Georgette Vidor(*)

É um imenso prazer escrever para vocês. Como muitos sabem, sou Deputada Estadual pelo PPS e presidente da Comissão Permanente de Defesa da Pessoa Portadora de Deficiência. A Alerj é a primeira Assembléia Legislativa do Brasil a criar uma comissão como esta. E o tema que gostaria de levar hoje para vocês é “Educação Inclusiva para Pessoas Portadoras de Deficiência”.

No mês passado, no programa “PPD em Debate”, transmitido pela TV Alerj (canal 12 da Net) e coordenado pela Comissão Permanente de Defesa da Pessoa Portadora de Deficiência, tive a oportunidade de entrevistar a arquiteta e diretora da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Stella de Orleans e Bragança, que é casada com o tataraneto de Dom Pedro II, o príncipe e fotógrafo Dom João de Orleans e Bragança. O casal tem dois filhos: João Phillipe, de 17 anos, e Maria Christina, de 14, a Killy que nasceu com a Síndrome de Down. Eles formam a única família real do mundo a ter um integrante com a Síndrome de Down.

Durante a entrevista, o que mais me chamou a atenção foi a luta constante durante a vida de Stella para incluir Killy em escolas não especializadas. O conceito de como deve ser realizada a verdadeira Educação nas escolas brasileiras ainda está longe de um grande ideal.

De acordo com os depoimentos de Stella, é fácil perceber que é antinatural estar numa escola em que todos têm Síndrome de Down. Se 10% da população têm uma deficiência, uma diferença, é um equívoco concentrar os 10% num local ou estar numa instituição em que estão os 90%. O requisitado sobrenome Orleans e Bragança não impediu que Killy fosse rejeitada em várias escolas por ter nascido com a Síndrome de Down, apesar de a legislação brasileira considerar crime a recusa de uma vaga em escola, trabalho ou hospital por conta de uma deficiência. Os pais da princesa adolescente tiveram que importar, dos Estados Unidos, toda a literatura sobre a inclusão de pessoas portadoras de deficiências nos colégios regulares. E valeu a luta: Killy estuda em uma escola regular e já faz a diferença.

Com o mesmo objetivo que eu, primeiramente como cidadã, Stella comprova o lema de que a “sociedade inclusiva” não é uma luta da minoria para a maioria, e sim uma batalha de todos, pois minoria e maioria deveriam estar de mãos dadas lutando por essa causa. A diretora da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down também comentou que, desde o nascimento de sua filha, ela nunca quis que Killy tivesse uma vida à parte. A Killy, como muitos outros portadores de deficiência, já modificou e modificará muita gente. Sem dúvida alguma, ela é um elemento de extrema importância na sociedade, pois, sua própria luta e a de sua família já contribuíram de alguma forma para que a Educação Nacional seja vista e organizada de uma outra forma, ou seja, com menos preconceito e com mais igualdade.

A Educação Inclusiva é atualmente um dos maiores desafios do sistema educacional. Ela implica processo contínuo de melhoria da escola, com o fim de utilizar todos os recursos disponíveis, especialmente os recursos humanos, para promover a participação e a aprendizagem de todos os alunos, de uma sociedade. Educação Inclusiva significa que os alunos com deficiência estão sendo ensinados no mesmo contexto curricular com os demais colegas de sala de aula.

É válido ressaltar que todo ser humano é formado por algum tipo de deficiência. E que estudantes com ausência de audição, visão, com Síndrome de Down, entre outros tipos de deficiência, não devem permanecer longe das escolas, pois a cidadania inicia nelas. É dentro da sala de aula, com os colegas de turma, que começa a troca de experiências e onde crianças e jovens dão o pontapé inicial para viver e conviver com o outro, seja ele diferente ou não. Grande abraço e até breve!

(*) Geogertte Vidor é Deputada Estadual pelo PPS e Presidente da Comissão Permanente de Defesa da Pessoa Portadora de Deficiência