Roraima se destacou pela riqueza do artesanato de fibra de bananeira,
uma das principais culturas da região
Rico em lendas e personagens, o folclore brasileiro fascina adultos e crianças com suas histórias marcantes, entre elas a do Boi-bumbá
As danças folclóricas de Minas Gerais encantaram a comunidade
O município de Nova Iguaçu também marcou presença homenageando a Baixada
A festa do Boi-bumbá é uma das principais expressões culturais do Estado do Maranhão
Alunos exploram diferentes culturas e fazem uma viagem histórica por diversos Estados do Brasil


Feira pedagógica mostra as várias faces do país

Por Cláudia Sanches

Falar sobre o Brasil não é tarefa fácil, mas foi esse o desafio enfrentado pelas turmas do Colégio Estadual José Bonifácio, localizado no bairro de Lagoinha, em Nova Iguaçu. Para cumprir essa façanha, professores e alunos dos Ensinos Fundamental e Médio organizaram uma Mostra Pedagógica para falar da cultura, da história e da tradição de todos os Estados brasileiros.
A feira fez parte do projeto político-pedagógico Arte e cultura no espaço escolar combatendo a evasão. Durante a culminância, houve apresentação de peças teatrais e danças típicas de cada região. Os educadores tinham como objetivo principal evitar a evasão escolar, mas o trabalho acabou por revelar grandes talentos, além de promover integração e solidariedade entre eles.
Dividindo-se em grupos, cada turma ficou responsável por representar um Estado. No decorrer do trabalho, várias tarefas foram realizadas dentro e fora das salas de aula como, por exemplo, pesquisas de campo, entrevistas e ensaios. Por ser um projeto interdisciplinar, todos os professores exploraram o tema dentro da sua área. O professor de matemática, por exemplo, enfatizou os dados populacionais e estatísticos das regiões.
Apesar de Nova Iguaçu não ser um Estado, a turma do 1.o ano, do professor de Geografia Rafael Oliveira, teve a idéia de falar sobre o município. Na porta da sala, a aluna Vânia realizou uma pesquisa para saber a opinião da comunidade escolar acerca dos problemas e das carências do município. Os itens mais lembrados foram segurança e lazer.
Para ressaltar também os aspectos positivos de Nova Iguaçu, os alunos mostraram gráficos estatísticos e falaram sobre um dos grandes destaques da economia local: a laranja, cultivo tradicional desde os primeiros anos da colonização. Por isso, assim que chegava ao evento, cada visitante era recebido com um copo do suco da fruta, feito na hora. Quem visitou o estande também pôde encontrar obras como A Mudança da Vila, do escritor Waldick Pereira, o primeiro estudioso a falar sobre Nova Iguaçu.
O objetivo do trabalho, segundo Rafael, foi contar a história do lugar e fazer as pessoas refletirem sobre o que é a Baixada Fluminense, hoje. Dentre as curiosidades mostradas na feira, uma ganhou destaque especial: a camisa cor de laranja do Nova Iguaçu Futebol Clube, cedida pelo jogador Zinho, simbolizando os laranjais.


Iguarias e musicalidade de
vários Estados Brasileiros

Um dos Estados menos conhecidos pelos brasileiros, mas muito bem representado na feira, foi Roraima. Segundo os alunos, a economia dessa região é baseada no cultivo da banana, da mandioca e do milho. Para mostrar um pouco da cultura local, o professor de História Laércio Stameck Torres, que foi aluno do colégio, apresentou artesanatos confeccionados à base de fibra de bananeira.
Sobre o Pará, a professora Flávia Fiaux destacou a pesca, os peixes típicos do Norte, as castanhas e as frutas. O Maranhão, por sua vez, foi lembrado pelo Guaraná Jesus, pelo suco de mangaba, pelo cultivo do algodão e também pelo turismo – um dos carros-chefe da economia do Estado. Já o Ceará notabilizou-se pelo esplendor do seu artesanato.
Do Rio Grande do Norte, os alunos destacaram os bordados das cooperativas e a beleza das praias nativas. Em Alagoas, chamada assim porque existem 17 lagoas, não faltou a literatura de Graciliano Ramos, retratando a dura realidade sertaneja.
O Espírito Santo foi representado pelo Convento da Penha, que fica na cidade de Vila Velha. Com a ajuda das professoras Eliane Viana e Suely Moura, os adolescentes contaram a história da fábrica de chocolates Garoto, fundada por um imigrante alemão. Outro destaque do Estado capixaba foi o Rei Roberto Carlos, que teve sua história revista desde que saiu de sua terra natal até se tornar famoso com o movimento da Jovem Guarda.
Durante a pesquisa, os alunos identificaram São Paulo como a terra da imigração, já que 55% da população é composta por imigrantes de várias partes do mundo, com predominância dos italianos. O Estado de Santa Catarina também esteve em evidência na mostra. Utilizando conceitos de matemática e geometria, a professora Luzia Sueli falou sobre a cultura e a economia locais, destacando os bordados, a produção de lã, o cultivo de uva e a fabricação de cervejas, aproveitando o tema para falar sobre um assunto bastante polêmico no meio acadêmico: o consumo de álcool e drogas. Do Rio Grande do Sul, eles trouxeram a música de Elis Regina e Adriana Calcanhoto, e a ideologia de Leonel Brizola.
Segundo a coordenadora pedagógica Sônia Cristina Francisco, o evento convidou o aluno a fazer não só uma viagem pelos Estados do Brasil, mas também pelo seu próprio interior, para refletir sobre sua identidade. “O trabalho é muito rico porque explora as diferentes culturas. Esses adolescentes não têm forma alguma de lazer e, quando são mobilizados para projetos desse tipo, não abandonam a escola e, conseqüentemente, saem das ruas. Com o trabalho, eles têm a sua visão de mundo ampliada, já que saem da rotina e descobrem muitas novidades. Eles ficaram empolgados com todas as fases do trabalho e convidaram as pessoas a conhecer e valorizar o lugar onde moram, dando uma aula de cidadania”, orgulha-se a coordenadora.


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