
Feira
Integrada desenvolve a consciência da comunidade
a partir da análise do seu meio
Por Tony Carvalho
"Para
transformar o mundo, o primeiro passo é transformarmos
a nós mesmos". Essa afirmação
foi levada ao pé da letra por professores e
alunos do CIEP 394, localizado em Nova Iguaçu,
durante a V Feira Integrada da escola. 
Este ano, a mostra
teve como tema "Redescobrindo o ser para melhor
viver - nosso corpo: um ambiente" e alguns dos
trabalhos apresentados no evento foram expostos, dias
depois, em dois shoppings da cidade e na estação
do Metrô do Largo da Carioca.
As atividades desenvolvidas
pelos alunos dos Ensinos Fundamental e Médio
dos três turnos abordaram
ecologia, reciclagem,saúde na escola e geração
de renda. "Quando
nos reunimos durante os encontros pedagógicos
para discutir a Feira, traçamos as prioridades
tendo como base a Agenda 21, que trata do meioambiente.
A partir daí, cada professor apadrinhou uma
turma e desenvolveu o seu tema dentro do contexto
principal, de acordo com a faixa etária e com
as necessidades de cada grupo", explica a diretora-geral
da escola, professora Glaudinete Silva Dias.
Segundo a diretora
adjunta, professora Ana Néri, o pano de fundo
do projeto é o enfoque de valores como o afeto
e a auto-estima do aluno. "É comum, na
nossa comunidade, detectarmos que algumas crianças
são carentes de uma relação mais
próxima com a própria família,
o que as deixam retraídas. A escola tenta suprir
essa deficiência fazendo com que elas se descubram
como seres humanos", diz.
A professora de Química
Maria de Fátima conciliou o conteúdo
programático da disciplina com uma oficina
que ensinou os alunos de 7.ª e 8.ª séries
a preparar compostos que permitem a fabricação
de desinfetantes, perfumes, sabonetes e xampus. "A
proposta é habilitar o aluno a ser útil
para a comunidade local e ensiná-lo um meio
de renda imediata. Os estudantes também aprenderam
a fazer brinquedos de material reciclado e massa de
modelar a partir de uma receita caseira", conta.
A aluna Vanessa Valadares,
8.ª série, foi uma das que aprendeu a
fazer xampu utilizando as fórmulas químicas.
Para ela, o aprendizado é importante porque
torna os conhecimentos ensinados em sala de aula mais
próximos da sua realidade. Outra turma de 7.ª
série construiu a maquete de uma estação
de tratamento de água e produziu um globo terrestre
para abordar a importância da água no
planeta.
A
professora de Geografia Antonia Dionísia aproveitou
para levantar questões sobre os problemas de
poluição do Rio Botas, um afluente do
Rio Iguaçu responsável por alguns estragos
na comunidade durante o período de chuvas.
Ana Lúcia, professora de História e
Geografia, também abordou o tema com os alunos
de 5.ª e 6.ª séries do turno da noite.
Ela foi com os alunos colher informações
sobre o atual estado do rio e, a partir daí,
documentar, por meio de fotografias, todo o trajeto
das águas. "A proposta é conscientizar
os alunos, que são agentes multiplicadores,
a respeito do drama de um rio que, no passado, já
foi fonte de alimentação", afirma.
Para o professor
de História Leonardo Balut, que abordou, na
Feira, a questão da coleta seletiva do lixo,
a escola está cada vez mais assumindo o papel
de um agente transformador, ajustando o conteúdo
programático à realidade vivenciada
pelo aluno. "Há algum tempo, os professores
de História ensinavam do macro para o micro.
Hoje, primeiro, o aluno estuda a nossa história
regional para, depois, ter um entendimento da história
mais globalizada. Assim, após aprender a ser
um cidadão consciente, ele passa a ter uma
visão de mundo mais real", ensina. 
Eliane Silveira, também
professora de História, trabalhou com a conscientização
do ambiente terra. Os alunos da 7.ª série
expuseram, em um mural, a Carta da Terra, cujo conteúdo
é a percepção de que o homem
deve compreender que ele faz parte do planeta e, como
tal, não deve usá-lo como um mero objeto.
"A proposta é denunciar que o planeta
está sendo tratado como uma coisa que se usa
e joga fora. A idéia surgiu a partir da indagação
de um aluno, em sala de aula, sobre como ficaria a
Terra no contexto do projeto. Cada estudante escolheu
um princípio que gostaria de registrar na carta",
conta Eliane.
O professor de Química
Manoel Francisco Belchior trabalhou, com os alunos
do 2.º ano do Ensino Médio, o ciclo da
reciclagem da lata de alumínio. Eles desenvolveram
uma maquete gigante que mostra todas as etapas necessárias
para reciclar as latas de alumínio, evitando,
assim, a degradação do meio ambiente
e o desperdício de matéria-prima.
O professor de Inglês
Charleston Silva propôs aos alunos fotografar
a cidade sob os mais variados aspectos, desde os monumentos
às pessoas, como forma de valorizar o município.
"Sugerimos que eles saíssem para fotografar
atentando para a parte urbana, com destaque para o
cotidiano das pessoas, além de buscar remanescentes
históricos do tempo do ciclo do café.
As fotos servem como um trabalho de denúncia
do estado em que se encontra a nossa cidade",
acredita.
Para a coordenadora
Ana Paula da Conceição, os resultados
pedagógicos da Feira podem ser mensurados de
imediato. "Consciência é uma coisa
que cada um desenvolve e isso ocorre a partir da análise
do seu meio. Para tornar significativos os nossos
conteúdos, tentamos unir a questão da
consciência social com a prática de vida
dos alunos. Ao planejarmos a mostra, buscamos significados
para o aluno, pois cada atividade proposta tem que
fazer sentido para ele. É a história
da gente e, portanto, tem relação com
o que a gente produz. Afinal, a história é
feita diariamente por cada um de nós",
conclui.
CIEP
394 - Escola Cândido Augusto Ribeiro Neto
Tel.: (21) 2695-1662
End.: Estrada da Palhada, 3.655 - Nova Iguaçu/RJ.
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