Edição 38 - Xeque-Mate O Xadrez nas Escolas

Feira do Livro mobiliza
crianças e as integra no mundo das artes e da leitura
Por
Simone Garrafiel
Criar
uma comunidade leitora, unindo a arte ao prazer da
leitura. Este foi o objetivo principal dos professores
do Colégio Notre Dame, localizado no Recreio dos Bandeirantes,
ao organizarem a segunda edição da Feira do Livro,
evento que fará parte do calendário de atividades
permanentes da escola. A idéia não visa ao lado comercial,
de venda de livros, mas, sim, objetiva mostrar a importância
da confecção do livro, da leitura e do envolvimento
da criança com o universo dos livros.
"Queremos que nossos alunos criem o hábito de leitura,
que tenham prazer de ler e se fascinem com os livros,
com a poesia e com a história lida e contada. Este
ano, unimos a leitura e a arte, pois não se lê o mundo
sem arte. Leitura é cultura. É uma grande sala de
aula, onde discutimos, investigamos e conversamos,
aguçando o pensamento e as idéias da criança", afirmou
Elena Bini, diretora da escola.
O
resultado de tanto empenho foi muito bom. Durante
dois dias, os alunos e seus familiares puderam curtir
sessões de contação de história, saraus musical e
literário, palestras, esquetes teatrais e, claro,
também tiveram contato com o mundo da leitura, através
dos estandes de livros montados no pátio da escola.
Outro atrativo da feira foi a exposição dos trabalhos
desenvolvidos pelos alunos da Educação Infantil e
do primeiro segmento do Ensino Fundamental.
Uma das principais programações da Feira foi o I Café
Filosófico, que contou com a participação do filósofo
argentino, professor Walter Kohan, do Centro de Educação
e Humanidade da UERJ, e dos alunos da 3ª, 4ª e 5ª
séries, acompanhados de seus pais. O objetivo foi
incentivar o pensar crítico, criativo e responsável,
em um momento de reflexão coletiva. Com o tema: "Ética
e Cidadania", vários questionamentos foram colocados
em discussão, todos envolvendo conceitos de justiça
e a diferença entre ser justo e parecer justo. "A
participação foi fantástica. Pais, alunos e o Walter
interagiram durante todo o evento, discutindo e repensando
questões pertinentes à nossa realidade", disse Soraya
Bittar, coordenadora da Educação Infantil.
A
presença de Maurício de Veneza, autor do livro O Barquinho
Vai, dentre outras obras, também foi um ponto alto
do evento. As crianças cercaram o escritor, que contou
a história de como começou a escrever para crianças
e explicou os processos de produção de um livro, da
idéia à impressão, passando pelas ilustrações. A participação
das crianças foi efetiva, interagindo com o autor
e fazendo-lhe dezenas de perguntas. Para alegria da
garotada, Maurício terminou sua palestra fazendo ilustrações,
as quais foram sugeridas em clima de euforia e descontração.
Antes de Tudo
Ao longo dos três meses que antecederam a Feira, os
alunos desenvolveram uma série de atividades, que
os instigaram a ler, a pesquisar e, principalmente,
a soltar a criatividade. "As crianças não só tiveram
contato com os livros, como também produziram seus
próprios livros. Para eles, foi uma experiência enriquecedora.
Cada sala desenvolveu um projeto, baseado em um livro,
que foi o eixo norteador de todas as atividades subseqüentes.
O resultado foi exposto durante a Feira", disse Soraya.
Tudo
começou com a apresentação dos livros para as crianças,
de uma maneira bastante lúdica. Para a Educação Infantil,
por exemplo, foi apresentada uma cena viva da capa
do livro sobre Portinari, o 'Portinholas', para que
as crianças entrassem no mundo da imaginação, já que
ainda não sabem ler. Sendo assim, a professora Valéria
foi contando a história e desenvolvendo uma série
de atividades.
"Nossa pesquisa começou pelas brincadeiras. Perguntei
às crianças quais eram as brincadeiras favoritas delas
e de seus pais. Ao final, cheguei à história de Portinari,
montando um túnel de pinturas e contando a história
de cada cena retratada. A partir daí, elas começaram
a reunir informações sobre o pintor e a montar a história
dele. Fizeram trabalhos de reprodução das telas e
criaram desenhos das brincadeiras de seus pais", explicou
Valéria.
Os
alunos do maternal trabalharam o livro "Peixinho Dourado
Vai Passear". Após ouvirem a história, fizeram um
passeio a uma aldeia de pescadores e aprenderam a
pescar. Na escola, criaram seu próprio aquário, utilizando
isopor, aquarela e muita criatividade. Já as crianças
da Educação Infantil III, após ouvirem a história
do "Bichionário", criaram uma Arca de Noé, onde cada
cena do livro se transformou em um bicho feito em
sucata. A turma da Alfabetização brincou de parodiar,
escrevendo e ilustrando o livro "O Rato", o qual se
referia à obra "O Pato", de Vinícius de Moraes.
A informática também auxiliou o processo de criação
dos alunos. Após produzirem um texto sobre a vida
de Portinari e reproduzirem algumas de suas telas,
os alunos da 3.ª série montaram um livro virtual,
em Power Point. O software foi apresentado aos alunos,
que tiveram, neste trabalho, uma conquista tripla:
produzi-lo, montá-lo e apresentá-lo nos dias da Feira.
A
2.ª série, sob coordenação de Beatriz Gameiro, participou
de uma ciranda de livros. Foram selecionados alguns
livros de Ana Maria Machado, os quais foram lidos
por todas as crianças, em um revezamento literário.
Em média, cada um leu cinco livros. A 5.ª série também
realizou sua ciranda, com livros de crônicas. "Depois
de lerem os livros, os alunos tiveram que recontar
as histórias, através de teatros, cartazes ou dramatizações",
explicou Beatriz.
O projeto da Feira do Livro, sem dúvida, alcançou
e superou os objetivos traçados. "A resposta dos alunos
ao projeto foi excelente. Apresentamos o trabalho
com muita ludicidade e desenvolvemos as atividades
de maneira bastante motivadora, unindo a brincadeira
e o aprendizado. Ao final, eles sentem que a Feira
é deles, pois, além de participar das atividades antecedentes,
também ajudam na organização da exposição", concluiu
Soraya.
Colégio Notre Dame
Tel.: (21) 2490-9250
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