Educação: Um Compromisso de Todos

O coordenador do Centro de Políticas Sociais do Ibre/FGV, Marcelo Côrtes Neri, em recente palestra proferida no Encontro Latino Americano da Sociedade de Econometria, apontou a Educação como o caminho que pode levar a juventude do pesadelo da desesperança ao sonho da oportunidade. “Ou buscamos vontade política, com ampla mobilização e pressão da sociedade ou teremos graves crises sociais”, arrematou Marcelo.

Todos nós sabemos que a questão da Educação no Brasil não será resolvida por decreto. Essa não é tarefa para um único governo. Houve avanços, é verdade, mas ainda há muito para se fazer. Nada em nosso país é mais urgente do que desatar o nó da Educação. A solução de todos os males da nossa sociedade, inclusive a violência, passa necessariamente pela reconstrução do investimento social, começando pelo restabelecimento das relações de confiança das crianças e adolescentes das comunidades em geral, num processo socioeducativo que cultive a convivência saudável entre as pessoas.

A realização desse processo só é possível a partir da sensibilização e instrumentalização de assistentes técnicos, pedagógicos, diretores, professores, funcionários, pais e alunos, para que as escolas se transformem no principal meio apaziguador da relações sociais. Todos devem estar engajados nessa cruzada: indivíduo, família, sociedade e governo. Esse é um compromisso de todos.

Há que se fazer um trabalho de estímulo à participação, uso adequado e organizado do espaço e equipamentos escolares, identificando lideranças espontâneas e, a partir daí, desenvolver ações culturais e desportivas que promovam a valorização e o crescimento das comunidades dentro e fora das escolas. Nesse processo, é fundamental a realização de parcerias com os meios de comunicação locais para divulgar as ações dos grupos e projetos, Conselhos Tutelares, Igrejas, ONGs, Pastorais da Juventude, enfim, todos os segmentos da sociedade que estejam dispostos a entrar nessa batalha. Repito que essa é uma tarefa de todos.

Se tivesse que enumerar as ações mais urgentes para implementar um projeto dessa magnitude, eu o dividiria em três tópicos: o primeiro, em ordem de importância, seria desenvolver junto à comunidade escolar uma estratégia de ação que promova a socialização e a convivência, por meio de atividades esportivas, culturais e de lazer; em seguida tentaria conscientizar a comunidade escolar a ocupar melhor seus espaços de direito (cidadania); depois, sensibilizaria a comunidade escolar para a necessidade de ações anti-violência; e, por fim, promoveria a articulação com instituições governamentais e não governamentais que estejam diretamente ligadas à questão dos direitos da criança e do adolescente.

Sei que essa não é uma tarefa simples, mas, como disse Marcelo Côrtes, ou nos juntamos todos nessa jornada ou teremos o agravamento inevitável da violência em níveis inimagináveis.

(*)Roberto Dinamite é Deputado Estadual (PMDB-RJ) e Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).