Edição 38 - Xeque-Mate O Xadrez nas Escolas


Seminário debate a busca da Excelência a partir de parcerias e qualificação

Por Cláudia Sanches

O modelo de gestão moderno e eficaz deve ser baseado em resultados. Essa foi a principal conclusão do Seminário de Ciência e Tecnologia que abordou o tema O Desafio da Excelência na Gestão Pública, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica. O evento, promovido pela reitoria e pelas empresas do projeto Quali-Oeste, comemorou o Dia Internacional da Qualidade e teve como proposta debater a busca da excelência não só na ciência, mas em toda a sociedade.

No primeiro tempo, o encontro contou com a presença de Paulo Daniel Barreto Lima, Diretor do Programa de Qualidade no Serviço Público, e três mesas redondas com os subtemas: Excelência nos Institutos de Pesquisa; Educação: compromisso com a qualidade; e O modelo de Gestão de Empresas Juniores. Fizeram parte da mesa representantes das empresas dos programas Quali-Rio e Quali-Oeste, que são parceiras da universidade na busca da Excelência dos bens e serviços, e outros especialistas no assunto.

O diretor da Quali-Rio, Marcos Abreu, ressaltou a importância do programa através dos Quali-regionais, como o da Universidade Rural, que funciona muito bem: "É responsabilidade social garantir uma boa formação e melhoria de produtos e serviços. Esse trabalho deve começar no meio acadêmico. Todas as instituições aqui presentes são premiadas pelo Programa da Qualidade do Serviço Público (PQSP)", lembrou o diretor.

Segundo o Reitor José Antônio de Souza Veiga, o seminário é a culminância de um trabalho já desenvolvido em parceria com outras escolas e empresas, que integra outras instituições e compartilha conhecimentos. "Precisamos garantir a qualidade dos bens e serviços, mas essa semente deve ser plantada na educação. Se não fizermos direito, teremos que fazer de novo", afirmou o Reitor.

Gestão Pública por Resultados

O servidor público e administrador Paulo Daniel Barreto inaugurou o ciclo de palestras afirmando que a busca da qualidade é uma mudança de cultura que deve ser alicerçada na educação, a médio ou longo prazo. Para ele, o maior desafio na excelência da gestão pública é fazer organizações de qualidade para a população. "As repartições têm tradição em planejamento, mas devemos planejar pensando nas metas e resultados. Para transformar precisamos gerenciar pensando nos objetivos. As normas e regras devem ser colocadas a serviço da efetividade, são apenas instrumentos da gestão. Mais importante é onde eu quero e como eu vou chegar. Uma má gestão pode pôr fim no esforço de profissionais competentes em uma organização", disse.

Mudança de Cultura

Nas discussões sobre a excelência nos institutos de pesquisa participaram Fernando Ary Filho, representante do CENPES, Ana Beatriz Moraes, responsável pela Qualidade da Fiocruz e o presidente do Inmetro, Armando Mariante. De acordo com Ana Beatriz Moraes, os modelos de gerência do CENPES e da Fiocruz são baseados nos Parâmetros Nacionais de Qualidade. "No país, o trabalho na área de laboratório está apenas começando, mas não tem fim porque sempre se tem capacidade de melhorias", lembrou Ana. Para ela, a entidade tem três objetivos: pesquisa e tecnologia, produção de insumos de saúde e boas práticas de laboratório.

Armando Mariante, do Inmetro, falou da função do órgão, que é o de avaliação da qualidade e de regulamentos técnicos. "Nosso trabalho, que é de metragem, é essencialmente garantir a qualidade à sociedade. Temos que prestar um serviço de alta excelência e, por isso, precisamos de muita pesquisa científica para nos mantermos altamente qualificados. A instituição faz bastante esforço para estar na fronteira do conhecimento. É o controle do Estado para defender a população".


Profissionais da educação também estiveram presentes no segundo ciclo de debates, como a diretora da Escola Estadual Hervalina Diniz, a pedagoga Ana Maria Penido e o psicólogo Ubirajara Cabral Júnior, gerente de qualidade da Escola Estadual Favo de Mel, para crianças especiais. Esses educadores provaram que, apesar das dificuldades, é possível transformar através de uma administração inteligente.

Quando começou na escola em 1995, no município de Duque de Caxias, Ana Maria contou que recebeu a missão de implantar programa de gestão participativa, com a prioridade de oferecer um ensino gratuito de qualidade. "Foi difícil convencer o corpo docente de que as crianças de uma escola gratuita eram clientes", relatou. Mas com a ajuda de especialistas que traduziram a linguagem administrativa, os educadores transformaram a escola, que hoje também é um pólo de cultura para a região. "Gestão para a qualidade é pensar no produto final", relatou a pedagoga, que, em 2002, recebeu, pela instituição de ensino, o Diploma de Prata do Governo do Estado, pela excelência em administração. A Escola Estadual Favo de Mel é outra beneficiada pela implantação do programa de qualidade. Hoje é exemplo em gestão participativa escolar e em educação de crianças especiais. "Vale a pena investir em um trabalho de qualidade", conclui Ubirajara, que recebeu o ISO 9001 em 2002 e o Prêmio Gestão Escola, referência nacional em educação no mesmo ano.

Para falar sobre o modelo de gestão de empresas juniores e mostrar que a capacitação começa na escola, estiveram presentes a presidente da Empresa Jr. Puc-Rio, Carolina Portella; o presidente da Cefet-Jr., Lucas Zacharias; e a diretora da Ibemec Jr., Amanda Pinheiro. Segundo os representantes dessas organizações, a tendência do trabalho das empresas juniores é ter o cliente como parâmetro, e não a aprendizagem do aluno. "Ouvir o outro - no caso, a clientela - é fundamental em um processo de qualidade", explicou Carolina. Segundo os debatedores, o objetivo do movimento júnior, que presta serviços como outra empresa qualquer, é formar profissionais empreendedores e jovens lideranças. Lucas Zacharias, da Cefet Jr., falou sobre o modelo de gestão da empresa que inclui a política da qualidade. Segundo essa filosofia, todos os funcionários devem reconhecer que a tarefa de cada profissional, desde a limpeza à recepção, influencia o produto final da empresa. "Todos os membros da organização devem trabalhar a partir desse conceito que leva à satisfação da clientela".

A Administradora de Empresas Sheila Guimarães, uma das organizadoras do seminário, explica que o debate é uma iniciativa que pretende conscientizar as pessoas da necessidade de mudar a cultura do mau atendimento e da má prestação de serviço no país. "Exemplos de instituições sérias e funcionais como a Fiocruz, o Inmetro e as escolas aqui presentes mostram que é possível mudar a mentalidade de que o serviço gratuito é um favor que se presta à população. Por isso, todas as instituições convidadas foram premiadas pelo Governo Federal ou Estadual", finalizou Sheila.

Sheila Guimarães
Tel.: (21) 2682-2915