Você sabia que a maioria dos alimentos industrializados não vêm com todos os dados nutricionais exigidos por lei na embalagem? E que o caramujo africano, que apareceu como praga recentemente no país, foi uma espécie trazida da África para substituir o Scargot – um prato francês bastante conhecido pela sua aparência, digamos, excêntrica?

Essas são apenas algumas das descobertas dos alunos de 5.ª à 8.ª série da Escola Municipal Gil Vicente, localizada em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Essas e outras informações foram assimiladas através do projeto A palavra é... Saúde, idealizado pelas professoras de Biologia Elizabeth Tinoco e Andréa Valadares Ferreira.

Segundo elas, a proposta é motivar os alunos e ajudá-los na conscientização de que ter bons hábitos de higiene e uma alimentação saudável é dever e direito de qualquer cidadão. A partir do conteúdo programático, as classes trabalharam várias questões ligadas à saúde. O pontapé inicial foi a leitura de um texto sobre doenças relacionadas à má alimentação e à importância da atividade física. Depois, vieram pesquisas, produções de textos, confecções de cartazes e, por fim, a exposição dos trabalhos para a comunidade escolar.

Uma das coordenadoras do projeto lembra que as experiências diárias dos alunos serviram de base para respaldar várias questões levantadas durante o trabalho. “Logo após a pesquisa sobre o tema em destaque, surgiram os depoimentos de avós diabéticas e pais hipertensos. Mediante esses relatos, os alunos tiveram a idéia de entrevistar seus parentes, a fim de identificar as doenças já ocorridas na família e explicar o que foi feito para controlá-las”, explica a professora.

 

Em sala de aula, vários temas ligados à saúde foram discutidos, entre os quais o conceito de saúde da própria Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo Elizabeth e Andréa, os conteúdos serviram como um gancho perfeito para abordar os temas de cada turma. Na 5.ª série, o foco foi o Meio Ambiente; na 6.ª, Animais e Vegetais; na 7.ª, o Corpo Humano; e na 8.ª, Conceitos de Química e Física.

Para que serve a Tabela Periódica? Essa é uma dúvida constante na vida dos escolares. Mas não para os alunos da 7.ª e 8.ª séries da escola Gil Vicente. Quem esteve presente à mostra pôde aprender um pouco mais sobre Tabela Periódica e ver como funcionam as reações químicas.

Em sala de aula, com rótulos de produtos de limpeza, higiene e cosméticos, os alunos procuravam, na tabela, os elementos químicos que conheciam. Depois, pesquisavam se os mesmos causavam danos à saúde e analisavam as instruções de uso. Os grupos de meninas fizeram questão de falar sobre os cosméticos e sobre o uso indevido que muitas adolescentes e adultas fazem deles.

Para ter mais conhecimento de causa quanto a essa questão, os alunos foram às prateleiras dos supermercados com a seguinte missão: analisar os rótulos dos alimentos industrializados, bem como seus componentes e funções. Para surpresa geral, a maioria das embalagens não continha todos os requisitos.


Para falar sobre qualidade de vida, os estudantes ultrapassaram os muros do colégio e realizaram várias entrevistas com pessoas ligadas à área de saúde. A primeira entrevista foi realizada com um professor de Educação Física da Faculdade Castelo Branco e, em seguida, o escolhido foi um profissional de Enfermagem do posto de saúde local.

A partir da pesquisa, eles confeccionaram cartazes, elaboraram um folder falando sobre a necessidade da profilaxia e realizaram minipalestras, para os companheiros, sobre endemias como tuberculose, malária e dengue – que estão relacionadas às más condições de higiene – e ainda falaram sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).

Em parceira, os alunos Christian, Thassio e Henrique, da 6.ª série, produziram um trabalho bem-humorado sobre a Aids, criando um personagem para falar sobre o vírus e a iniciação sexual.

Já o grupo do aluno Jhonatan, da 7.ª série, elaborou uma Enciclopédia contendo várias informações sobre as vitaminas e os sais minerais. Uma delas é a de que o retinol, encontrado na cenoura, no brócolis, no óleo de fígado de bacalhau e na manteiga, é responsável pelo crescimento dos tecidos.

De acordo com a professora Elizabeth, a cartilha que continha todas as vitaminas e sais minerais, bem como suas funções no organismo humano, impressionou o corpo docente, já que trazia dados que muitos adultos desco­nhecem no seu dia-a-dia. “É muito legal ver a garotada fazendo essas descobertas e assimilando os conceitos daquilo que faz parte de sua rotina”, orgulha-se.

Para as docentes, o mais interessante do trabalho foi a integração e o envolvimento dos alunos. Segundo Andréa, os trabalhos foram surpreendentes e muitos adolescentes já mostram mudança de comportamento no seu dia-a-dia. “Pelo menos, vejo muitos pararem para pensar. O projeto foi um convite à reflexão sobre a valorização da vida e a importância da ação de cada um na mudança de mentalidade do Brasil. Acredito que esse trabalho tenha contribuído para que eles se tornem agentes multiplicadores na construção de uma sociedade melhor”.


Escola Municipal Gil Vicente
End.: Av. Bernardo Vasconcelos, 1680 – Realengo – Rio de Janeiro/RJ. CEP.: 21715-250.
Tel.: (21) 2401-5431
Professoras: Andréa Valadares Ferreira e Elizabeth Tinoco