A professora de Língua Portuguesa e seus alunos confeccionaram jogos de trilha e da memória a partir dos textos do ECA

Alunos do coral Mãos em Canto revelam seus talentos

Representante da Funasa levou esclarecimentos a comunidade escolar sobre sexualidade, DSTs e Aids

A história da capoeira se fez presente durante o evento

O mosaico, feito com a ajuda das professoras de Matemática e Artes, mostra o não-cumprimento da nossa Constituição Federal

Rosana Bezerra dramatiza uma violação às leis do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Além de ser um incentivo à arte, os trabalhos recicláveis ajudam a manter o equilíbrio do meio ambiente



Por Cláudia Sanches

O corpo de um menor entre dois cones. Manchas de sangue à sua volta. A aluna Rosana Bezerra se deita no chão enquanto o aluno Marlon Felipe contorna, com giz, o seu formato. Corta! Parte dessa cena, em que os estudantes dramatizam uma violação às leis do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), faz parte do evento Corredor Cultural – Ecocidadania e Paz, realizado no Colégio Estadual São Francisco de Paula, em Nova Iguaçu, com alunos dos Ensinos Fundamental e Médio. “É uma denúncia contra qualquer forma de abuso às crianças, seja fome, abandono ou violência”, explica Marlon.

Durante a culminância pedagógica, os alunos apresentaram musicais, teatro de fantoche, esquetes e trabalhos feitos em sala de aula – jogos e maquetes. No ciclo de palestras, vários representantes de entidades públicas e governamentais discorreram cada qual sobre um assunto ligado à sua área de atuação.

Eugênio Ibiapino, da Associação Triângulo Rosa, abriu o evento falando sobre a discriminação dos homossexuais e o respeito às diferenças; o representante da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) explanou sobre o Rio Guandu e a estação de tratamento do município; o representante da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) abordou a sexualidade e as DSTs; e, por fim, o representante do Centro de Referência Nazareth Cerqueira falou sobre o combate ao racismo e as várias formas de discriminação.

Segundo Eugênio Ibiapino, a conscientização da sociedade deve começar na escola: “A iniciativa é fundamental para formar educadores capacitados para lidar com a questão da sexualidade”.

Para os quiosques temáticos, a coordenação também convidou organizações da sociedade civil e empresas públicas para mostrar um pouco de seu trabalho. Estiveram presentes as Associações Brasileiras de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia), a Secretaria Municipal de Promoção Social de Nova Iguaçu, o Conselho Regional de Arquitetura, Engenharia e Agronomia (CREA-RJ) e a ONG Recicloteca – que expôs seus artigos confeccionados com garrafas PET. O coral de deficientes auditivos Mãos em Canto, do Centro Integrado de Educação Especial (Ciesp), também esteve presente abrilhantando o evento com a sua apresentação.

Receitas de criatividade

Desenvolvido desde o início do ano, o projeto explorou todas as disciplinas a partir de textos da legislação brasileira como, por exemplo, do ECA, do Estatuto do Idoso, do Código de Defesa do Consumidor, do Código de Trânsito, do Código Penal e da Campanha da Fraternidade, da Igreja Católica.

O objetivo principal, segundo o professor de Geografia Jorge Luiz Ribeiro de Lima, foi trabalhar, de uma maneira dinâmica, os textos da lei como uma ferramenta para transmitir não só conteúdos, mas também valores como a solidariedade e a paz. “A proposta do Corredor Cultural é estabelecer um diálogo entre a comunidade e os educadores, a fim de construir uma sociedade mais justa, igualitária, moral e ética”, acredita o educador.

Trabalhando o tema transversal através de uma visão interdisciplinar, cada professor ficou responsável por desenvolver o tema proposto dentro de sua área. A professora de Matemática Elisabete Santana explorou, da maneira mais visual possível, a Constituição Federal. Ela confeccionou, junto com os alunos do Ensino Médio, um mosaico de figuras geométricas, com fotos de jornal que denunciavam infrações à Carta Magna. Os artigos da Lei Maior estavam impressos e contrastavam com as denúncias de corrupção, assassinatos e arbitrariedades cometidas no nosso país.

Nada melhor do que o Código de Defesa do Consumidor para se trabalhar conceitos matemáticos, justifica a professora Joseneide Cavalcante, da mesma disciplina, que, junto com seus alunos, elaborou um quadro estatístico denunciando quais instituições infringiam mais o código. Já Ana Cláudia, de Língua Portuguesa, trabalhou o ECA através de um jogo de trilha, com perguntas sobre o próprio estatuto, e de um jogo da memória com palavras-chave e valores do estatuto. Além desse trabalho, os educandos ainda encontraram tempo para trabalhar a produção textual através de paródias de música pop.

E o que o Estatuto do Idoso tem a ver com Biologia? Tudo, pelo menos para a professora Ana Paula e para a sua turma da 7.a série. A equipe apresentou uma peça que denunciava infração ao Estatuto do Idoso. “Essa cena se repete todos os dias”, diz um fragmento da peça O Idoso e os Transportes. Durante as aulas, a professora aproveitou o tema para falar sobre as transformações do corpo durante os vários ciclos da vida até a chegada da terceira idade, já que o conteúdo estudado pela turma era o corpo humano.

A diretora Alexandra Machado é entusiasta dos projetos pedagógicos: “Não existe sepa­ração entre as áreas do conhecimento, tudo é vinculado. Juntos, todos ajudam o educando a assimilar a questão dos Direitos Humanos e estimulam a criatividade, o que não falta no colégio”, garante a professora, lembrando que é melhor ainda quando as sugestões partem dos próprios alunos, como no caso da criação das salas temáticas.

Segundo ela, a partir de uma eleição realizada entre os alunos, cada sala de aula estampou, em grafite, o nome de uma personalidade brasileira, como Pelé, Cazuza, Santos Dumont, Cássia Eller entre outros que, como eles, sonharam em construir um mundo mais humano, feliz e com menos diferenças.

 

 

 



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