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A criação do Museu do Trem, administrado pela Rede Ferroviária Federal, constituiu uma etapa significativa do esforço da empresa para resguardar um acervo que conta uma parte da história do país e do seu desenvolvimento tecnológico.
O Museu, inaugurado em 1984 e instalado no antigo galpão de pinturas de carros da Estrada de Ferro Pedro II, que, após a proclamação da República, passou a se chamar Estrada de Ferro Central do Brasil, localiza-se nas Oficinas do Engenho de Dentro – bairro que se desenvolveu a partir da ferrovia. Reformado e adaptado, o galpão abriga um valioso acervo, que vai de mobiliário até locomotivas.
São destaques: a “Baroneza”, locomotiva a vapor construída na Inglaterra em 1852, a primeira a trafegar no Brasil, quando da inauguração da Estrada de Ferro Mauá em 1854; o Carro Imperial, que foi fabricado em 1886, na Bélgica, para servir ao Imperador D. Pedro II; o Carro do Rei Alberto, que fazia parte de uma composição adaptada exclusivamente para servir ao Rei da Bélgica, em 1921, por ocasião da sua visita ao Brasil, e o Carro de Administração, que serviu a Getúlio Vargas na década da 30.
A construção dos prédios, sede da administração e oficinas do Engenho de Dentro, criados para atender à demanda de serviços da antiga Estrada de Ferro Pedro II, influiu decisivamente no desenvolvimento de toda a área.
O edifício principal do Engenho de Dentro, que servia de sede para a administração, foi construído em 1869 e parcialmente atingido por um incêndio em 1904. Reconstruído no ano seguinte, manteve o equilíbrio de suas linhas clássicas e apresenta a fachada atual desde 1905. O prédio que abriga o atual Museu do Trem obedece, também, à tendência clássica adotada para os galpões industriais, com imenso pé direito e estrutura do telhado em madeira, apoiado em colunas de ferro.
Os carros nobres, assim chamados por serem construídos para servir a altos dignitários, tais como reis, papas e governantes, são, sem dúvida, o ponto alto do acervo reunido no Engenho de Dentro. Mostram não só o luxo e o conforto que proporcionavam aos seus usuários, mas, sobretudo, o refinamento da mão-de-obra que neles trabalhava, fosse de origem estrangeira ou nacional.
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O carro que serviu ao Imperador D. Pedro II foi construído na Bélgica pela Companhia Dyle-Bacalan em 1886. Apesar das inúmeras reformas sofridas, algumas com visível intenção de conservá-lo, nada salvou seu interior da quase total destruição por térmitas, agravada pela umidade e pelo calor do nosso clima. Encontramos 14 qualidades diferentes de madeira e alguns poucos detalhes ainda de origem estrangeira. Externamente, o estado desse carro era muito bom e apenas tinham sido acrescentadas as armas da República às do Império, pintadas nas cores oficiais. Tendo em vista a destruição de 80% do revestimento interno, decidiu-se, então, pela sua reconstrução em jacarandá e pau-marfim, seguindo passo a passo cada detalhe do acabamento original.
O carro que serviu ao Rei Alberto durante sua visita ao Brasil, em 1920, foi totalmente construído nas Oficinas do Engenho de Dentro, no início do século XX. O interior, em estilo art noveau da melhor qualidade, mostra o alto nível da mão-de-obra local. Não foi possível identificar o autor do projeto, no entanto, a cabeça de índia que encima a moldura do espelho do salão-de-estar mostra o traço brasileiro, em meio à tradição francesa do estilo que o decora.
O carro especial que serviu ao Presidente Getúlio Vargas, construído também no início dos novecentos, apresenta o interior decorado em estilo Napoleão III, trabalho de marcenaria também executado nas Oficinas do Engenho de Dentro.
Visitação: de terça a sexta-feira – das 10h às 12h e das 13h30 às 16h.
Aos sábados – das 13h às 17h.
Aos domingos e feriados, o museu não abre.
Museu do Trem
Rua Arquias Cordeiro, 1.046 – Engenho de Dentro – Rio de Janeiro.
CEP.: 20770-001-RJ. Tel.: (21) 2269-5545 |