Guerra nas Estrelas inspira projeto pedagógico

Por Jaciara Moreira

O Episódio III da série Guerra nas Estrelas – A Vingança dos Sith – foi o ponto de partida para o projeto pedagógico Mitos e Símbolos no Cotidiano. Baseado na temática do filme, o projeto teve o objetivo de trazer para a realidade dos alunos da 5.ª série do Ensino Fundamental, da Escola Municipal Ceará, assuntos até então distantes, como Mitologia Grega.

“Não adianta falar para a 5.ª série sobre civilizações tão distantes sem aproximá-las da realidade. É a aproximação que desperta o interesse. Sem ela, a gente passa o conteúdo, mas não alcança o aluno. Fica um ensino perdido”, justifica o professor de História Roberto Anunciação Antunes, idealizador do projeto.

A luta contra o bem e o mal, travada na telona, norteou todas as atividades propostas para o projeto, desenvolvido por Antunes para o primeiro semestre deste ano. Com a ajuda da professora de Língua Portuguesa, Kátia Labolita, ele procurou traçar, em sala de aula, paralelos entre o filme e a vida real.

A primeira tarefa foi levar os cerca de 37 alunos ao cinema para assistirem ao filme, que, segundo o professor, agradou muito à turma. De volta à escola, com as crianças já bastante estimuladas pelo que viram, foi a vez de discutir o que é mito, lenda, simbologia, além dos conceitos de bem e mal. Nas aulas de Português, por exemplo, foram produzidos vários textos, debates e uma redação sobre o tema O que é ser herói no mundo de hoje?

“Tudo que foi abordado no filme nós procuramos trazer para a realidade dos alunos. No caso dos heróis, queríamos que eles refletissem sobre os heróis que têm dentro de casa, ou seja, os pais de cada um deles que, mais do que vencer um inimigo, vencem as dificuldades da vida, ressalta o professor.”

Já nas aulas de História, os trabalhos e discussões abordaram as diferenças entre mito e lenda, bem e mal, certo e errado. De acordo com o professor, a turma buscou, em revistas, jornais e na Internet, notícias e fatos que mostravam esses confrontos. Em tempos de mensalão e CPIs, as reportagens políticas foram os principais exemplos do mal. O bem foi ilustrado pela atitude de um taxista que achou uma grande quantia de dinheiro em seu carro e a devolveu ao dono.

O projeto teve início em maio e durou aproximadamente dois meses. Nesse período, o interesse dos alunos pelo tema foi tanto que o professor teve de exibir, na escola, os outros filmes da série, que conta com seis partes. No final, a turma produziu um mural envolvendo todos os conceitos trabalhados.

Estímulo

Dividido em duas partes, o mural teve como título A eterna luta do bem contra o mal. Do lado do mal, estavam fotos e reportagens sobre corrupção, violência e fome. Do lado do bem, notícias positivas, entrevista com o professor Roberto e opiniões dos alunos retiradas das redações feitas nas aulas.

“Ficar do lado luminoso da vida é não seguir o caminho do mal, estudar e fazer o bem”, dizia a frase de Josiane, 12 anos.

O professor afirma que, desde que passou a dar aulas na rede municipal, há 11 anos, procura apoiar o conteúdo da disciplina em projetos, o que, segundo ele, é fundamental para o processo de ensino/aprendizagem.

“Além de ser um admirador da série Guerra nas Estrelas, o autor criou, no cinema, uma mitologia que eu achei interessante trazer para a sala de aula. O filme facilitou a aprendizagem. Algumas questões debatidas nas aulas depois da exibição dos episódios foram incluídas nas provas, o que ajudou a melhorar as notas. Aprender com prazer é fundamental”, explica Antunes, acrescentando que muitas crianças nunca tinham ido ao cinema e o projeto deu a elas essa oportunidade.

Outro ponto positivo que o docente destacou em seu projeto foi a interdisciplinariedade. Além de ser trabalhada na disciplina de Língua Portuguesa, a proposta ganhou o apoio do professor de Geografia, que aproveitou o tema para abordar conteúdos como Galaxia, Universo e Planetas. A integração vai abrir, ainda, novos horizontes para os alunos e, para o mês de outubro, já está agendada uma visita ao Planetário.

“Gosto de romper o espaço da sala de aula e, no Rio de Janeiro, há um território propício para isso. Aqui, temos vários museus e teatros. Muitos fatos da nossa história aconteceram no Rio e há alunos que não sabem disso. Quando a gente explora esses espaços, resgata a auto-estima e a cidadania. Não gosto de fazer passeios simplesmente para lazer. Organizo atividades educativas que possam dar conta de um conteúdo programático. Por isso, procuro sempre inserir os alunos em projetos. O estímulo combate a evasão escolar e o desinteresse”, conclui Antunes.


Escola Municipal Ceará
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Professor.: Roberto Anunciação Antunes
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Ilustrações: Marcos Diniz