencedor teria direito a um ponto extra. Após a primeira apresentação do Júri, os jurados se retiraram para a discussão do veredicto, sendo eleito um orador. Este tem a função de comentar o processo e dar o resultado.

Bárbara Feital, aluna da turma 2.012, conta que a iniciativa foi uma experiência inigualável para todos os envolvidos. “Tal atividade nos fez confrontar o conhecimento e enfrentar o desconhecido, aprimorar nosso pensamento e nos tornar bons argumentadores. Qualidades que levaremos por toda a vida! Tenho certeza de que guardaremos essas lembranças com imenso carinho”, enaltece.

De acordo com o educador, a utilização do amplo debate, na forma do Júri Simulado, acaba por estimular a construção do cidadão crítico. “A junção da pesquisa aprofundada, da construção da argumentação e da contra-argumentação em um ambiente simulado acaba por emocionar a todos nós educadores, comprovando que novas e aprimoradas ferramentas pedagógicas devem ser incorporadas na tentativa da objetivação e sucesso do processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, o colégio cumpre o seu papel junto à sociedade, quando busca, muito mais do que promover o aprendizado, originar cidadãos mais conscientes, mais éticos e mais capazes de pensar e agir de acordo com os valores construídos a partir da troca com o outro, ou seja, mais livres”, finaliza Everaldo.


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Fotos: Marcelo Ávila

 


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