Alunos participam de atividades interativas que ajudam a entender a importância do DNA

Por Fábio Lacerda

Passe a língua no lado interno da bochecha e jogue a saliva dentro de um copo com 5ml de água. Em seguida, acrescente uma pitada de sal e aproximadamente 5ml de álcool. Após a mistura, coloque o material em um tubo de ensaio, e durante cinco minutos, aqueça-o a uma temperatura que varie entre 46ºC e 50ºC. Após o aquecimento, coloque o material dentro de um isopor com bastante gelo até que atinja a temperatura de 0ºC. O resultado será algo esbranquiçado, de aspecto esponjoso e visível por alguns minutos. Esse ser estranho é o material genético oriundo da saliva. Parece fórmula mágica de histórias em quadrinhos, mas não é! Essa foi uma das atividades interativas presentes na exposição DNA 50 – Descobrindo os Segredos da Vida, realizada na Casa da Ciência da UFRJ, em Botafogo.

Para estimular o interesse do público sobre o tema e provocar discussões sobre as recentes descobertas da genética e suas possibilidades futuras, em todos os ambientes do evento havia atividades paralelas e interativas. A mostra começou com um vídeo relatando toda a trajetória da descoberta do DNA, desde o século 19, através dos estudos genéticos iniciados em 1865, com o pai da genética, Gregor Mendel, propondo a Lei da Hereditariedade, cujas primeiras experiências aconteceram na cidade de Brno, na República Tcheca.

Através de uma obra artística, em formato de maquete, acompanhada de um painel explicativo com os elementos primordiais da célula para os estudos de DNA, como núcleo, gene e cromossomo, os alunos aprenderam, por exemplo, como o ser humano adquire características físicas como a cor do cabelo e dos olhos, altura, formato do nariz e outras qualidades hereditárias. Depois de ficarem sabendo que os pais passam suas características para os filhos pelos cromossomos, os estudantes analisaram as diferenças entre os cromossomos dos vegetais e dos animais através de um microscópio colocado à disposição dos visitantes.

Outra experiência que deixou os alunos com “água na boca” foi a montagem de uma molécula de DNA feita com jujubas. A guloseima era separada através de quatro cores, uma para cada nucleotídeo (Adenina, Guanina, Citosina e Timina). Dessa forma, além de construírem a dupla hélice – que lembra o formato de uma escada em caracol –, eles compreenderam, na prática, a estrutura básica do código secreto que existe nas nossas células.

Dentro das atividades paralelas, os visitantes e professores tiveram um espaço denominado oficina DNArte, cujo objetivo era fazer com que o público retratasse, no papel, parte de tudo que estava sendo apresentado sobre o tema. Os professores também participaram ativamente da Mostra durante a apresentação do Wokshop Teatro e Genética, do ciclo de palestras sobre clonagem e alimentos transgênicos e do curso para professores intitulado Explorando o DNA na Escola, cuja idéia principal era descrever e discutir métodos de baixo custo para desenvolver práticas de genética e biologia molecular, utilizando material disponível em supermercados ou farmácias, que pudessem ser adaptáveis a qualquer laboratório ou sala de aula.

Por último, em um minimercado cenográfico, os alunos tinham como desafio fazer compras sem selecionar alimentos transgênicos. Essa atividade permitiu uma reflexão sobre o que é o DNA e o que significa ser geneticamente modificado, uma vez que, no decorrer da exposição, os instrutores davam explicações sobre os alimentos transgênicos e orientavam os consumidores a pesquisar de maneira correta os alimentos para detectar se estes são modificados geneticamente ou não.

Segundo o instrutor José Jorge, todos os alimentos geneticamente modificados devem possuir, na sua embalagem, um símbolo no formato triangular com a letra T em preto inserida na figura geométrica. Estudos científicos analisam se os alimentos transgênicos são maléficos ou benéficos, tendo em vista que as aplicações de agrotóxico têm sido reduzidas. “Para saber se há benefício no consumo de alimentos modificados geneticamente, o ser humano precisa comer determinado alimento por aproximadamente 20 anos”, diz José Jorge.

Instituição de Ensino: Parceria na Exposição

A professora Kátia Kalile, da Escola Estadual Heitor Lira, localizada na Penha, esteve quatro vezes na exposição levando quatro turmas de segundo ano de magistério.“A participação da escola foi muito positiva. A curiosidade aguçada fez com que os alunos repetissem as experiências vistas na Casa da Ciência em suas próprias casas. Outro fator positivo foi o fato de promover a aprendizagem em outro ambiente que não fosse a sala de aula”, explica a professora. Segundo a diretora executiva da Casa da Ciência, em dois meses, aproximadamente 70 instituições de ensino visitaram a Exposição.

Realização do Exame de DNA

Não há nenhuma restrição para a realização do exame de DNA, sendo possível ser feito em bebês recém-nascidos (volume sangüíneo menor que 2ml) e em mulheres grávidas, que retiram o líquido aminiótico, localizado na placenta. Através de exames sangüíneos, os diagnósticos apontarão questões de paternidade e de doenças predispostas. A coleta de sangue é o meio mais eficaz para se traçar prognósticos. Segundo cientistas de países participantes no Projeto Genoma, fios de cabelo (tecidos desvitalizados) e salivas são outros meios que estão sendo desenvolvidos como material de análise.

Colaboração: Antônia Lúcia

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