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Por Tony Carvalho

O ato de brincar é essencial à saúde física, emocional e intelectual do ser humano. No brincar, as crianças deixam fluir suas fantasias, dando asas à imaginação. Elas aplicam no brinquedo toda a sua sensibilidade sem diferenciar o real do imaginário. Brincando, as crianças negam o empirismo comum nos adultos. Um carrinho não é apenas um carrinho; uma boneca não é apenas uma boneca. É tudo aquilo que sua imaginação quiser.
Para muitos especialistas, os brinquedos são uma forma de reorientar as práticas pedagógicas, pois funcionam como suporte de representação e ação no processo de ensino e aprendizagem. A professora Natividade Pereira acaba de lançar a Coleção Oficina de Idéias composta de quatro livros e um vídeo sobre o assunto.
Em agosto, a autora participou de uma oficina promovida pela Editora Paulinas para cerca de 50 professoras das redes municipal, estadual e particular. O livro Brinquedoteca: jogos, brinquedos e brincadeiras reúne uma série de brinquedos, conta suas histórias, ensina a confeccioná-los, aponta as formas ou regras geralmente adotadas nos jogos e indica aos educadores, na maioria dos casos, o que cada brincadeira representa.
“Durante as atividades, também são mostrados os fundamentos pedagógicos do brincar e a sua significação, para os dias de hoje, como veículos de uma cultura humanista, que são a garantia de que, mesmo mexendo com máquinas eletrônicas e sofisticadas, as crianças não se tornarão verdadeiros robôs, num mundo que corre o risco de perder o gosto pela natureza e pelas coisas mais simples. É um trabalho de resgate da cultura popular em que se realiza um passeio pelo mundo do faz-de-conta, das brincadeiras e dos brinquedos confeccionados pelas próprias crianças, o que contribui para o completo desenvolvimento físico e intelectual delas”, define a autora.
O livro Brinquedoteca: jogos, brinquedos e brincadeiras traz, ainda, moldes de alguns brinquedos e muitas idéias para o professor colocar em prática com os alunos em sala de aula. Os outros três livros que completam a coleção abordam atividades relacionadas a datas específicas: Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal. Já o vídeo mostra o passo-a-passo de alguns jogos e brincadeiras como Tangran, Resta Um, Damas, Jogo da Memória, Jogo da Velha, Baralho, Pé-de-lata, Dominó, Vai-e-Vem, Trapezista, Microfone, Formiga, Bumerangue, Pingue-pongue e Boliche.
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Para Rosa Cristina Teixeira, professora da rede municipal, as atividades lúdicas são importantes ferramentas no processo de aprendizado dos alunos. “Através das brincadeiras, eles desenvolvem a concentração, o raciocínio lógico e a criatividade”, completa.
A professora Ana Paula Loureiro, que trabalha com alunos da Educação Infantil e do Ensino Normal, também aposta na tese do aprender brincando. “O aprendizado por meio de brincadeiras torna-se mais interessante para o aluno. Hoje, vivemos num mundo cheio de informação e de coisas que distraem a atenção das crianças o tempo todo. Utilizando jogos e brincadeiras, é mais fácil prender a atenção dos alunos. E isso não funciona apenas com as crianças. Os alunos do Curso Normal também se empolgam bastante com as atividades lúdicas. O envolvimento é tão grande que o tempo nem parece passar”, afirma.
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Com experiência acumulada de muitos anos trabalhando com arte-educação em escolas e comunidades de todo o Brasil, Natividade Pereira explica que o objetivo da brinquedoteca não representa apenas a oportunidade de acesso a brinquedos. Mais que isso, expressa uma filosofia de educação voltada para o respeito ao “eu” da criança e às potencialidades que precisam de espaço para se manifestar.
“A brincadeira não é um mero passatempo. Ela ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo. O indivíduo que não brinca quando criança torna-se um adulto problemático. Brincar é uma necessidade. É preciso conduzir a vida com certo espaço de ludicidade, fundamental para combater os nossos estresses”, justifica.
A autora ressalta que as atividades com jogos e brincadeiras não são direcionadas apenas às crianças, mas também aos pais e avós. Em várias partes do mundo, a implantação de espaços denominados de brinquedotecas é cada vez mais comum. “É indispensável estimular as atividades de lazer entre pais e filhos, incentivando a criança para a exploração do brinquedo. A escola deve oportunizar o prazer de brincar com a prática de atividades lúdicas como meio de desenvolver hábitos, atitudes e habilidades que favoreçam o crescimento biopsicossocial. Na Ásia e na Europa, as brinquedotecas são utilizadas não apenas por crianças, mas também por pessoas da terceira idade. Eu sempre digo que brinquedoteca não é uma sala de brinquedos, mas um método pedagógico de transmitir educação”, conclui a professora e autora.
Brinquedoteca: jogos, brinquedos e brincadeiras
Autora: Natividade Pereira
Editora Paulinas
Tel.: (21) 2232-5486 |
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