Encontro explora a riqueza do folclore brasileiro e promove interatividade entre as famílias

Por Cláudia Sanches

“O Saci, preso na garrafa, sem a carapuça, vai realizar todos os seus desejos. Para prendê-lo, é só esperar uma ventania, jogar a peneira e pronto! Depois, com cuidado, coloque-o na garrafa, não esquecendo de tampá-la com uma rolha de cortiça marcada com um sinal da cruz. É melhor que o gênio da lâmpada, com a vantagem de ser brasileiro”.

Essa e outras histórias fizeram parte da apresentação da Festa do Folclore realizada no Colégio Rio de Janeiro, na Gávea. A coordenadora de Artes Arlanza Crespo explicou ao público como se prende o Saci na garrafa, segundo a tradição. Na seqüência, a professora fez uma oficina com os pais, que também fizeram o Saci em Abayomi, uma técnica de confecção de bonecos de pano sem costura. “O que prende o Saci na garrafa é o sinal da cruz, e não a rolha”, adverte Arlanza, sob os olhares atentos dos familiares, que puderam levar o seu gênio brasileiro para casa numa garrafa PET.

Na sala de música, a professora Lilia Weiz expôs as pinturas e os desenhos criados pelos alunos a partir da obra do pintor Romero Brito, cuja característica principal é o traço quase infantil, com cores vivas e vibrantes. Na 1.ª série, as crianças apreciaram algumas telas do artista que remetiam às cirandas de roda como Atirei o pau no gato, Pai Francisco e Samba Lelê. Já a 2.ª série criou um auto-retrato de bonecos articulados que representava a busca da identidade. Inspirados nos coloridos desenhos de Romero, os alunos da 3.ª série apresentaram canções do folclore de todas as regiões do Brasil. Na 4.ª série, a alegria das telas de Brito serviu de base para que a turma produzisse um teatro de sombras com histórias e músicas infantis de vários países do mundo.

Na sala de vídeo, os educadores exibiram o making of do trabalho, bem como a mobilização das turmas no decorrer da concretização do evento.

Valorizar as tradições do país é o principal objetivo do trabalho, desenvolvido com as crianças da Classe de Alfabetização à quarta série. O evento, que já há algum tempo faz parte do calendário escolar, também é aberto aos visitantes.
De acordo com a coordenadora de Artes, todos os anos as crianças apresentam novidades e sempre surpreendem o público. Nessa edição, a turma da 4.ª série produziu um livro de trava-línguas – frases com palavras de sons parecidos, transmitidas pelas antigas gerações através dos tempos. Na hora de colorir os livros, as crianças ganharam uma ajuda de peso: os pais, que além de ajudarem na tarefa, ainda tiveram que ler os trava-línguas, em público. Os da 1.ª série escreveram, desenharam e expuseram suas produções nas salas de aula.
Renato, da 2.ª série, chamava a atenção pelo trabalho que ainda estava em fase de conclusão: um livro de Literatura de Cordel, intitulado O Saci na Cidade. O primeiro passo da turma foi conhecer o gênero literário e o movimento cordelista, que surgiu no Nordeste com uma técnica de reprodução chamada xilogravura.
Segundo a professora de Artes, a técnica consiste em fazer o desenho com um objeto pontiagudo na borracha e depois passar a tinta guache de cor preta por cima, com um pincel. Depois, coloca-se o papel em cima da borracha e imprime-se a ilustração, com a ajuda de uma madeira presa em cilindro para prensar. Os livretos são presos em uma corda com a ajuda de um pregador. Por isso, o nome literatura de cordel.

A festa terminou com a visita de uma cirandeira especialista em músicas e danças folclóricas, que ofereceu o último desafio aos pais: dançar e interpretar as músicas do folclore brasileiro. E não teve jeito: pais, avós e professores caíram na ciranda e reviveram histórias de antigamente com as crianças.


Colégio Rio de Janeiro
Rua Major Rubens Vaz, 392 – Gávea – Rio de Janeiro/RJ. CEP.: 22.470-070
Tel.: (21) 2274-6348
Coordenadora de projetos: Lúcia Beatriz Alves
Fotos: Claudemiro Pereira