Jan Amos Komenský, mais conhecido como Comenius, nasceu em 28 de março de 1592, em Nivnitz, atual República Tcheca. Criador da Didática Magna e um dos reformadores sociais mais significativos do século XVII, Comenius revolucionou a maneira de pensar da época, defendendo o “ensino para todos”.

Colocando a didática em dimensões muito maiores que as de sua época, o filósofo pode ser considerado o precursor da Pedagogia Moderna.

Podemos destacar três idéias que fundamentam a didática de Comenius: naturalidade, intuição e auto-atividade, que geralmente compreendem os seguintes itens:

1) autópsia (intuição); 2) autopaxia (exercitar o que se aprendeu); 3) autocresia (aplicação do que foi aprendido).

Para a autopaxia e a autocresia, Comenius sugeria que os professores realizassem as dramatizações, pois estas despertavam a espontaneidade e a sociabilização entre os educandos, sem deixar de lado a importância de exercitar, em primeiro lugar, os sentidos; depois, a memória e a imaginação; em seguida, a razão; finalizando com o juízo e a vontade do educando.

Segundo Comenius, o corpo do sujeito se desenvolve até os 24 anos e esse crescimento não poderia ficar separado da formação escolar. Sendo assim, a estrutura escolar era dividida em quarto escolas:

  • Escola Materna (de 1 a 6 anos): Nessa fase, a criança já começava a adquirir, de forma bem sutil, um certo conhecimento sobre algumas áreas como: ciências físicas, princípios da óptica, astronomia, geografia, cronologia, história, aritmética, estatística, trabalho mecânico, gramática, poesia, moral (ética) e religião. Esses conhecimentos, no entanto, eram transmitidos de maneira tênue. Na área de cronologia, por exemplo, o educando começava a entender o que é hora, dia, semana, mês e ano; o que significa ontem, anteontem, amanhã; a diferença entre verão, inverno, entre outras coisas. Na área de aritmética, o aluno era capaz de entender o que é muito e pouco; conhecer os números, entender por que cinco é mais que três e assim por diante.
  • Escola Vernácula (de 6 a 12 anos): Nessa etapa, trabalhava-se muito a imaginação e a memória. Poderíamos dizer que era a escola da língua materna, na qual o ensino envolvia escrita, leitura, geometria, aritmética, religião, história, canto, geografia, cosmografia, moral (ética), artes mecânicas, formação profissional artesã, entre outras áreas. Os alunos eram divididos em seis classes durante seis anos. Cada classe possuía seus livros didáticos próprios e, a cada classe pela qual o aluno passava, ele recebia um livro mais aprofundado sobre os assuntos contidos nos livros anteriores.
  • Escola Latina (de 12 a 18 anos): Era apropriada para quem desejava ir além dos ensinamentos artesanais. Nela, o aluno deveria adquirir o conhecimento de quatro línguas e o currículo era dividido em seis classes: I) Gramática, II) Física, III) Matemática, IV) Ética, V) Dialética, VI) Retórica. No livro Didática Magna, Comenius espera que os leitores não façam objeções ao fato de a Gramática aparecer em primeiro lugar, nem ao fato de a Dialética e a Retórica estarem pospostas às ciências naturais. Afinal, ele explica que “é melhor ensinar as coisas antes do modo de ser das coisas, ou seja, a matéria antes da forma, e que o único método verdadeiro para fazer progressos rápidos e seguros é conhecer bem as coisas antes de emitir juízos fundamentados sobre elas e de expô-las com linguagem apurada”. Na obra, o autor ainda enfatiza sua tese com o seguinte trecho: “Poderás conhecer muito bem os procedimentos da lógica e da eloqüência, mas o que examinarás e a quem persuadirás, se não conheces as coisas de que tratas? Assim como é impossível que uma mulher não grávida de à luz, também é impossível falar racionalmente de coisas que não sejam antes conhecidas”.
  • Academia (de 18 a 24 anos): Neste estágio, eram recomendados trabalhos práticos de seminário, viagens, além da leitura de vários autores. Para a academia, Comenius expressava três desejos:

I) Que houvesse total universalização de saberes tanto no campo das letras como no do conhecimento humano;

II) Que os métodos empregados tivessem como base instruções sólidas, mas, sem criar dificuldades para seus ouvintes;

III) Que os cargos públicos fossem preenchidos por pessoas que tivessem cumprido todas as etapas preestabelecidas, tanto no campo do conhecimento como no campo das relações interpessoais.

Segundo Comenius, a escola deve ser um espaço em que se ensine tudo a todos, de forma clara e direta, mostrando a verdadeira natureza das coisas, sua aplicação prática, dando, assim, a devida importância às diferenças que existem entre as coisas sem deixar que um determinado assunto seja passado sem total compreensão.

Ensinar é uma arte, pois o maior objetivo é formar o homem e quem faz esse link é o professor que transmite os conteúdos para os alunos, sempre dentro de uma realidade significativa para eles.

Bibliografia Utilizada: COMENIUS, Jan Amos. Didática Magna. 2.ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
LARROYO, Francisco. História Geral da Pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1976.