 
Francisco das
Chagas Fernandes (*)
O Brasil vem conseguindo
inúmeros avanços na Educação
Básica nos últimos anos, sobretudo no
aspecto quantitativo. A função da escola
de atuar como vetor de inclusão social, no
entanto, se vê comprometida pela questão
da qualidade. O desempenho dos alunos em relação
à aquisição de competências
esperadas ao final dos ciclos de escolarização,
a repetência, a evasão e a distorção
idade-série são indicativos de que a
qualidade é hoje um ponto crítico e
um desafio a ser superado.
A situação
aponta para a necessidade de um esforço coerente
e sistêmico por parte do setor público.
Importante lembrar que a Educação Básica,
por lei, não é responsabilidade do governo
federal, mas dos Estados e municípios. A articulação
entre os entes federados, porém, deve ser permanente
para se alcançar o desenvolvimento pretendido.
O MEC, na parte que lhe cabe como coordenador da política
nacional de educação e articulador dos
diferentes níveis e sistemas, estabeleceu e
vem apoiando, técnica e financeiramente, um
conjunto integrado de diretrizes que se orienta em
torno de quatro eixos principais: formação
inicial e continuada dos profissionais da educação;
redefinição e ampliação
do financiamento da Educação Básica;
inclusão social; e democratização
da gestão.
A Agenda de Trabalho
para a Educação Básica, lançada
recentemente pelo governo federal, destaca a valorização
dos docentes e cria o Sistema Nacional de Formação
de Professores. Dois novos programas se integram aos
já existentes. O primeiro é o Pró-Licenciatura,
destinado a professores de 5.ª a 8.ª série
do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, de
escolas públicas, que não possuem curso
superior em suas áreas de atuação.
O segundo, o Pró-Letramento, oferece a professores
das séries iniciais do Ensino Fundamental atualização
de conteúdos em Língua Portuguesa e
Matemática – áreas em que os estudantes
avaliados pelo Sistema de Avaliação
da Educação Básica (Saeb) mostraram
grande dificuldade. O MEC criou, ainda, a Rede Nacional
de Formação Continuada de Professores
de Educação Básica, composta
por 19 Centros de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação
no País, e o Pró-Infantil, específico
para professores de creche e pré-escola.
A qualidade, no entanto,
não passa somente pela capacitação
dos professores. Em parceria com o Conselho Nacional
dos Secretários de Educação (Consed),
a União Nacional dos Dirigentes Municipais
de Educação (Undime) e a Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação
(CNTE), foram definidas as bases de uma política
nacional focada na valorização dos trabalhadores
em educação não-docentes. Essa
política contempla aspectos como incentivo
salarial, carreira e, principalmente, formação
profissional.
Com um aporte de recursos
condizente com as atuais demandas sociais pela melhoria
da educação, o Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb) se transforma, ainda,
em instrumento de inclusão, na medida em que
estende os benefícios do atual Fundef a todos
os alunos e profissionais da Educação
Básica. Atualmente, cerca de 32 milhões
de alunos são atendidos pelo Fundef. Com o
Fundeb este número ultrapassará os 48
milhões.
Os demais eixos da política
do MEC estabelecem uma correlação positiva
com a qualidade social da educação ofertada
na escola. É o caso, por exemplo, das ações
de incentivo à instalação e fortalecimento
dos Conselhos Escolares e dos Conselhos Municipais
de Educação. Há, também,
o programa Escola de Gestores, para diretores em exercício
nas escolas públicas, e o Programa de Apoio
aos Dirigentes Municipais de Educação
(Pradime). Inscreve-se, ainda, nesse conjunto de ações
a ampliação do Ensino Fundamental para
nove anos, uma vez que o acesso da criança
de seis anos à escola tende a exercer um impacto
importante sobre a sua formação.
A política do
MEC para a Educação Básica não
se esgota nessas ações. Ela se estende
em programas como a distribuição de
livros didáticos de qualidade, a política
de formação de alunos e professores
leitores, o programa ética e cidadania, a regularização
do fluxo escolar, a escola aberta nos fins-de-semana,
transporte e merenda, repasse de recursos para as
redes de ensino e diretamente às escolas, entre
tantos outros.
O compromisso com a
construção de uma educação
democrática e transformadora faz com que busquemos
sempre novas formas de intervenção política
e pedagógica que permitam tornar a escola promotora
da inclusão e do bem-estar do brasileiro.
(*)Francisco
das Chagas Fernandes é Secretário
de Educação Básica do Ministério
da Educação.
|