Estima-se que hoje cerca de 60 mil pessoas encontram-se na fila de espera por um órgão compatível no Sistema Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde. A carência de doadores de órgãos é ainda um grande empecilho para a efetivação de transplantes no Brasil. Mesmo nos casos em que o órgão pode ser obtido de um doador vivo, a quantidade de transplantes é pequena diante da demanda de pacientes que esperam pela cirurgia. A falta de informação e o preconceito também acabam limitando o número de doações obtidas de pacientes com morte cerebral.

Além desses obstáculos, ainda existem dois grandes fatores que dificultam a ocorrência da transplantação de órgãos. Um deles se deve ao fato de apenas 1% das pessoas que morrem serem consideradas doadores em potencial. O outro consiste no fato de os familiares simplesmente desconhecerem o desejo do falecido de doar seus órgãos. Segundo o SNT, foram conduzidos estudos psicológicos que comprovam que a maioria das famílias sente conforto ao saber que o desejo de seu ente querido foi atendido, quando se é conhecida a vontade de ser doador. Para os parentes, é como se a perda do familiar fosse parcialmente compensada por beneficiar outras pessoas.

Desde sua criação, o Sistema Nacional de Transplantes tem como prioridade, evidenciar, com transparência, todas as suas ações no campo da política de doação-transplante, visando, primordialmente, à confiabilidade do Sistema e à assistência de qualidade ao cidadão brasileiro. Considerado um dos maiores e mais seguros do mundo, o SNT tem se tornado uma referência internacional no tocante a transplantes, contando com 555 estabelecimentos de saúde e, aproximadamente, 740 equipes médicas autorizadas a realizar o procedimento em 23 estados da federação. O SNT perde apenas para os Estados Unidos em número de transplantes e, proporcionalmente, em relação ao tamanho de sua população, ocupando o nono lugar. O Brasil possui o maior programa público de transplantes de órgãos e tecidos do mundo através do Sistema Único de Saúde (SUS), que financia 92% desses procedimentos.

A legislação brasileira prevê doações a partir de doadores-cadáveres, depois de constatada a morte encefálica (parada irreversível e completa das funções neurológicas intracranianas); de recém-nascidos anencéfalos; e de intervivos (de órgãos duplos como os rins e pulmões, partes do fígado e pâncreas, podendo ser doado diretamente a parentes de até 4.º grau e cônjuges, ou com autorização judicial). Já a doação de sangue pode ser feita sempre, com intervalos de aproximadamente três meses e meio, enquanto a de medula óssea pode ser feita a cada seis meses sem causar qualquer dano ao doador.

Dúvidas Freqüentes

• Por que o sistema de captação de órgãos do SNT é confiável?

Quando o médico atendente diagnostica a morte encefálica do paciente, este avisa à Comissão Intra-Hospitalar de Transplante, que, confirmando o diagnóstico, mantém as funções vitais do paciente e notifica a existência de um potencial doador à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos estadual ou regional. Esta entra em contato com a família, para pedir o consentimento da doação. Caso seja aceito e formalmente autorizado por escrito, uma bateria de exames é realizada a fim de que sejam eliminadas as possibilidades de doenças que possam comprometer o transplante, como exames para AIDS e hepatite, dentre outras doenças degenerativas e infecto-contagiosas. Estando tudo certo, a Central de Transplantes faz um cruzamento de compatibilidade com os pacientes em espera, identificando o melhor receptor e acionando as equipes de captação e transplante.

• Como o diagnóstico de morte encefálica é confirmado?

Para isto, é necessário que pelo menos dois médicos, sendo um deles neurologista, confirmem o diagnóstico através de exames clínicos e complementares, que incluem eletroencefalograma e arteriografia cerebral, realizados duas vezes com um intervalo de seis horas. É importante salientar que, do ponto de vista da medicina legal, o paciente em coma é considerado vivo.

• Quem é beneficiado com os transplantes pós-morte?

Algumas doenças só têm como tratamento a implantação de um novo órgão e este é o caso de milhares de pessoas que, na maioria das vezes, esperam muito tempo por ele. Os receptores são escolhidos com base em vários critérios, como tempo de espera, urgência do procedimento e compatibilidade entre doador e receptor, envolvendo, tipo sanguíneo, histologia, tamanho e peso do órgão. Diferente da doação em vida, o doador e seus familiares não podem escolher o receptor mesmo que, em sua família, haja um receptor compatível no caso de morte encefálica.

• Quem pode autorizar a doação?

Familiares como pais, filhos, cônjuges e/ou companheiro homossexual desde que comprovada a relação de companheirismo.

A Associação Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (ADOTE) promove a doação de órgãos utilizando o seguinte slogan: “Se você não contou para ninguém que é um doador de órgãos, você não o é. Divida sua vida! Fale sobre isso!”. No endereço eletrônico www.adote.org.br, é possível efetuar um cadastro de doador e solicitar o Cartão de Doador, que poderá ser impresso ou enviado para sua residência. Dessa forma, se algo lhe acontecer, a ADOTE poderá entrar em contato com a sua família para requerer a autorização de doação.

A Appai abraça a campanha do Ministério da Saúde: Doe Vida! Doe Órgãos! Abrace essa idéia você também!

27 DE SETEMBRO

DIA NACIONAL DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Para mais informações, DISQUE-SAÚDE: 0800 61 1997


Fontes:

www.doacaodeorgaos.com.br
www.saude.gov.br
www.creco.org.br
www.ufpe.br
www.adote.org.br
www.sespa.pa.gov.br
www.inca.gov.br
Revista Isto É (fevereiro de 2003)

Colaboração: Nathalia Costa