A preocupação do corpo docente foi
definir tóxico como tudo que modifica o humor e, conseqüentemente, mostrar a relação das drogas com a violência
Alunos entram em cena e dizem não
às drogas durante a apresentação
da peça teatral A Barata Baratinada

Por Cláudia Sanches

Mostrar que o consumismo não é receita de felicidade é uma das propostas essenciais do projeto político-pedagógico Amor... Valorização da Vida, da Escola Municipal Dom Armando Lombardi, situada na Praça Seca. Com o recorte temático Um mundo livre de drogas, trabalhado nesse semestre, a equipe
pedagógica adaptou o currículo para o tema e
promoveu uma sensibilização, com alunos de 1.ª a 4.ª série, acerca do grave problema que assusta a sociedade atual.
Para a supervisora educacional Eliete Chamusca, que coordena o trabalho, falar sobre o assunto foi uma forma de fazer a prevenção do uso de drogas e, ao mesmo tempo, apresentar aos grupos várias
possibilidades de se alcançar a felicidade.
A primeira preocupação do corpo docente
foi definir tóxico como tudo que modifica
o humor e, conseqüentemente, mostrar
a relação das drogas com a violência.
Depois, foram incluídos no projeto vários
subtemas, entre eles, substâncias
legalizadas, como o álcool e o cigarro;
o consumismo desenfreado; e a compulsão
por jogos.
O colégio aproveitou o Dia do Amigo,
comemorado em 20 de julho, como ponto
de partida para o desenvolvimento do
trabalho, que envolveu a leitura de textos
poéticos, a produção do correio da amizade
e a apresentação da peça teatral A Barata
Baratinada
, baseada em livro homônimo.

A professora Beth Mercadante,
capacitada pelo município para falar sobre
drogas, fez uma palestra e apresentou um vídeo sobre álcool e tabaco para turmas de
3.ª e 4.ª séries. A partir daí, as professoras elaboraram, juntamente com suas turmas, painéis com imagens que significavam
felicidade e também produziram um correio da amizade no pátio, no qual os alunos
escreviam mensagens para seus colegas com declarações afetuosas. “São momentos em que eles ouvem e Na sala de leitura, a professora Jupira Antonian leu A Barata Baratinada, de Maria Lúcia Amaral.
O livro conta a história da Dona Baratinha, que chega à casa de um amigo completamente desnorteada, sem saber de seu paradeiro. Os colegas procuram saber o que a amiga
havia tomado, e acabam encontrando, em sua bolsa, uma caixinha com um pó branco. Depois, eles descobrem que a colega fora enganada pelo esquilo, que colocou uma
substância nociva em sua bolsa, dizendo que era açúcar. Passado o efeito, a Dona Baratinha encontra a chave de sua casa e o Macaco Giramundo decide averiguar, descobrindo toda a farsa.
As crianças gostaram tanto da história que logo tiveram a idéia de montar uma peça e apresentá-la às turmas. Durante a troca
de idéias promovida pelas professoras da sala de leitura, não faltaram depoimentos dos alunos sobre o assunto, que sobre o assunto, que lhes é familiar. De acordo com Jupira, todos assimilaram a idéia de que a droga é uma substância que modifica as pessoas, tornando-as muitas vezes agressivas.

“Meus amigos, meus
discos e livros. E
nada mais...”

O projeto foi iniciado com a
música Casa no Campo, do compositor
Zé Rodrix, interpretada
por Elis Regina nos anos 70.
O momento foi um chamado à
sensibilização. “Dizer que os
verdadeiros amigos estão junto
de nós até nos momentos mais
difíceis e mostrar que a felicidade
pode estar nas coisas simples foi
um dos objetivos da apresentação
da canção, que fala de amizade e
projeto de vida”, justifica Eliete.
Cada professora fez a análise
do texto e do vocabulário, verso
por verso, com os alunos e conversou
sobre seus ideais de felicidade.
Segundo Eliete, o exercício foi
muito rico porque a diversidade de interpretações valoriza muito o texto: “São
muitas leituras, cada um vê
a mesma coisa de ângulos
diferentes e as crianças nos
surpreendem”, revela a supervisora.

 

 

 

 

 

 

A estudante Nathália Cardoso
(4.ª série), que interpretou a Dona
Baratinha, compreendeu o poder de
destruição das drogas quando viveu
a sua personagem. Na sua cabeça
ficaram registradas as imagens do
vídeo sobre o efeito do tabaco e do
álcool no corpo dos seres humanos:
“O cérebro das pessoas que bebem
é modificado e elas perdem
a noção das coisas”, diz a menina, que
já tinha interpretado outro personagem
no ano passado e já está escalada para
a próxima peça: “Quero ser atriz”,
confessa a menina.
A diretora da escola, Maria
Lúcia Diederich, acredita que
essas atuações são eficazes
no resgate da auto-estima
daquela comunidade e na prevenção
do uso drogas. Segundo
a avaliação de Jupira, o projeto
contribui muito para a vida das
crianças, que têm contato com essa realidade, mas
são muito pequenas para entender a razão dos
fatos: “Elas entenderam do que se tratava e viram
que o uso de entorpecentes é incompatível com a
felicidade e com a paz. Agora, sabem que dizer não
às drogas é valorizar a vida”, conclui.

 



Escola Municipal Dom Armando Lombardi
End.: Praça Seca, 45 – Rio de Janeiro
CEP.: 21.320-040-RJ.
Tel.: (21) 2450-2185 ou 2452-5132
Supervisora Educacional: Eliete Chamusca.