Para a escritora e educadora Regina Zilberman, os contos de fadas são um gênero de texto que contribui não só para a ampliar o universo de leituras das crianças, mas principalmente para ajudá-las a encontrar significado na vida. Essa foi a justificativa que motivou a equipe pedagógica da Escola Municipal Sebastiana Gonçalves Pinho, em Niterói, a desenvolver o projeto Sabor e Saber – Contos de Fadas. A escola reúne alunos na faixa etária entre 3 e 10 anos, em média, formando desde a Educação Infantil até a 4.ª série do Ensino Fundamental.
De acordo com a supervisora pedagógica Márcia Maria e Silva, embora os professores da escola sempre tenham trabalhado com literatura, o diferencial do projeto está na concentração de esforços para que toda a escola elegesse os contos de fadas como primeira referência.
“Incluímos não apenas as histórias de encantamento européias, com Andersen ou Grimm, ou ainda as orientais com Sherazade, mas também as nacionais, como as lendas brasileiras, pela riqueza e divulgação de histórias que revelam o imaginário das diferentes regiões do país”, define.  |
Essa identificação com o personagem o despertou, fazendo com que melhorasse sua auto-estima e adquirisse uma vontade extra de superar suas dificuldades de aprendizagem”, relatou.
O projeto teve início em março, quando foram intensificadas as atividades com literatura. A estratégia utilizada foi fazer com que os alunos se aproximassem da leitura pelo estimulo às questões ligadas ao simbólico, relacionando o conteúdo dos contos de fadas à realidade vivenciada pelas crianças da escola, boa parte delas com carências afetivas e emocionais. “A literatura, pela via do imaginário, permite a reflexão sobre inúmeras questões subjetivas, propiciando, quem sabe, até uma reedição delas, contribuindo para a superação de problemas que impedem ou dificultam a aprendizagem, a alegria e o crescimento global do aluno”, justifica.
Segundo o psicólogo Bruno Bettelheim, para que uma história realmente prenda a atenção da criança, ela deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, continua, deve estimular a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções, estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam.
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No mês de junho, durante uma semana, a Escola promoveu a culminância parcial, quando a equipe pedagógica pôde avaliar os resultados obtidos com o projeto. Encenação de peças teatrais, pinturas de murais e recriação dos contos foram algumas das atividades apresentadas. A orientadora educacional Maria Izabel de Freitas definiu o projeto como uma oportunidade de entrar em contato com o mundo fabuloso da literatura.
“A atividade literária abre novos horizontes. Ela alimenta a auto-estima da criança e faz com que se sinta importante”, completa. A professora Fernanda Barros concorda. Antes de iniciar as atividades com os contos de fadas, um de seus alunos da 3.ª série apresentava enorme dificuldade para se concentrar nas aulas, além de não demonstrar interesse pela leitura. “À medida que fomos desenvolvendo o projeto, ele se engajou de tal forma que até revelou um dom especial para as atividades musicais”, conta.
A professora Martha Vieira Soares, que trabalha com a classe de alfabetização, também constatou grandes avanços com a implantação do projeto. “A turma era muito dispersa e fazer com que eles se envolvessem numa produção coletiva era uma tarefa quase impossível. Escolhemos uma história que tivesse o perfil da turma, e todos os alunos se envolveram na encenação de Chapeuzinho Vermelho. Foi uma grande conquista. Agora, diariamente, eles pedem para eu contar uma história”, diz.
A professora Gisele de Freitas, que trabalha com crianças portadoras de necessidades educacionais especiais, cita a criatividade e a imaginação como ferramentas indispensáveis para a melhora da aprendizagem. “Um dos alunos com os quais trabalho se identificou com a história de Peterpan. |
Para Rozane Celeste Silva, diretora da Escola, um dos pontos significativos do projeto foi o encantamento dos educadores durante todo o processo. “Tivemos a oportunidade de vivenciar uma transformação que atingiu alunos e professores. A escola é um espaço onde todos têm a oportunidade de crescer e de se realimentar na relação com o outro. Afinal, mais do que o cumprimento de uma obrigação, a determinação do grupo é a grande responsável pelos êxitos obtidos por um projeto que está apenas começando”, concluiu.
Escola Municipal Sebastiana Gonçalves Pinho
End.: Estrada Viçoso Jardim, s/n.º – Niterói/RJ – CEP.:
24140-069
Tel.: (21) 3602-4150 / 4147
Diretora: Rozane Celeste Silva

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