Fala-se muito que a situação
da saúde no Brasil é precária, mas a
bucal também recebe pouca atenção diante
da gravidade do panorama. Dados do Ministério da Saúde,
de 2004, afirmam que 8 milhões de brasileiros não
têm nenhum dente. E dos que têm algum dente faltando,
30 milhões não possuem nem prótese. 
O odontologista Salvador Nunes
Gentil atribui o problema à exclusão social
no país, que faz com que de 30% a 40% da população
nunca tenham sentado em uma cadeira de dentista.
As pessoas de baixa renda têm
como obstáculo o pouco acesso às informações
sobre higiene bucal, mesmo as mais simples. Muitas vezes,
faltam também condições de seguir normas
básicas, como o uso diário do fio dental e a
troca da escova de dentes a cada dois meses.
A falta de atenção
com a saúde bucal, além de causar cáries,
dor e a perda de dentes, pode ter efeitos mais graves como
o surgimento do câncer de boca. A estimativa oficial
do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de que,
em 2005, surjam 14 mil novos casos desse tipo de doença,
dos quais 3 mil serão mortais.
De acordo com o dentista Celso
Augusto Lemos, especializado em estomatologia (área
que cuida do diagnóstico das doenças da boca),
o perfil, no Brasil, é o mesmo há 40 anos: 80%
dos casos são detectados tardiamente. “Se o câncer
for detectado cedo, tem quase 100% de chance de cura, ou seja,
a prevenção é fundamental.”
Além de realizar o exame
de prevenção, as pessoas podem procurar unidades
do Sistema Único de Saúde (SUS) que tenham profissionais
especializados para realizar o exame preventivo e, se necessário,
fazer uma biópsia, quando se retira uma parte do tecido.
No entanto, o estomatologista explica que qualquer pessoa
pode fazer o auto-exame, para o qual é necessário
apenas um espelho:
“Basta olhar atentamente
para o céu da boca, para a parte interna e externa
dos lábios, para a língua e o assoalho da boca,
verificando se há alguma lesão esbranquiçada,
caroço ou ferida que não cicatriza por mais
de 15 dias. É importante dizer também que o
câncer de boca só dói quando já
está em um estágio muito avançado”,
afirma Celso.
Alguns hábitos podem
aumentar muito o risco da doença, como expor sistematicamente
os lábios ao sol sem proteção, já
que os raios ultravioleta são altamente cancerígenos.
Além disso, os fumantes têm cinco vezes mais
chances de ter câncer bucal do que quem não fuma.
As chances para quem bebe são duas vezes maiores. Juntando-se
os dois fatores, os riscos aumentam cem vezes.
“No estado de Utah, nos
Estados Unidos, a incidência de câncer de
boca é muito baixa, porque ali a religião majoritária
é mórmon, na qual não se permite nem
fumar, nem beber”, conta o estomatologista.
Fontes:
JB On-line
www.medcenter.com.br
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