Regina de Sousa, aluna do 1.º ano do Ensino Médio, fez o papel de uma enfermeira numa peça sobre o meio ambiente

A Dança das Mãos: numa coreografia gestual, os alunos transmitiram conceitos de preservação e respeito ao meio ambiente

Numa maquete, alunos do 1.º ano do Ensino Médio simularam os danos ambientais provocados por um descarrilamento de trem

O aluno Ricardo Costa, que interpretou um médico, mandou um aviso: “o planeta precisa ser mais bem tratado pelo homem”

Utilizando material reciclado, Thaís Fátima e Elieser Costa, estudantes do 2.º ano, confeccionaram robôs

A poluição da Baía de Guanabara foi retratada através de uma maquete produzida por alunos do 3.º ano do Ensino Médio

Por Tony Carvalho

A preservação do meio ambiente começa com a valorização do próprio indivíduo. Partindo desse pressuposto, a Escola Estadual Francisco Palheta promoveu a culminância do projeto Meio ambiente, o mundo sob o olhar crítico do aluno. Durante três dias, os estudantes do Ensino Médio, do turno da noite, expuseram cartazes e maquetes, montaram tapetes de sal, apresentaram jograis, encenaram peças e realizaram números musicais.

A professora de Língua Portuguesa Valéria Vinhosa abordou o tema explorando a oralidade, a escrita e a reflexão dos alunos. Desde fevereiro, ela vem conciliando o conteúdo programático da disciplina com a proposta do projeto, que é a formação de cidadãos conscientes do seu papel na sociedade.

Há dois meses, a professora vem dando ênfase, em sala de aula, à análise do Protocolo de Quioto, adotado em dezembro de 1997, que tem como objetivo lutar contra as alterações climáticas através de uma ação internacional de redução das emissões de determinados gases responsáveis pelo aquecimento global. A partir de pesquisas e leituras sobre o tema, os alunos passaram para a fase de produção literária, o que, segundo a professora, ajudou a turma a compreender melhor a problemática do meio ambiente.

Valéria trabalhou também com letras de música, o que despertou um grande interesse dos alunos. E, como resultado, foram criadas paródias e até poesias. “É importante que os alunos aprendam que, diante das questões ambientais, nós somos os sujeitos da ação. Dias melhores virão se cada um fizer a sua parte”, ensina. A professora acrescenta que o projeto pode ser definido como uma atividade multidisciplinar, tendo em vista a interação das disciplinas no processo de construção do conhecimento.

“Eu trabalhei bastante com as professoras de Matemática, História, Inglês e Artes. Sem dúvida, foi uma integração das disciplinas”, completa.

A professora de Educação Artística Vânia Rabelo foi responsável, juntamente com seus alunos, pela elaboração de tapetes de sal e maquetes. O aluno Márcio Costa, da 1.ª série do Ensino Médio, foi um deles. Com a ajuda de cinco colegas, ele montou um belo tapete de sal retratando o ambiente marinho. Em outro tapete, o desenho de uma baleia serviu de ilustração para uma das músicas apresentadas pelo coral. “Nós demos asas à criatividade dos nossos alunos para que eles pudessem expor todo seu o potencial. As turmas que confeccionaram as maquetes reproduziram, com detalhes, a Quinta da Boa Vista, a Baía de Guanabara e uma floresta, metade verde e metade destruída por um incêndio provocado por um balão, cujo objetivo era chamar a atenção para uma prática ainda tão comum em nossa cidade”, explica.

Para o professor José Seixas, de Biologia, meio ambiente também é uma questão de qualidade de vida do ser humano, dos animais e da harmonia desse convívio. Além de abordar o meio marinho, o professor alertou também para as DSTs – Doenças Sexualmente Transmissíveis. “Sem saúde, não há qualidade de vida e, sem isso, não há interação com o meio. Elaboramos três folderes explicativos sobre essas doenças e os alunos fizeram um trabalho de pesquisa que gerou cartazes sobre o assunto”, lembra.

 


Já a professora de Inglês Valéria Plaisant enfocou o meio ambiente retratando as belezas do Rio. Após uma visita a Santa Tereza e Paquetá, os alunos montaram painéis contendo fotografias e informações em inglês sobre esses pontos turísticos da cidade. O próximo passo é a produção de um livro, todo escrito em língua inglesa, que fará parte do acervo da escola.

As turmas noturnas do Ensino Médio têm uma característica peculiar: todas elas são mescladas com a adrenalina de adolescentes, a partir dos 15 anos, e com a experiência de alunos mais maduros com idades que passam dos 60 anos. A professora de Filosofia Marly do Carmo Braga considera essa convivência em sala de aula bastante salutar. “O relacionamento entre eles é muito bom e todos saem ganhando”, garante.

O estudante Davi Francisco, 45 anos, concorda. Ele parou de estudar havia 20 anos, porém, quando viu que outras pessoas com a sua faixa etária estavam retornando à sala de aula, resolveu deixar a timidez de lado e voltar para os bancos da escola. Hoje, cursa a 1.ª série do Ensino Médio e quer ir mais longe. Mesmo trabalhando durante o dia como gráfico e artesão, Davi está totalmente integrado às atividades da escola. Prova disso é que ele é o autor da peça que conta a história de uma árvore ameaçada de ser cortada para dar lugar à construção de um edifício.

Regina de Sousa tem 68 anos e também cursa a 1.ª série. Ela conta que a escola a rejuvenesceu e que pretende cursar uma universidade. “Eu
espero servir de incentivo para outras pessoas que querem voltar a estudar. Aqui, na escola, é possível mostrar que a terceira idade não morreu”, afirma.

Jorge Lavis, aluno da 3.ª série, também já passou dos 40 e traz para o colégio uma larga experiência que divide com seus colegas de turma. Ele teve a idéia de trabalhar a energia eólica. Jorge construiu um moinho de vento e a figura emblemática do personagem Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes. “Começo a contar uma história sobre a primeira utilização do moinho até chegar à criação da primeira turbina, em que o vento começa a ser convertido em energia elétrica. O Dom Quixote representa um cavaleiro em busca do equilíbrio próprio e da natureza. E é isso o que a gente vive hoje: a busca do nosso equilíbrio. Nesse sentido, cada um de nós é um Dom-Quixote”, finaliza.


 





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